Vendo os recursos para custeio (manutenção) e investimento caírem ano após ano, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) tem recorrido a emendas parlamentares para manter o funcionamento da instituição. No entanto, segundo o reitor da Ufes, Reinaldo Centoducatte, elas foram bloqueadas pelo governo federal.
Tivemos a informação do bloqueio de recursos de emenda parlamentar. Estamos solicitando a liberação de mais limite e também conversaremos sobre a liberação das emendas dos parlamentares, disse o reitor para O Globo ao comentar o corte de verbas para universidades, anunciado ontem pelo Ministério da Educação.
A parcela de recursos vindo dessa fonte para a Ufes vinha crescendo, apesar de, proporcionalmente, não representar quantidade significativa comparada ao orçamento executado no ano. Em 2018, a Ufes gastou pouco mais de R$ 976 milhões no total, somando despesas com pessoal, custeio e investimentos.
No mesmo ano, a bancada de deputados federais e senadores capixaba concedeu R$ 77 milhões em emendas à Ufes. Segundo o Portal da Transparência do Governo Federal, do total do valor da emenda de 2018, quase R$ 2 milhões já foram pagos. O restante ainda consta como empenhado - o dinheiro está reservado, mas não foi repassado ao prestador do serviço para a instituição.
Esse recurso foi, inclusive, alvo de discórdia entre os reitores da Ufes e do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) no início deste ano. O Ifes acusava a Ufes de ter utilizado todo o dinheiro sozinha, e alegava que originalmente a verba deveria ter sido dividida entre as duas instituições.
Em 2017 a Ufes gastou R$ 906 milhões. Deles, R$ 1,3 milhão vieram das emendas parlamentares. 74,9% a mais que no ano anterior.
Como dependem de decisão política e de bons relacionamento com a bancada, a verba proveniente das emendas parlamentares que agora estaria bloqueada, segundo Centoducatte é incerta.
RAIO-X
Em julho do ano passado, A GAZETA fez um raio-X dos gastos da universidade mostrando que, enquanto os gastos com pagamento de pessoal aumentavam, o dinheiro gasto com custeio reduziu. Os cortes em custeio atingem, principalmente, os serviços terceirizados, como limpeza, manutenção e segurança.
Nesse cenário, as verbas de emendas parlamentares estavam sendo utilizadas para suprir essa queda, ao invés de servirem ao propósito original, que é o de financiar investimentos.
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