Publicado em 13 de março de 2018 às 21:17
Uma farmácia de manipulação do Espírito Santo teve seu rótulo utilizado por falsificadores de remédios do Rio de Janeiro. O uso indevido da marca pelos criminosos foi descoberto pela empresa capixaba após o contato de pessoas que moram no estado vizinho com a reclamação de que o medicamento não estava funcionando. A Polícia Civil carioca investiga o caso.>
A farmácia da manipulação Globo Fórmula possui unidades em Jardim Camburi, em Vitória, e Cobilândia, em Vila Velha. Uma das proprietárias, Luiza Tomasi Scardua, relata que a empresa começou a receber as reclamações em 2016, e desde então já registrou seis boletins de ocorrência na Polícia Civil, aqui no Estado.>
Em 2016 recebemos uma primeira queixa de um suposto cliente. E quando ele entrou em contato, a gente identificou que não eram fórmulas nossas, apesar de usarem os dados da farmácia, disse.>
De acordo com Luiza, os rótulos dos medicamentos vendidos no Rio de Janeiro eram idênticos aos da empresa capixaba, porém, o detalhe que chamou a atenção foi a falta de especificação da Anvisa e da Vigilância Sanitária Municipal. Por ser manipulado, as caixas têm que ter o nome do paciente e do médico prescritor, o que também não constava.>
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Procurávamos o cadastro do paciente e não víamos nada. Não tinha nada desses clientes no nosso cadastro. Por fim, recebemos a imagem do pote que ficou evidente que não era nosso mesmo, disse Luiza.>
Os remédios manipulados são de prescrição exclusiva médica, e a farmácia capixaba só fabrica o medicamento com a apresentação de receita do Espírito Santo.>
Segundo Luiza, os medicamentos falsificados podem trazer riscos para a saúde de quem o consome, pois não é possível saber a procedência e composição química. Ela cita ainda o controle rigoroso para a venda, não podendo ser comercializado por e-commerce, por exemplo.>
Eu só posso receber receita médica do Espírito Santo. A não ser se eu for na Vigilância Sanitária daqui do meu município e peça para estar aceitando a do Rio de Janeiro, mas toda vez que chegar uma receita do Rio tenho que pedir autorização de novo. Não é uma liberação contínua, explicou Luiza.>
ANABOLIZANTE>
Luiza Tomasi se diz assustada pela forma com que os remédios são vendidos no Rio de Janeiro. Um dos moradores que entrou em contato com a farmácia capixaba afirmou que comprou em uma loja de suplementos. Tinha gente que entrava em contato e falava que comprou um suplemento. Quando eu ia ver. era um anabolizante que pode trazer vários danos a saúde, afirmou, assustada. >
Sobre os boletins de ocorrência registrados na polícia, a empresária desabafa. "Espero que tenha um fim. Que nossa logoamrca pare de ser usada dessa forma. A empresa tem 18 anos e a gente trabalha com muita seriedade para divulgar e desenvolver uma empresa aqui dentro do Estado".>
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SUSPEITOS DO CRIME DE FALSIFICAÇÃO SÃO PRESOS>
Dois suspeitos do crime, Mateus Cerqueira Pierucci e Bernardo Luiz Ribeiro da Silva, foram presos no início do mês, no Rio de Janeiro, pela Delegacia de Combate às Drogas. Segundo informações da assessoria de imprensa da Polícia Civil carioca, os dois seriam responsáveis pelo armazenamento e distribuição de anabolizantes e demais medicamentos controlados, sem a devida permissão, como sibutramina, oxandrolona e stanozolol. A ação aconteceu após informações recebidas da Polícia Civil do Espírito Santo.>
Mateus é apontado pela polícia do Rio, ainda de acordo com a assessoria, como proprietário de uma loja de suplementos e seria quem manipulava os produtos ilícitos na própria residência, enquanto Bernardo seria o responsável pela entrega dos produtos aos clientes. Os consumidores eram captados pelas redes sociais, onde foram utilizados perfis falsos. Mateus utilizava rótulos impressos também na casa dela, que continham os dados da farmácia de manipulação Globo Fórmula, com unidades em Vitória e Vila Velha.>
A titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações do Espírito Santo, Rhayana Bremenkamp, disse que a proprietária da farmácia ainda vai prestar depoimento sobre o caso para que sejam definidos os próximos procedimentos. Ela explica que somente cabe uma ação da polícia capixaba se houver registro do crime também no Espírito Santo. Caso contrário, as informações que forem levantadas serão repassadas à Polícia Civil do Rio.>
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