Publicado em 3 de agosto de 2018 às 02:29
O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) abriu uma sindicância para investigar o Instituto BWS. A instituição, junto com o Instituto Superior de Medicina (ISMD), é suspeita de concessão de diplomas com irregularidades. Ambos ofertam cursos de graduação e pós-graduação na área de Dermatalogia. Por isto o fato também está sendo apurado pelo Ministério da Educação (MEC).>
Um dos sócios da BWS é o médico Aloízio Farias de Souza, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina capixaba (CRM-ES), junto com os médicos paulistas Valcinir Bedin e Wilmar Jorge Accursio, conforme divulgado na edição de ontem de A GAZETA.>
Bedin teve um título de especialização em Dermatologia cancelado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Ele foi concedido por Aloízio, em 2011, quando ocupava o cargo de presidente do CRM-ES. O CFM, após análise da documentação, determinou o seu cancelamento com o argumento de que foi concedido de forma irregular.>
Por nota, o CFM informou ontem que a validação de registro de títulos segue resolução e que nos casos em que identificam problemas, o registro pode ser cancelado. Trabalho reconhecido pelo rigor, critério, isenção e impessoalidade, diz a nota.>
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Informa ainda que todas as acusações devem ser apuradas com critérios iguais, com a responsabilização devida em caso de comprovado desvio de conduta. E que ainda a partir da divulgação das relações entre Bedin e Aloízio, que serão solicitadas ao CRM-ES informações relativas ao caso.>
IRREGULARIDADES>
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As informações sobre os diplomas irregulares foram divulgadas em reportagem da Rádio CBN de São Paulo, que relata que eram fornecidos com horas infladas. Elas são maiores do que as efetivamente cursadas pelo alunos e a Polícia Federal investiga denúncia. As duas instituições negam os fatos.>
A reportagem, que contém áudios de pessoas supostamente interessadas no curso, revela que a BWS fornece um certificado de 3.980 horas, mesmo que tenha cursado apenas 510 horas, no caso do curso de estética. Se o aluno faz um curso seguido do outro, a gente consegue um certificado de mais horas, diz a atendente da BWS na gravação.>
Documentos e gravações fazem parte das denúncias que foram recebidas pelo CFM e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Ambos declararam, por intermédio de suas assessoria, terem remetido os documentos para a Polícia Federal, Ministério Público Federal e para o MEC.>
O MEC informou que as duas instituições já são alvo de investigações em decorrência de indícios de irregularidades na expedição de diplomas e que elas estão vinculadas a outras faculdades que também estão sendo investigadas.>
O Cremesp não informou detalhes sobre a investigação, alegando que ela está em andamento sob sigilo processual, garantido por lei. A Polícia Federal disse, por nota, que não comenta possíveis investigações em andamento.>
VICE DO CRM: "QUESTÃO DE INTERPRETAÇÃO">
O vice-presidente do CRM-ES, Aloízio Farias de Souza, destaca que o cancelamento do título de Valcinir Bedin, pelo CFM, foi por uma questão de interpretação. Na época (em que houve o pedido do título), avaliei que deveria concedê-lo, disse.>
Ele acrescenta não ser contra nenhuma investigação feita pelo CFM. Em cinco anos da minha gestão como presidente do Conselho este foi o único processo questionado, destacou.>
O advogado do Instituto BWS, Caio Martins Cabeleira, destaca que o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) não tem competência para investigar uma instituição de ensino . Não fomos intimados e me estranha esta investigação por não ter competência para avaliar pessoa jurídica que não é clínica, destaca.>
Relata ainda que a investigação feita pelo MEC não tem vinculação com a BWS, que comprou a unidade Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), unidade de São Paulo, conforme consta no site do MEC. Uma outra unidade da FAPSS, localizada em São Caetano, é que estaria enfrentando problemas. É de outra mantenedora, sem nenhum vínculo com a BWS, disse Caio.>
Ele rejeita ainda a denúncia de diplomas irregulares. Trata-se de pura fake news disseminada por concorrentes e adversários políticos (dentro do CRM), que buscam desmoralizar a instituição.>
AS DENÚNCIAS>
Diplomas>
Irregulares>
Estariam sendo oferecidos diplomas irregulares com horas infladas. Elas são maiores do que as efetivamente cursadas pelo alunos. As instituição são a BWS e o Instituto Superior de Medicina (ISMD). Ambas negam os fatos.>
Gravações>
Reportagem>
A reportagem da CBN de São Paulo teve acesso a documentos e gravações de supostos interessados nos curso com os atendentes, onde são relatados os fatos.>
Áudio BWS>
Falso interessado: Qual a carga horária que meu certificado vai ter?>
Atendente: 2.980. E qualquer curso que você escolher para terceiro ano você ganha um certificado total de 3.980 horas. Mesmo que esse certificado valha, no caso, 510 horas, que é o caso da estética, vamos supor, né? Se o aluno faz um curso seguido do outro, a gente consegue um certificado de mais horas, né.>
Denúncia>
Entrega>
Os documentos e as gravações foram recebidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), que remeteram o material para a Polícia Federal, Ministério Público Federal e para o MEC.>
Investigações>
Cremesp>
O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) informou que abriu uma sindicância para investigar a concessão irregular de diplomas.>
MEC>
Informou que há investigações em curso sobre irregularidades na concessão de diplomas pelas instituições.>
Polícia Federal>
Informou que não comenta possíveis investigações em andamento.>
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