Publicado em 22 de agosto de 2019 às 01:14
O presidente Jair Bolsonaro vai ser alvo de críticas no Grito dos Excluídos deste ano no Espírito Santo. A manifestação popular, organizada pela Igreja Católica e outras entidades civis, completa 25 anos em 2019 e acontece sempre no dia 7 de setembro.>
O tema nacional é "Esse sistema não Vale", relembrando a tragédia na barragem da mineradora em Brumadinho. Nesta quinta (08), teve uma reunião de organização do movimento.>
Segundo Padre Kelder, membro do Fórum Igreja e Sociedade em Ação, ficaram definidos o local do ato, que será em Cariacica, nos bairros Porto de Santana e Flexal, e quatro eixos locais que também vão nortear a manifestação no Espírito Santo: direitos sociais, segurança pública e direitos humanos, meio ambiente e a luta pela democracia contra o autoritarismo e a tortura.>
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Nesse quarto eixo, o grupo quer combater as declarações do presidente Jair Bolsonaro, em que ele defende a Ditadura Militar e exalta figuras apontadas pela Justiça como responsáveis pela tortura, como o coronel Brilhante Ustra.>
"É muito preocupante a gente ver os riscos que a democracia está correndo no Brasil, com o cerceamento da liberdade de imprensa, de pensamento, uma pauta moral muito enrijecida. Quando a gente se depara com o presidente da República fazendo apologia às práticas de tortura do sistema militar, isso é algo muito sério e toda a sociedade precisa debater e se manifestar contra isso", critica.>
No eixo da segurança pública, os manifestantes vão abordar, entre outros pontos, a vinda da Força Nacional para bairros de Cariacica. Padre Kelder diz que teme que a presença da Força gere um movimento inverso ao esperado e aumente a violência do Estado contra os mais pobres.>
"Nós sabemos que questão da violência não vai ser radicada apenas com essa política de policiamento, essa política ostensiva desenvolvida no Brasil e em particular aqui no Espírito Santo. Temos o exemplo do Rio de Janeiro, que foi um exemplo trágico. Em nada diminuiu a violência. Pelo contrário, a violência cometida pelo Estado aumentou e aumentou e muito", comenta o sacerdote.>
A mineradora Vale, citada no tema central da manifestação, foi procurada pela reportagem. Por nota, disse que, desde o rompimento da barragem I (B1), da Mina de Córrego do Feijão, a mineradora está dedicada a reparar de forma célere os danos em Brumadinho (MG) e outros municípios atingidos ao longo do rio Paraopeba, com ações que incluem indenizações, doações, assistência médica e psicológica, compra de medicamentos e segurança das estruturas, entre outras iniciativas.>
"Após seis meses, a empresa já fechou os acordos definitivos para as indenizações individuais e trabalhistas, estruturou e executa repasses financeiros mensais a mais de cem mil pessoas, deu início às principais obras de remoção dos rejeitos e de recuperação ambiental, formalizou doações para a prefeitura e órgãos públicos estaduais, garantiu o cuidado dos animais e montou toda a estrutura de monitoramento da qualidade da água do rio Paraopeba", afirmou a Vale em nota.>
A Vale garante que tem apresentado, desde o momento do rompimento da barragem, todos os documentos e informações solicitados e, como maior interessada na apuração dos fatos, continuará contribuindo com as investigações.>
Padre Gabriel>
Porto de Santana foi escolhido como local do ato para lembrar do assassinato do padre francês Gabriel Maire, que atuava no Espírito Santo, em 1989. O sacerdote era conhecido pelas lutas contra o crime organizado no Espírito Santo. O crime acabou prescrevendo em 2017, 28 anos após o homicídio.>
O desembargador do Tribunal de Justiça (TJ-ES), Pedro Valls Feu Rosa, relator do caso na segunda instância, pediu desculpas por a Justiça não ter conseguido dar uma resposta.>
"Foi um dia de negação da minha profissão, da minha cidania, principalmente porque o caso não é o único, é só mais um entre tantos", lamentou.>
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