Publicado em 1 de julho de 2019 às 15:03
Grupos do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) ocuparam a linha Vitória-Minas, da Vale, em Carapina, na Serra, desde as 9h30 desta segunda-feira (1º). A organização do movimento reclama que faltam técnicos independentes para levantamento de dados para o processo de reparação que, segundo eles, está prejudicado. Os manifestantes reivindicam a contratação imediata da entidade de assessoria técnica desde de dezembro de 2018.>
As famílias vítimas do rompimento da barragem de Fundão, em 2015, afirmam que na ausência de técnicos independentes para levantamento de dados e fornecimento de informações, o processo de reparação integral encontra-se prejudicado, o que, ainda segundo o movimento, aumenta a vulnerabilidade social das populações atingidas.>
Os manifestantes cobraram uma resposta da Vale, da Samarco e também da mineradora e petrolífera BHP. O MAB explica que o mesmo direito foi conquistado em Brumadinho, e a entidade já foi contratada e em operação. Das três entidades de assessoria técnicas existentes na bacia do Rio Doce, atingida por toda a extensão, nenhuma delas é no Espírito Santo.>
Na última sexta-feira (28), foi assinada pelas empresas a contratação da entidade gestora Fundo Brasil de Direitos Humanos, faltando apenas o próximo passo da contratação das assessorias. O representante do MAB Heider Boza, diz haver uma lentidão no processo que assegura os direitos dos atingidos.>
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O que se observa é uma letargia do judiciário em assegurar o direito e o descaso das empresas na efetivação dos acordos realizados, afirma Heider.>
Acionada pela reportagem, a Vale informou que a contratação de assessorias técnicas será custeada pela Fundação Renova, criada para gerir e executar os programas e ações de reparação e indenização às pessoas afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão. A empresa afirmou ainda que está acompanhando os acordos com as comunidades, conforme o Termo de Transação de Ajustamento de Conduta (TTAC) firmado entre entidades públicas e privadas.>
Em nota, a Renova disse que considera "legítima a manifestação popular, coletiva ou individual, e reafirma que possui a escuta, o diálogo e a participação social como práticas norteadoras de suas ações". Em relação ao protesto, a fundação declara que está "aberta ao diálogo construtivo e respeitoso com todos os atingidos para avaliar as demandas em busca de soluções adequadas aos problemas postos, respeitados os limites da atuação e as leis brasileiras".>
DEFENSORIA PÚBLICA AUXILIA NAS NEGOCIAÇÕES>
A Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo está auxiliando nas negociações da ocupação da linha de trem da Vale por 250 pessoas que reivindicam a contratação de assessoria técnica pela empresa.>
O direito foi consagrado no Termo aditivo ao TAP no dia 16 de novembro de 2017 e, desde então, o Fundo Brasil de Direitos Humanos (FBDH) passou a atuar no território para acompanhar a contratação e garantir o direito de participação dos atingidos.>
Pesquisas contratadas pelas Câmaras Técnicas apontam a contaminação de peixes e plantas, e as famílias atingidas não estão tendo acesso devido aos dados para construir as propostas de reparação integral. Além disso, o estudo Ramboll, do Ministério Público, aponta a desigualdade de reconhecimento entre homens e mulheres e a ineficiência dos programas da Renova.>
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