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Iphan: espada encontrada no fundo do Rio Cricaré não é do século XVI

Iphan: espada encontrada no fundo do Rio Cricaré não é do século XVI

Parecer técnico do Iphan constatou que o objeto não possui características de um exemplar do século XVI e, portanto, não se trata de um artefato arqueológico

Publicado em 25 de agosto de 2019 às 11:46

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Espada encontrada no fundo do Rio Cricaré, em Conceição da Barra. (Montagem | Gazeta Online)

A espada que foi encontrada em fevereiro deste ano no fundo do Rio Cricaré — também chamado de Rio São Mateus — no Norte do Espírito Santo, foi analisada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que constatou que o objeto não possui características de um exemplar do século XVI e, portanto, não se trata de um artefato arqueológico — possibilidade levantada por um historiador da região e por um perito paulista.

O órgão explica que após a conclusão do parecer técnico do Iphan, foi descartada a necessidade de recolhimento ou de depósito da espada em instituição habilitada para a guarda de material arqueológico, por se tratar o objeto de um exemplar do tipo "espada reta chinesa", artigo meramente decorativo e produzido em um período recente. O objeto foi devolvido ao banhista que encontrou.

O Iphan acrescentou, em nota enviada à reportagem do Gazeta Online, que não foram encontrados indícios suficientes para o registro como sítio arqueológico da localidade onde foi encontrada a referida espada, uma vez que não foram identificados vestígios e nem estruturas arqueológicas em campo.

RELEMBRE

A espada foi encontrada por um banhista no dia 17 de fevereiro, na parte do rio que fica na altura da localidade de Meleiras, em Conceição da Barra. Na época, o Gazeta Online conversou com o historiador Eliezer Nardoto, conhecido na região do município.

Ele explicou que um banhista relatou ter pisado em um objeto de ferro e, na intenção de retirá-lo do fundo do rio para ninguém se machucar, puxou o artefato com dificuldade e viu que era uma espada.

Em todo o tempo da espera pela análise do Iphan, Nardoto frisou que tudo era uma possibilidade. Um perito de São Paulo que tem uma fábrica de espadas foi até o local e disse que, pelas características, o objeto encontrado poderia ser do período Colonial, o que aumentou ainda mais a esperança e curiosidade do historiador e da população local.

Historiador Eliezer Nardoto. (Jornal Tribuna do Cricaré)

A BATALHA DO CRICARÉ

A possibilidade levantada, do artigo ter sido utilizada na Batalha do Cricaré, no século XVI, não se confirmou. A Batalha do Cricaré foi a primeira de uma série de batalhas entre portugueses e índios brasileiros da região da Capitania do Espírito Santo. O fato aconteceu na confluência dos rios São Mateus e Mariricu, nas proximidades do então povoado do Cricaré, atualmente município de São Mateus.

O combate foi travado no ano de 1558 e tinha por objetivo livrar Vasco Fernandes Coutinho, donatário da Capitania do Espírito Santo, e seus homens, do risco de ataque dos nativos. Na ocasião, muitas pessoas morreram, e historiadores buscam mais informações sobre a batalha.

Segundo o escritor Thales Guaracy, que lançou o livro "A Conquista do Brasil", em 2015, a Batalha do Cricaré pode ter sido o maior genocídio da história do país. No livro, Guaracy conta que na batalha morreu Fernão de Sá, filho do terceiro governador-geral do Brasil, Mem de Sá. E o escritor Maciel de Aguiar diz que a morte de Fernão – para ele ocorrida em 1558 – motivou um sentimento de vingança do pai.

De acordo com Maciel, Mem de Sá liderou uma esquadra e promoveu o primeiro genocídio de brasileiros, com cerca de 8 mil índios mortos, em São Mateus.

O que fazer ao encontrar um objeto aparentemente antigo?

O procedimento correto ao encontrar um objeto possivelmente arqueológico é realizar imediatamente contato com o Iphan ou com a instituição de guarda local e que esta possa entrar em contato com o instituto.

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Não deve ser realizada retirada de objetos ou escavação, pois isso compromete a integridade do sítio arqueológico, que é composto não só pelos artefatos, como também pelos extratos do solo e resíduos ambientais. Esses elementos contribuem para a datação relativa ou absoluta do sítio, entre outras informações relevantes para a pesquisa arqueológicas, como o tipo de ocupação que havia no local.

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