Publicado em 29 de abril de 2019 às 11:45
Todos os anos as bandas de congo são destaque do dia de Nossa Senhora da Penha, que em 2019 é comemorado hoje. Em Vila Velha, diversos grupos sobem o Convento ao som dos tambores, casacas, apitos, cuícas e buzinas, e em Cariacica, acontece a tradicional festa do Congo de Máscaras, em Roda Dágua, realizada desde o início do século XIX. Nos dois lugares entre as músicas mais cantadas está: Iaiá, você vai à Penha? Me leva, ô. Me leva, canção antiga em homenagem a santa, que foi passada de geração em geração e que faz parte da história do Espírito Santo.>
Acredita-se que a música é cantada desde a época da escravidão no Brasil. Uma história recente, pois a Festa da Penha é realizada há 449 anos, e a abolição ocorreu há apenas 131 anos, em 1888. Não se sabe ao certo o ano de sua composição mas pesquisadores e mestres da cultura popular capixaba afirmam ter sido feita por negros escravizados do Espírito Santo devotos de Nossa Senhora da Penha, em apelo a seus senhores para irem ao Convento nos dias da festa.>
A música é Iaiá, você vai à Penha, me leva ô, me leva que tenho uma promessa a pagar e é cantada por congueiros de todo o Espírito Santo. Iaiá é como as escrava ou escravo se referia a sua senhora. É um apelo: se vai à Penha, então me leva que eu tenho uma promessa para ir pagar. A interpretação é essa, explica o historiador e comentarista da rádio CBN Vitória, Fernando Achiamé.>
O historiador José Elias Rosa dos Santos, relata que existem 60 grupos de Congo no Estado, a maioria em Vila Velha e Cariacica, e que por a música ser de domínio popular não é possível verificar sua autoria. Afirma ainda, que a canção marca o final dos festejos em homenagem à padroeira, cantada em Roda D'Água, em Cariacica e no Convento por todos os grupos de congo presentes.>
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É a música que encerra os festejos oficiais e é cantada por todos os mestres. Ela é de domínio popular e por isso não conseguimos saber quem fez. Mas a origem é o congo capixaba, disse.>
O Carnaval de Congo de Máscaras de Roda D'Água é uma manifestação da cultura afro-brasileira e de influência indígena. É um evento antigo em homenagem à Padroeira do Espírito Santo, e acontece sempre na segunda-feira, dia de Nossa Senhora da Penha. No evento é evidenciado a figura folclórica de João Bananeira, que com rosto coberto pela máscara e corpo tapado com folhas secas de bananeira, se junta ao cortejo do congo. O mistério do personagem está em não divulgar quem está por trás da máscara, sendo revelado somente ao final da apresentação.>
Ainda segundo Elias as bandas de congo sempre tiveram grande devoção a santos católicos, e por isso a maioria dos eventos são organizados nos dias dos santos, como o que acontece no dia de Nossa Senhora da Penha em Roda D'Água, em Cariacica.>
As bandas de congo se reuniam nas festas dos santos. Elas sempre tiveram uma devoção forte aos santos católicos. Têm bandas que levam os nomes de São Benedito e São Sebastião, e em Roda D'Água a festa acontece no dia de Nossa Senhora da Penha. A devoção a santa por lá é muito forte, relata o pesquisador.>
ACOMPANHE A LETRA>
Iaiá, você vai à Penha? >
"Iaiá, você vai à Penha?>
Me leva ô, me leva...>
Iaiá, você vai à Penha?>
Me leva ô, me leva...>
>
Eu vou tomar capricho>
Meu bem, vou trabalhar>
Eu tenho uma promessa a pagar>
>
Essa promessa que eu tenho a pagar>
É prá Santa Padroeira>
Ela vai me ajudar...">
>
"Ô tindo-lelê,>
ô tindo-lalá>
deixa a caixa bater>
deixa o congo rolar.>
>
Menina que vai na frente>
carrega sua bandeira>
é pra santa milagrosa>
é a nossa padroeira.">
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