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CNJ classifica como péssima situação do presídio do Quartel da PM

CNJ classifica como péssima situação do presídio do Quartel da PM

Relatório de novembro mostra que, apesar de não estar lotado, o local não está em condições adequadas

Publicado em 8 de janeiro de 2019 às 16:24

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Presídio do Quartel da PM apresenta condições péssimas, segundo inspeção do CNJ. (Ricardo Medeiros)

A prisão do deputado Luiz Durão, acusado de estuprar uma menina de 17 anos, chamou a atenção para a situação do Quartel da Polícia Militar, em Maruípe, Vitória, local para onde seria destinado o parlamentar após ter sua prisão preventiva decretada. No entanto, uma decisão da Justiça determinou que Durão permanecesse no Quartel do Corpo de Bombeiros, onde há uma sala de Estado Maior*, já que ele é advogado e, pela lei, não pode ficar em cela comum.

Apesar de ter celas disponíveis, com a ocupação atual inferior à lotação permitida, as condições do Quartel de Maruípe são classificadas como "péssimas" segundo o relatório mais recente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), publicado em novembro de 2018. O mesmo relatório revela que um aparelho de comunicação foi apreendidos entre os presos, e que o local não tem assistência material, educacional ou social aos detentos, além de não ter oficinas de trabalho ou local para visitas íntimas.

No último domingo (06), por nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) afirmou que a legislação determina que Durão deveria ficar isolado de outros internos, ou em área específica para quem responde por crimes do tipo, e que esse esse isolamento não era possível de garantir no Quartel de Comando-Geral da PM. Nesta terça, a Sesp informou que, em decorrência da prisão do deputado na sexta, não teve tempo hábil para preparar as instalações do presídio do Quartel de Comando-Geral e receber o deputado de acordo com a legislação.

"Uma decisão judicial determinou que o deputado retornasse ao QCG do Corpo de Bombeiros, onde está custodiado em uma sala de Estado Maior, visto que ele é advogado e, pela lei, não pode ficar em uma cela comum. Caso fosse necessário e determinado judicialmente, ele seria alocado no Quartel da PM, que seria preparado para receber o preso. A Sesp volta a negar a informação de que o presídio militar está sem vagas para presos e ressalta que uma decisão judicial foi cumprida", diz a nota. 

CAPACIDADE PARA 86 PRESOS

De acordo com o CNJ, o Quartel da PM tem capacidade para receber 86 presos, sendo 80 homens e seis mulheres. Segundo o relatório de novembro de 2018, estavam no local 47 detentos, sendo 22 presos provisórios, 19 em regime fechado e seis em regime semiaberto.

SUPERLOTAÇÃO EM OUTRAS UNIDADES PRISIONAIS

Os presídios do Espírito Santo estão superlotados, o que levou o governador Renato Casagrande a convocar para esta terça-feira (08), no Palácio Anchieta, uma reunião com o Tribunal de Justiça, Ministério Público Estadual, Defensorias Públicas do Estado e da União e as Secretarias de Justiça e Planejamento.

De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Estado tem hoje 22.323 presos, sendo a capacidade do sistema prisional para apenas 13.829 detentos, um déficit de 8.375 vagas.  São 9688 presos em regime fechado, 3778 em regime semiaberto e 8272 presos provisórios. O governador quer discutir formas de desafogar o sistema prisional capixaba.

Confira a situação dos presídios do ES:

Unidade x quantidade de vagas x presos atualmente

Centro de Detenção Provisória de Aracruz - 250 vagas / 392 presos

Penitenciária Regional de Barra de São Francisco - 100 vagas / 190 presos

Centro de Detenção Provisória de Guarapari - 580 vagas / 987 presos

Centro de Detenção Provisória de Marataízes - 228 vagas / 315 presos

Centro de Detenção Provisória de São Domingos do Norte - 228 vagas / 321 presos

Centro de Detenção Provisória da Serra - 548 vagas / 921 presos

Presídio Militar do Quartel do Comando Geral (Vitória) - 86 vagas / 47 presos

CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM

Associação de Proteção e Assistência aos Condenados - 1400 vagas / sem presos

Centro de Detenção Provisória - 224 vagas / 566 presos

Centro Prisional Feminino - 184 vagas / 212 presos

Penitenciária Regional de Cachoeiro de Itapemirim - 448 vagas / 996 presos

CARIACICA

Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico - 74 vagas / 68 presos

Penitenciária Feminina - 424 vagas / 535 presos

Penitenciária Semiaberta - 375 vagas / 401 presos

COLATINA

Centro de Detenção Provisória - 496 vagas / 744 presos

Centro Prisional Feminino - 366 vagas / 375 presas

Penitenciária Semiaberta Masculina - 96 vagas / 373 presos

Penitenciária de Segurança Média - 264 vagas / 520 presos 

LINHARES

Centro de Detenção e Ressocialização - 408 vagas / 755 presos

Penitenciária Regional de Linhares - 536 vagas / 843 presos

SÃO MATEUS

Centro de Detenção Provisória - 396 vagas / 582 presos

Penitenciária Regional de São Mateus - 534 vagas / 796 presos

VIANA

Centro de Detenção Provisória de Viana II - 904 vagas / 1285 presos

Centro de Triagem de Viana - 178 vagas / 359 presos

Penitenciária Agrícola do Espírito Santo - 475 vagas / 664 presos

Penitenciária de Segurança Máxima I  - 520 vagas / 708 presos

Penitenciária de Segurança Máxima II - 336 vagas / 197 presos

Penitenciária de Segurança Média I - 120 vagas / 205 presos

Penitenciária de Segurança Média II - 298 vagas / 338 presos

VILA VELHA

Casa de Custódia de Vila Velha - 391 vagas / 672 presos

Centro de Detenção Provisória - 534 vagas / 928 presos

Penitenciária Estadual de Vila Velha I - 620 vagas / 1173 presos

Penitenciária Estadual de Vila Velha II - 672 vagas / 1275 presos

Penitenciária Estadual de Vila Velha III - 604 vagas / 1108 presos

Penitenciária Estadual de Vila Velha IV - 604 vagas / 1272 presos

Penitenciária Estadual de Vila Velha V - 580 vagas / 1193 presos

Vigésima DP - 8 vagas / 7 presos

* A chamada sala de Estado Maior é uma prerrogativa reservada a profissionais do Direito - segundo lei federal-  em situações de prisão cautelar, antes de serem sentenciados. É uma sala comum, sem grades, em geral em uma unidade de quartel ou instituição militar.

O QUE DIZ A POLÍCIA MILITAR

Acionada pela reportagem do Gazeta Online, a Polícia Militar informou que não tomou conhecimento do relatório produzido pelo Conselho Nacional de Justiça pelos maios oficiais.

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"A Corporação ressalta que o presídio do Quartel de Comando-Geral (QCG) da PM dispõe de diversos critérios previstos na Lei de Execução Penal para garantir a dignidade do detento, tais como: respeito ao limite de lotação, enfermaria, espaço para prática esportiva e banho de sol, área destinada para visita familiar, sala de aula, entre outros. A Polícia Militar destaca que está à disposição dos órgãos fiscalizadores para o esclarecimento de quaisquer dúvidas sobre as condições das instalações", diz a PM.

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