Publicado em 9 de julho de 2019 às 22:38
A empresa responsável pelo tratamento de esgoto de fossas sépticas da cidade de Linhares, no Norte do Estado, teve a licença ambiental suspensa por despejar os dejetos sem tratamento, diretamente no Rio Doce. A decisão é do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo (TJES) e foi publicada nesta terça-feira (9), punindo a ET&S Tratamento Ambiental e Saneamento Ltda.>
De acordo com o parecer do juiz Thiago Albani Oliveira, da Vara de Linhares, há indícios concretos de que a empresa vem causando graves danos ambientais e, para evitar prejuízos irreparáveis, fez-se necessária a suspensão das atividades desta, sob multa diária de R$ 20 mil no patrimônio da empresa e dos sócios, administradores e gerentes.>
A decisão da Justiça é consequência de uma ação civil pública feita pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Procurador de Linhares, Paulo Henrique Trazzi explicou o pedido. Não é o caso de descontrole ou incidente, mas de lançamento ilegal de esgoto sanitário bruto no Rio Doce o que acarreta grande desequilíbrio no ecossistema e compromete a saúde pública, afirmou.>
OUTRAS IRREGULARIDADES>
>
Além do despejo de esgoto no Rio Doce, o MPES também aponta outros erros cometidos pela empresa, como a decomposição de resíduos sólidos por meio de equipamento danificado e com fins comerciais. Bem como o excesso de emissão de fumaça com odor químico característico, em decorrência da falta de manutenção da chaminé do decompositor.>
Haveria ainda a disposição inadequada de resíduos sólidos no solo em valas cobertas com camadas de terra, com a finalidade de camuflá-las; e o depósito de resíduos em tanques de concreto utilizados para armazenamento e mistura de resíduos industriais, o que não é autorizado pela licença ambiental de regularização da empresa.>
INVESTIGAÇÕES E FISCALIZAÇÕES>
A decisão da Justiça foi o desfecho de uma operação de fiscalização feita, nesta terça-feira (9), pelo MPES e pelo Ministério Público Federal (MPF/ES). Conforme o parecer dado, todas as provas colhidas poderão ser compartilhadas entre os órgãos. Nacionalmente, a ET&S Tratamento Ambiental e Saneamento Ltda também é alvo de uma investigação que está sob sigilo.>
De acordo com o MPES, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH) e a Polícia Militar Ambiental já tinham flagrado o lançamento de resíduos sem tratamento, compatíveis com os efluentes da empresa, no solo.>
Na decisão da Justiça, também consta uma fiscalização feita no dia 13 de julho de 2017, pelo Centro de Apoio Operacional da Defesa do Meio Ambiente (CAOA), na qual identificou-se que tal descarte decorria do vazamento de um duto da empresa. Bem como, apontou a existência de um by pass clandestino que permitia o desvio intencional para uma área de vegetação.>
OPERAÇÃO DESCARTE>
Depois de uma denúncia anônima acerca de irregularidades praticadas pela empresa ET&S Tratamento Ambiental e Saneamento Ltda, um inquérito civil foi instaurado em 2017. Em 21 de setembro daquele ano, a Polícia Federal deflagrou a Operação Descarte, que cumpriu mandados de busca a apreensão de documentos e computadores nas residências dos sócios da empresa.>
A operação também impediu a atividade de incineração da empresa e colheu amostras de efluentes que eram lançados no Rio Doce. Após análise laboratorial, constatou-se que estes lançamentos estavam fora dos padrões estipulados pela respectiva resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).>
O OUTRO LADO>
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços de Linhares informou que suspendeu a execução do contrato com a ET&S Tratamento Ambiental e Saneamento Ltda assim que tomou conhecimento da interdição. Bem como não tinha qualquer conhecimento de irregularidade e que ainda irá analisar as demais providências a serem tomadas.>
De acordo com o município, a empresa sempre apresentou o número da licença ambiental com a respectiva validade, que eram verificados pela administração municipal antes de liquidar o pagamento dos serviços. A empresa era responsável pelo tratamento e destinação final de dejetos de fossas sépticas da cidade desde 2015, sob um contrato mensal de aproximadamente R$ 30 mil.>
Por fim, a Secretaria informou que para participar de procedimentos licitatórios para a execução do serviço era necessário comprovar que a empresa estava habilitada para executá-los; e que as licenças de operação são emitidas pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente (Iema), órgão responsável pela fiscalização.>
O Gazeta Online tentou contato com a ET&S Tratamento Ambiental e Saneamento Ltda através de e-mail e telefone, disponibilizados no site oficial da empresa. Porém, em nenhum dos meios, obteve sucesso, até o momento de publicação desta reportagem.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta