Publicado em 3 de setembro de 2019 às 23:01
A bolsa de R$ 400,00 paga a estudantes da graduação na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) pode parecer pouco, mas faz a diferença para muitos universitários que dela dependem para estar no campus. Pagamento de aluguel, transporte e até alimentação são assegurados pelo benefício. Contudo, sem a garantia de repasses do Ministério da Educação (MEC), a Ufes precisou suspender 1,1 mil bolsas. >
O benefício faz parte do Programa Integrado de Bolsas (PIB), mantido pela própria universidade com verba de custeio, justamente no segmento em que o MEC bloqueou recursos no início do ano. Mesmo com os ajustes de despesas já feitos pela Ufes, como redução do consumo de energia e de serviços como limpeza, tornou-se inviável o desembolso de R$ 500 mil mensais para a permanência do programa nas áreas de apoio ao ensino, iniciação científica, pesquisa e extensão.>
A suspensão da bolsa deixou o estudante Tharik Arnous Alves, 22 anos, bastante preocupado. Cursando o 7º período de Educação Física, ele atua como monitor no centro desportivo da Ufes e há um ano usava os R$ 400 para complementar a renda. "Eu perdi o benefício e a chance de conseguir outro. Sou de Guarapari e usava o dinheiro para ajudar no aluguel, transporte e também na alimentação. Não ter a bolsa faz muita diferença para mim", afirma. >
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Questionado sobre como deverá se manter sem a bolsa, Tharik diz que não faz ideia. "Ainda estou vendo como vou continuar a pagar as contas. Minha mãe ajuda, mas as coisas também não estão fáceis para ela", lamenta o universitário. >
Já de saída da universidade, Luana Bussolat, 24, revela que a bolsa também a ajudou a permanecer estudando, com compra de material, alimentação e despesas da casa. Prestes a colar grau em Serviço Social, Luana avalia que talvez não pudesse continuar no curso se o benefício tivesse sido suspenso antes, e acredita que será um impacto grande para quem não terminou a graduação.>
Luana Bussolat
Estudante de Artes Visuais, Isabela Vieira, 23, nem conseguiu comemorar a concessão do benefício que receberia, pela primeira vez, no final de setembro. A suspensão da bolsa chegou antes do pagamento. Ainda assim, ela pretende continuar com seu projeto de iniciação científica porque considera que é importante o campo de estudos a que se propôs: o trabalho de arte-educadores no ensino fundamental. Ou seja, vai se dedicar à pesquisa na área de educação, mas não será recompensada.>
O cancelamento das bolsas foi reconhecido pela Ufes como uma medida extrema, diante do fato de o orçamento de 2019 não estar sendo cumprido pelo governo federal, mas a administração central afirma que mantém as negociações com o MEC e espera poder reverter a medida.>
CAMPUS SEM LUZ E PAPEL HIGIÊNICO>
Os impactos dos anos seguidos de cortes no orçamento do Ministério da Educação também são sentidos por quem tem condições de se manter na universidade. No dia 16 de agosto, a reportagem do Gazeta Online foi ao campus de Goiabeiras da Ufes, em Vitória, e confirmou vários problemas que são constantemente relatados por estudantes e servidores.>
Pelo menos em dois prédios com salas de aula, os banheiros sequer tinham papel higiênico e sabonete, itens básicos para a higiene dos alunos.Corredores às escuras e sujeira espalhada pelo chão também foram registrados pela reportagem. >
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