Publicado em 4 de março de 2019 às 23:12
Além da dor da perda, a morte de um parente pode dar muito trabalho para quem fica e até provocar brigas que perduram por décadas. Segundo advogados ouvidos, há casos em que a briga por uma herança pode correr por até 50 anos na Justiça, destruindo laços familiares pelo caminho.>
O patrimônio vai se perdendo. Se for imóvel, o imóvel vai se perdendo, deteriorando-se. Se for dinheiro, pode mudar a moeda, esse é o problema, afirma o advogado Diovano Rosetti. Segundo ele, enquanto a briga não se resolve, os bens ficam parados, perdendo valor. Uma exemplo de longa batalha é de uma família que disputa há cinco décadas um terreno em área nobre na Capital.>
As confusões muitas vezes nem envolvem somas volumosas e podem ter sérias consequências. Não sei por que os herdeiros ficam brigando entre si por conta de patrimônios que nem são tão expressivos. Já vi em que foi preciso chamar a polícia porque um parente deu facada no outro. Hoje eles não se falam mais, conta o advogado.>
Também é o que observa o advogado Igor SantAnna. Às vezes os herdeiros brigam por pouco, mas eles não estão brigando exatamente pelo dinheiro. São brigas de uma vida inteira que são levadas para o inventário, diz.>
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No final das contas, a demora na decisão sobre quem fica com que parte dos bens deixados pelo morto não recai tanto sobre o sistema de Justiça, mas sim sobre os vai e vem dos recursos impetrados por quem ficou. Se o caso se prolonga e um dos possíveis herdeiros morre, por exemplo, os filhos dele que assumem o lugar no processo.>
Para tentar evitar a confusão, muita gente tem optado por fazer o inventário extrajudicial, que é feito em cartório. No entanto, para que essa opção seja possível, nenhum dos herdeiros pode ser menor de idade e, o mais importante, todos têm que chegar a um acordo sobre a partilha. Nessa modalidade, a divisão é resolvida em apenas alguns meses.>
ANULAÇÃO>
Mesmo quando se consegue decisão judicial sobre a partilha de bens, a questão pode ainda não ter chegado ao fim. É possível anular a decisão.>
A anulação acontece quando fica comprovado, por exemplo, que o juiz que atuou no processo inicial tem parentesco com algumas das partes beneficiadas ou então inimizade com uma delas. Há ainda a possibilidade de ter havido desigualdade no tratamento entre os herdeiros, por exemplo, entre filhos legítimos e ilegítimos, explica o advogado Diovano Rosetti.>
Há ainda casos em que a partilha é anulada porque nela não se considerou algum bem. Esses casos somaram 24 processos em três anos no Tribunal de Justiça do Espírito Santo.>
Além disso, anos depois, ainda pode aparecer um novo herdeiro, o que levará a outro processo. Imagine que uma mãe resolve, anos depois de ter o filho, revelar quem é o pai. Ao fazer a procura, o filho descobre que o pai já está morto e que a divisão dos bens já foi feita. Ele pode procurar a Justiça para também ser incluído, mesmo anos depois da morte do pai, diz. Nesses casos, é necessário exame de DNA.>
SAIBA MAIS>
Anulação de testamento - O que é?>
É quando familiares acreditam que houve vício na confecção do testamento. Pode-se argumentar que a pessoa não estava em condições de fazê-lo (problemas psiquiátricos por exemplo) ou porque ela foi coagida.>
Números de processos>
2016: 3>
2017: 6>
2018: 2>
Anulação de Partilha - O que é?>
É quando a família acredita que houve problemas no processo de divisão de bens identificado quando o juiz da decisão tem relacionamento ou rixa com algum dos beneficiados, por exemplo.>
Números de processos>
2016: 19>
2017: 20>
2018: 5>
Exclusão de herdeiro - O que é?>
Pouco comum, a exclusão de um herdeiro tem que ser feito mediante motivo grave.>
Números processos>
2016: 4>
2017: 5>
2018: 4>
Pedido de herança - O que é?>
Quando alguém que não foi contemplado numa primeira divisão pede para ser incluído na herança.>
Números de processos>
2016: 23>
2017: 34>
2018: 14>
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