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João Baptista Herkenhoff: extinção da Comissão Justiça e Paz é absurda

João Baptista Herkenhoff: extinção da Comissão Justiça e Paz é absurda

Jurista já foi presidente da entidade que foi extinta pelo arcebispo de Vitória na última sexta-feira (3)

Publicado em 5 de agosto de 2018 às 22:45

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João Baptista Herkenhoff. (Edson Chagas/Arquivo)

O jurista João Baptista Herkenhoff classificou como "absurda" a decisão da Arquidiocese de Vitória em extinguir a Comissão Justiça e Paz (CJP). Ele foi o primeiro presidente da comissão, há 40 anos, quando a entidade foi criada, peo arcebispo dom João Batista e o bispo auxiliar Luiz Gonzaga Fernandes.

Na última sexta-feiral (3), o atual arcebispo de Vitória, dom Luiz Mancilha extinguiu a comissão. A decisão aconteceu um dia depois de o presidente da CJP, Bruno Toledo, entregar sua carta de demissão ao arcebispo.

Para Herkenhoff a comissão é um patrimônio do estado do Espírito Santo e ele se disse indignado com a decisão e lembrou o trabalho desenvolvido pela entidade. "A comissão sempre protestou contra todo tipo de violência contra a pessoa humana. Protestou contra torturas, abusos contra preses, lutou contra tudo que é tipo de violência. A comissão tentava ser a voz de justiça do povo. Tentou ser uma voz que repercutia o apelo por justiça do povo capixaba", lembra.

O jurista também questionou o poder de dom Luiz em extinguir a comissão. "Acho que ninguém tem autoridade para extinguir a Comissão Justiça e Paz. Essa é uma decisão sem cabimento", afirma Herkenhoff que disse indignado com o possível fim da entidade.

Mas, de acordo com Bruno Toledo que era presidente da comissão até a última quinta-feira, quando começou a crise com a Igreja Católica afirmou que o bispo, há alguns anos, passou o controle da Comissão Justiça e Paz para a arquidiocese. "Tudo que temos de regimento é uma vinculação direta à igreja católica. Talvez, quando ela foi criada,  tivesse uma personalidade jurídica diferente. Mas, neste momento, ela é completamente vinculada à arquidiocese", garante.

Toledo também afirmou que, na última sexta-feira, a comissão foi dissolvida e encerrou todas as atividades.

A assessoria de comunicação da Arquidiocese de Vitória foi procurada mas, até a publicação desta matéria, não tínhamos recebido um retorno.

Crise

O arcebispo recebeu o senador Magno Malta na Cúria Metropolitana nesta quinta à tarde. (Divulgação)

O presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória (CJ), Bruno Toledo, entregou sua carta de demissão ao arcebispo dom Luiz Mancilha após se sentir contrariado ao saber que o prelado recebeu o senador Magno Malta (PR), que disse que foi levar ao líder católico o seu apoio na luta contra o aborto.

"A decisão pela renúncia se deu em função da profunda divergência em relação a posições tomadas pelo senhor arcebispo. Em respeito à autoridade que ele exerce no comando da Igreja, seria absolutamente incoerente permanecer à frente da Comissão, que tem a missão de assessorar o arcebispo quanto a temas sociais e políticos, discordando de posições tomadas por ele. Saio, todavia, com a consciência tranquila que dei o meu melhor e busquei sempre estar ao lado certo. O lado que Cristo estaria se aqui estivesse", disse Bruno Toledo ao Blog Victor Hugo, do jornalista Leonel Ximenes.

No dia seguinte, dom Luiz entregou uma carta aos membros da comissão explicando a decisão de encerrar as atividades da entidade: "Diante do fato criado, certamente do conhecimento dos senhores, de que o presidente da CJP pede demissão, não só acolho a demissão do senhor Bruno toledo, como também informo aos senhores que a partir desta data, obediente ao Santo Padre, declaro que a CJP na Arquidiocese de Vitória cessa suas funções e está extinta a partir desta data".

O argumento do arcebispo foi de que, no final de 2016, o Papa Francisco, através de Carta Apostólica, instituiu o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, dando-lhes funções e competências distribuída em outras áreas da igreja, como algumas pastorais e a própria CJP.

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"Era meu desejo, já há algum tempo, propor a mesma organização na Arquidiocese de vitória, mas queria fazê-lo de maneira suave respeitando a história desta Igreja Particular", diz o arcebispo em sua carta.

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