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Cidades estão despreparadas para alagamentos no ES

Cidades estão despreparadas para alagamentos no ES

Os mais afetados, mais uma vez, foram os moradores das áreas mais pobres. Só em Vila Velha, a Defesa Civil municipal estima que mais de 400 pessoas tiveram que sair de suas casas no último sábado

Publicado em 21 de maio de 2019 às 01:42

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Rua alaga no bairro Jardim Marilândia nesta segunda-feira (20). (José Carlos Schaeffer)

Na luta contra os alagamentos, que já perdura há décadas na Grande Vitória, a água da chuva tem levado a melhor. Não foi diferente no último sábado (18), quando caiu, em 24 horas, mais de três vezes o volume de chuva esperado para todo o mês de maio. Essa batalha já é perdida de início, por falta de planejamento urbano, obras desencontradas e planos de redução de risco que não funcionam como deveriam ou sequer existem.

Os mais afetados, mais uma vez, foram os moradores das áreas mais pobres. Só em Vila Velha, a Defesa Civil municipal estima que mais de 400 pessoas tiveram que sair de suas casas no último sábado, a maior parte vive na região da Grande Cobilândia onde, ainda nesta segunda-feira (20), a água não havia baixado.

A maioria das vítimas da chuva foi para casa de amigos e parentes, mas 44 pessoas não tinham a quem recorrer e seguem abrigadas em uma escola municipal no bairro São Conrado. Dezoito delas são crianças.

O Plano Municipal de Redução de Risco, que deveria apontar áreas vulneráveis na cidade de Vila Velha e apontar soluções, só deve ficar pronto no final do ano. O documento deveria ter sido feito pelos municípios em 2012, quando foi criada a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil.

Enquanto isso, o município tem colocado em prática um plano emergencial. No último sábado, segundo o responsável pela Defesa Civil municipal, coronel Marcelo D’isep, as ações integradas agilizaram a intervenção do Exército nas áreas alagadas. No entanto, ainda faltam recursos. “Sentimos que, por mais que nos esforçássemos, o número de equipamentos foi insuficiente para dar vazão às demandas que chegavam. Eram necessárias mais viaturas altas e mais barcos”, destacou o coronel.

Durante a ação, foram removidos de casa pessoas acamadas, doentes graves e até com respiradores. Outro resgate aconteceu na Maternidade de Cobilândia. Mais uma vez, em seis meses, mães e bebês tiveram que ser socorridos. Moradores da Grande Cobilândia, revoltados com os alagamentos que continuam, fecharam a Rodovia Carlos Lindenberg por duas vezes nesta segunda-feira (20).

Segundo o engenheiro ambiental Bruno Navarro, os governos sofrem hoje com as obras que não foram feitas no passado. “As cidades foram crescendo e as obras não foram sendo feitas. Agora ficamos apagando incêndios”, diz.

Ele afirma que políticas imediatistas também não ajudam em uma solução mais abrangente para o problema. “Os governos não estão preocupados com o médio e longo prazo. É preciso fazer uma gestão menos política e mais eficiente para a população”, afirma.

Ainda segundo o especialista, é preciso aprender com os erros. “Ou a gente trata essa questão como prioridade nas políticas públicas ou a sociedade vai continuar sofrendo.”

SEM SOLUÇÃO

Apesar de afirmarem ter o Plano Municipal de Redução de Riscos, Vitória, Serra e Cariacica continuam sofrendo com as enchentes.

Vários bairros da Capital ficaram intransitáveis com a chuva forte. No entanto, a prefeitura informou que não há mais nada que possa ser feito para evitar o cenário que foi visto no final de semana. O coordenador da Defesa Civil de Vitória, Jonathan Jantorno justificou que, atualmente, na cidade, seis estações de bombeamento e uma galeria conseguem dar vazão a 110 milímetros de chuva, o que segundo ele é o suficiente para evitar os alagamentos. No entanto, quando chove além desse volume - o que ocorreu no sábado, com 275mm - aliado a ocorrência da maré alta, não há o que o município possa fazer.

Na Serra, sofreram principalmente os moradores de balneário Carapebus, Guaraciaba e Hélio Ferraz. Nesse último, a água da lagoa Pau-Brasil, invadiu casas e só baixou ontem. Cerca de 60 pessoas estão desalojadas, segundo a Defesa Civil municipal. Já Cariacica diz ter plano de redução de riscos, mas não soube informar quantos moradores vivem em áreas monitoradas pelo município.

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