Todos os anos as bandas de congo são destaque do dia de Nossa Senhora da Penha, que em 2019 é comemorado hoje. Em Vila Velha, diversos grupos sobem o Convento ao som dos tambores, casacas, apitos, cuícas e buzinas, e em Cariacica, acontece a tradicional festa do Congo de Máscaras, em Roda Dágua, realizada desde o início do século XIX. Nos dois lugares entre as músicas mais cantadas está: Iaiá, você vai à Penha? Me leva, ô. Me leva, canção antiga em homenagem a santa, que foi passada de geração em geração e que faz parte da história do Espírito Santo.
Acredita-se que a música é cantada desde a época da escravidão no Brasil. Uma história recente, pois a Festa da Penha é realizada há 449 anos, e a abolição ocorreu há apenas 131 anos, em 1888. Não se sabe ao certo o ano de sua composição mas pesquisadores e mestres da cultura popular capixaba afirmam ter sido feita por negros escravizados do Espírito Santo devotos de Nossa Senhora da Penha, em apelo a seus senhores para irem ao Convento nos dias da festa.
A música é Iaiá, você vai à Penha, me leva ô, me leva que tenho uma promessa a pagar e é cantada por congueiros de todo o Espírito Santo. Iaiá é como as escrava ou escravo se referia a sua senhora. É um apelo: se vai à Penha, então me leva que eu tenho uma promessa para ir pagar. A interpretação é essa, explica o historiador e comentarista da rádio CBN Vitória, Fernando Achiamé.
O historiador José Elias Rosa dos Santos, relata que existem 60 grupos de Congo no Estado, a maioria em Vila Velha e Cariacica, e que por a música ser de domínio popular não é possível verificar sua autoria. Afirma ainda, que a canção marca o final dos festejos em homenagem à padroeira, cantada em Roda D'Água, em Cariacica e no Convento por todos os grupos de congo presentes.
É a música que encerra os festejos oficiais e é cantada por todos os mestres. Ela é de domínio popular e por isso não conseguimos saber quem fez. Mas a origem é o congo capixaba, disse.
O Carnaval de Congo de Máscaras de Roda D'Água é uma manifestação da cultura afro-brasileira e de influência indígena. É um evento antigo em homenagem à Padroeira do Espírito Santo, e acontece sempre na segunda-feira, dia de Nossa Senhora da Penha. No evento é evidenciado a figura folclórica de João Bananeira, que com rosto coberto pela máscara e corpo tapado com folhas secas de bananeira, se junta ao cortejo do congo. O mistério do personagem está em não divulgar quem está por trás da máscara, sendo revelado somente ao final da apresentação.
Ainda segundo Elias as bandas de congo sempre tiveram grande devoção a santos católicos, e por isso a maioria dos eventos são organizados nos dias dos santos, como o que acontece no dia de Nossa Senhora da Penha em Roda D'Água, em Cariacica.
As bandas de congo se reuniam nas festas dos santos. Elas sempre tiveram uma devoção forte aos santos católicos. Têm bandas que levam os nomes de São Benedito e São Sebastião, e em Roda D'Água a festa acontece no dia de Nossa Senhora da Penha. A devoção a santa por lá é muito forte, relata o pesquisador.
ACOMPANHE A LETRA
Iaiá, você vai à Penha?
"Iaiá, você vai à Penha?
Me leva ô, me leva...
Iaiá, você vai à Penha?
Me leva ô, me leva...
Eu vou tomar capricho
Meu bem, vou trabalhar
Eu tenho uma promessa a pagar
Essa promessa que eu tenho a pagar
É prá Santa Padroeira
Ela vai me ajudar..."
"Ô tindo-lelê,
ô tindo-lalá
deixa a caixa bater
deixa o congo rolar.
Menina que vai na frente
carrega sua bandeira
é pra santa milagrosa
é a nossa padroeira."
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