Publicado em 28 de agosto de 2018 às 21:42
Um professor universitário que mora em Vitória, no Espírito Santo, foi xingado e pressionado pelo atendente de uma empresa de cobrança, identificada como Recovery Brasil Consultoria, por telefone. As mensagens ofensivas foram registradas por meio de um aplicativo de celular: "seu caloteiro, filho da p***, me responde", escreveu um dos funcionários da empresa.>
O professor afirma ter sido gravemente lesado, ficando em estado de choque ao ler o tipo de mensagem que havia recebido do funcionário da empresa. Ele entrou na Justiça contra o grupo, e, no dia 18 de agosto, saiu a primeira decisão de que o professor deve ser indenizado em R$ 4 mil por danos morais. A decisão, no entanto, ainda cabe recurso.>
O professor explica que, em janeiro deste ano, teria entrado em contato com a Caixa Econômica Federal e, na ocasião, tomou conhecimento de que estava devendo cerca de R$ 13 mil de um empréstimo que havia deixado de pagar por ter ficado desempregado. Ao conseguir um emprego, um mês depois, ele firmou um acordo com o banco e conseguiu renegociar o valor para que deixasse de ser inadimplente. A vítima conta que parcelou o valor em 36 vezes de R$ 303,09, ficando novamente com nome limpo no mercado.>
Contudo, três meses depois, o professor relata que passou a receber constantemente ligações, e-mails e mensagens da Recovery Brasil para que participasse de um "feirão de quitação", que propôs um desconto de 90% caso ele tivesse o interesse de quitar de uma vez por todas a dívida. Por não possuir interesse na quitação do acordo, já que não tinha o dinheiro à vista, o professor resolveu desconsiderar o contato.>
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No mesmo dia, porém, o professor recebeu uma mensagem de um atendente da Recovery Brasil, com os dizeres desrespeitosos citados acima, sendo bloqueado pelo próprio funcionário da empresa na sequência.>
"Eles (funcionários da Recovery Brasil) ficavam tentando me forçar a pagar uma dívida que não existia atrasos nas parcelas, já que eu pago mensalmente o valor. Falavam comigo que, caso eu desejasse quitar o empréstimo, me dariam 90% de desconto. Mas, como eu não tinha o dinheiro em mãos para pagar, não aceitava a proposta. Certo dia, após uma conversa com um atendente, eu parei de responder porque estava ocupado, foi quando ele me xingou com esses palavrões. Na hora tremi e fiquei me sentindo muito desrespeitado", conta a vítima, que afirma que as mensagens ofensivas foram recebidas no mesmo número de telefone disponibilizado via e-mail pela empresa em questão.>
Devido ao constrangimento sofrido, baseado no artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor, que diz que "na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto ao ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça", o professor entrou com uma ação no 5º Juizado Especial Cível de Vitória pedindo danos morais - mesmo a vítima não estando mais inadimplente.>
Além disso, o advogado do professor, Renan Freitas Fontana, pontua que, por conta de seu cliente ter regularizado sua situação após a renegociação da dívida, a postura da Recovery Brasil em forçar um acordo feriu o princípio da boa-fé, uma vez que não havia mais dívidas em atraso.>
"Ressalto que esse posicionamento se deu pelo fato da cobrança ter sido realizada por um servidor não corporativo, o que me leva a entender que tal prática visa não deixar rastros de comprovação da idoneidade das cobranças realizadas de forma ilícita pela empresa", ratifica Renan Freitas Fontana.>
O QUE DIZ A EMPRESA>
A conduta mencionada pela reportagem não condiz com os valores do Grupo Recovery, que preza pelo respeito a seus clientes. A mensagem em questão não foi enviada por colaborador ou prestador de serviços da Recovery, que está investigando a origem desses contatos em conjunto com os órgãos competentes.>
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