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Caso Milena: veja com exclusividade as alegações finais do MP

Caso Milena: veja com exclusividade as alegações finais do MP

Ministério Público quer júri popular para os seis acusados de matar médica; juiz Marcos Pereira Sanches vai analisar se acata ou não o pedido de pronúncia

Publicado em 17 de maio de 2018 às 00:45

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Carro da médica Milena Gottardi Frasson, 38 anos, que foi baleada no estacionamento do Hospital das Clínicas, em Vitória. (Edson Chagas | Arquivo GZ | 2017)

O Ministério Público (MP) em alegações finais pediu a pronúncia dos seis acusados de matar Milena Gottardi e solicitou que todos sejam encaminhados a Júri Popular. A médica foi baleada no estacionamento do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam) no dia 14 de setembro, e no dia seguinte teve morte declarada. O documento foi obtido com exclusividade pelo Gazeta Online.

O MP tomou como base o depoimento do acusado de atirar na médica, Dionathas Alves, e provas materiais anexadas ao inquérito, como conversas telefônicas e a rede de contatos realizada por eles. “Deve-se a pronúncia e eventual decisão que a mantém, se limitar a apontar a existência de prova de materialidade e indícios de autoria”, aponta.

O órgão entendeu que Valcir Dias, Hermenegildo Palauro Filho, Dionathas Alves, Hilário Frasson e Esperidião Frasson praticaram o crime de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, mediante impossibilidade de defesa da vítima e por feminicídio. Dionathas, Valcir e Judinho teriam cometido o crime mediante recompensa.

“Aflora ainda, indiciar a qualificadora do feminicídio, na medida em que o crime foi perpretado contra mulher por razões de sexo feminino, com violência doméstica e familiar contra Milena, que foi executada por determinação de Hilário e Esperidião, respectivamente seus cônjuge e sogro, condições estas que eram de pleno conhecimento dos denunciados Hermenegildo, Valcir e Dionathas”, aponta o documento.

FRAUDE PROCESSUAL

O MP concluiu que “o aparelho celular de Milena foi subtraído a fim de induzir a concepção de que o delito praticado tratava de latrocínio”. Portanto, entendeu que os cinco réus também cometeram o crime de fraude processual.

Já Bruno teria praticado o crime de homicídio qualificado mediante impossibilidade de defesa da vítima. “Diante da participação do Bruno ter sido restrita ao fornecimento da moto para consumação do homicídio, a fim de que o executor pudesse agir de forma ágil para impossibilitar a vítima se defender”,diz o documento.

Na conclusão do inquérito da Polícia Civil em outubro de 2017, o delegado Janderson Lube tinha indiciado o policial civil Hilário e Esperidião como mandantes do crime. Os dois foram acusados de crime de homicídio qualificado por promessa de pagamento, emboscada e feminicídio.

O delegado havia indiciado, ainda, os outros quatro envolvidos por homicídio qualificado por ter sido em emboscada e por promessa de recompensa. São eles: Valcir, Hermenegildo, Dionathas e Bruno. Os seis também iriam responder por furto.

PRÓXIMOS PASSOS

Nas alegações finais o pedido de pronúncia foi feito pelo Ministério Público após as audiências de instrução. O próximo passo é que o advogado assistente de acusação, Renan Sales, apresente suas alegações finais, seguidas pelas falas dos advogados de defesa.

O juiz Marcos Pereira Sanches, da primeira Vara Criminal, vai analisar se acata ou não o pedido de pronúncia, ou seja, se os acusados vão ou não a júri popular. Quando o juiz decide pela pronúncia, ele não está decidindo se o réu é ou não culpado, mas se há indícios de autoria e materialidade do crime.

QUEM É QUEM

 MANDANTES 

Hilário Antonio Fiorotti Frasson, 44 anos 

Policial civil, ex-marido da vítima e apontado pela polícia como um dos mandantes do crime. Hilário era conhecido na região de Fundão pelo apelido de "advogado". Junto ao pai, segundo a polícia, ele planejou o crime e decidiu quem chamar para executá-lo. 

Esperidião Carlos Frasson, 71 anos

Pai do policial civil e proprietário de um sítio em Fundão, ele também é apontado pela polícia como mandante do crime. O idoso ajudou o filho a esquematizar a execução da médica. 

 INTERMEDIÁRIOS 

Valcir da Silva Dias

Lavrador, morador de Fundão e apontado pela polícia como intermediário do crime. Ele e Hermenegildo contrataram Dionathas Alves Vieira. Valcir conhecia Hilário e o pai havia mais de 30 anos e foi ao casamento de Hilário e Milena. A ele não foi oferecido dinheiro para participar no crime. O pagamento seria uma "camaradagem", segundo a polícia, algo comum no cenário da pistolagem. Valcir é proprietário de um Gol cinza e estava com Hermenegildo no local e na hora do crime acompanhando o desenrolar dos fatos.

Hermenegildo Palaoro Filho 

Peão de boiadeiro, amigo da família Frasson e apontado como intermediário do crime. Junto com Valcir da Silva, contratou o Dionathas Alves Vieira. Assim como Valcir, conhecia os mandantes havia mais de 30 anos e também foi ao casamento de Milena e Hilário. O pagamento seria uma "camaradagem", segundo a polícia, algo comum no cenário da pistolagem. Junto com Valcir, estava no local do crime acompanhando o desenrolar dos fatos. Hermenegildo está foragido. 

 EXECUTOR 

Dionathas Alves Vieira, 23 anos

Pedreiro e carpinteiro em Fundão, ele foi contratado por Valcir e Hermenegildo para executar o crime, segundo a polícia. Ele recebeu a orientação para que tudo parecesse um latrocínio (roubo seguido de morte). Para executar o crime, ele precisava de uma moto roubada, e encomendou o crime ao seu cunhado, Bruno. Os dois partilhariam os R$ 2 mil oferecidos pelos intermediários e que seriam pagos pelos mandantes. A dívida seria quitada após a morte da médica, "quando a poeira baixasse". Como foram descobertos, a dívida não foi quitada.

No dia do crime, ele foi para o Hucam com a moto. Lá encontrou Valcir e Hermenegildo. Entrou no carro deles e recebeu, de Valcir, a arma e a indicação de quem era a Milena. Após o crime, entregou a arma para Valcir e desapareceu. Quando foi contratado como pistoleiro, 25 dias antes do crime, Dionathas estava desempregado. Na semana do crime, ele conseguiu um emprego de pedreiro em uma obra em Maria Ortiz, Vitória. Dionathas foi preso no sábado (16), enquanto tentava fugir. 

 APOIO 

Bruno Rodrigues Broetto (roubou moto)

Cunhado de Dionathas, Bruno ficou encarregado de roubar a moto utilizada no crime, uma CB 300 vermelha. Segundo a polícia, ele tinha conhecimento de que a moto seria utilizada na realização de um crime.

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