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Crianças no chão em hospital infantil em Vila Velha

Crianças no chão em hospital infantil em Vila Velha

Faltam leitos para os pacientes, e atendimento é precário

Publicado em 8 de março de 2018 às 01:57

Pais e crianças doentes, tomando soro na veia, deitados no chão do pronto-socorro do Himaba. Situação revolta familiares Crédito: Sindisaúde/Divulgação

Mães e crianças deitadas no chão do pronto-socorro; crianças tomando soro deitadas ou sentadas em cadeiras de plástico. O que mais parece um pesadelo é, na verdade, a realidade enfrentada por famílias que buscam atendimento no Hospital Infantil de Vila Velha, o Himaba, localizado em Cristóvão Colombo.

A situação foi revelada através de fotos e vídeos feitos por familiares dentro do local na noite da última terça-feira e na manhã de ontem. Devido à superlotação na unidade, que é estadual mas hoje é dirigida pelo Instituto de Gestão e Humanização (IGH), faltam leitos para os pacientes e esta é a única forma encontrada pelas equipes para atender às crianças. Na recepção do local o problema se repete: sobram mães, pais e crianças à espera de atendimento.

Cobertos por um lençol e sentados em uma cadeira, Elizete Denícole e o sobrinho, de seis anos, passaram a noite quase em claro e sem nenhum conforto no hospital. O menino foi diagnosticado com uma infecção mas, segundo a tia contou à TV Gazeta, a qualidade do atendimento revoltou a família. “Eu chorei ontem a tarde toda ao ver ele me pedindo para pelo amor de Deus tirá-lo dali. Todo mundo da família estão extremamente chocado”, lamenta.

Ela faz um apelo: “Eu gostaria que o governador viesse ver isso, pois isso. Eu não vou reclamar com os médicos, com os enfermeiros, porque eles também eles vêm para cá e encontram um sistema falido. Quem tem que tomar conta disso aqui é o governo. É preciso que coloquem mais leitos”.

A filha do motorista Rafael Barcelos tem só um ano e cinco meses de idade mas já precisou enfrentar horas de espera no corredor do Himaba. Inconformado, o pai registrou as cenas de lotação no local durante a tarde de ontem. “Estamos abandonados. Aqui, se você não fala mais alto com alguém, não vai atrás de um medicamento para a sua filha, ela fica jogada no corredor.”

A discrepância entre o número de pacientes e a capacidade de acolhimento do hospital é tanta que chega ao ponto de faltarem até cadeiras para os acompanhantes. Conforme os relatos dos pais das crianças, nesses últimos dois dias o jeito foi ficar em pé ou sentar no chão.

A cozinheira Alessandra Barreto está com a filha internada. A adolescente de 13 anos passou por uma cirurgia de apendicite há três dias, mas continua no PS. “É muito triste, temos um sentimento de impotência. O que iria acontecer se minha filha morresse?”

De acordo com informações do G1, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde no Estado do Espírito Santo (SindSaúde), Geiza Pinheiro Quaresma, confirma a má situação do Himaba. “Temos funcionários do hospital que são do sindicato e relatam que se deparam com essa situação frequentemente. Não tem leito para todos e isso piorou de uns tempos para cá, depois que o IGH assumiu. É desumana a situação”, explicou ela.

COORDENADORA DIZ DESCONHECER SITUAÇÃO

A coordenadora do Hospital Infantil de Vila Velha, Desiree Seide, afirma desconhecer que crianças estejam sendo atendidas em cadeiras de plástico e no chão. Segundo ela, a procura pelo Himaba está sendo alta, pois muitas crianças vêm apresentando problemas respiratórios, como bronquiolites e asmas.

Questionada sobre as imagens feitas dentro do pronto-socorro, Desiree afirma que não teve acesso às fotos e que, ontem à tarde, ao deixar o hospital, a situação não era aquela. “Vou procurar saber o que aconteceu para informar melhor”, garantiu.

De todo modo, a coordenadora afirma que a situação de superlotação não é comum. “Nesse momento, o Himaba funciona 24 horas. As crianças entram e precisam ser examinas. Temos uma sala de observação, onde elas aguardam por exames, são medicadas e depois encaminhadas para a internação ou para ter alta. Nesse caso, eles devem estar esperando por um exame ou outra coisa, pois nós temos repousos para observação”, justificou.

Melhorias

De acordo com Desiree posicionamento do hospital é evitar que esse tipo de situação ocorra. “Procuramos a cada dia melhorar, contratar mais médicos, aumentar a quantidade de leitos”, explica ela, que acrescenta: “vamos trabalhar para agilizar os trabalhos, que hoje já é ágil”.

Ao contrário do que reclamam os pais, Desiree nega que faltem cadeiras para que as famílias acompanhem as crianças. “Elas sentam no chão, deitam porque ficam cansadas. Fazem isso por comodidade, mas a enfermagem avisa o tempo todo que isso não é permitido, até pela segurança do paciente.”

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