Publicado em 26 de novembro de 2018 às 14:06
Em Vila Velha, uma menina de onze anos conseguiu contar que estava sendo vítima de estupro após assistir a uma palestra preventiva de educação sexual na sua escola. Segundo o delegado Lorenzo Pazolini, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), o padrasto da vítima foi preso após a denúncia.>
Ela já sofria com os abusos há um tempo, mas só conseguiu falar sobre o assunto com a professora, que denunciou o caso. A vítima inicialmente foi levada a um abrigo. Depois, foi encaminhada aos cuidados de parentes próximos e o padrasto foi detido, lembrou.>
Palestras e aulas sobre educação sexual nas escolas é uma forma eficaz de fazer com que crianças percebam que são vítimas e consigam buscar coragem para contar o que estão sofrendo. De acordo com o Sindicato dos Professores no Estado do Espírito Santo (Sinpro/ES), após esses trabalhos educativos nas escolas, aumentam o número de alunos denunciando os crimes.>
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A professora e psicóloga Paula Janaína Costa, que é diretora jurídica do Sinpro/ES, diz que é comum que alunos relatem abusos após palestras porque muitas vezes a própria criança não percebe que está sendo vítima.>
A professora explica que, quando os casos de violência sexual acontecem no ambiente familiar, as vítimas acabam vendo na escola um lugar seguro para pedir ajuda.>
A educadora explica que a forma que a educação sexual é tratada depende da grade curricular de cada escola. Mas afirma que professores e pais de alunos se reúnem frequentemente para discutir como o trabalho deve ser realizado.>
CASOS DENUNCIADOS>
Cunhado>
Uma professora interrompeu um ciclo de abusos sexuais que uma menina de 10 anos enfrentava desde os 8 anos, na Serra. Ao perceber que a criança ia mal na escola e andava cada dia mais triste, ela abordou a garota.>
Ao conversar com a educadora, a menina teve uma crise de choro. Depois, sentiu-se protegida e confiante para contar que era abusada pelo cunhado. O comerciante de 50 anos foi preso em agosto de 2017.>
Padrasto>
Um ajudante de pedreiro de 23 anos foi preso acusado de estuprar a enteada, de 12 anos, em um bairro de Vila Velha. O crime aconteceu em setembro de 2017. Com os abusos, a vítima começou a mudar de personalidade, algo percebido pelos professores da escola, que chamaram a menina para conversar. A vítima contou sobre os abusos e o padrasto foi indiciado por estupro de vulnerável e preso. >
Medo do pai>
Em junho deste ano, um homem de 26 anos foi preso acusado de abusar sexualmente da filha de 5 anos, em Guarapari. O fato aconteceu em janeiro e foi presenciado pela outra filha do abusador, de 7 anos. A suspeita dos abusos só foi levantada após os professores da menina notarem que ela passou a ficar agressiva. Eles notaram também que a menina tinha medo quando o pai a buscava no colégio.>
Lembranças>
Um homem de 51 anos foi preso por estuprar a filha adolescente por sete anos em Cariacicia. O caso foi descoberto em novembro deste ano. E o crime só chegou à polícia depois que uma colega da escola da vítima percebeu que a amiga estava se automutilando e procurou a coordenação do colégio. Assim que escola soube da situação, o Conselho Tutelar foi avisado e comunicou a DPCA. À polícia, o pai da menina negou as acusações.>
Choro no pátio>
Uma crise de choro incontrolável no pátio da escola fez uma menina de 11 anos contar que era abusada, há seis meses, pelo vizinho e amigo da família, um servidor público federal aposentado, de 52 anos, em Cariacica. Segundo a Polícia Civil, a menina costumava ir à casa do suspeito para brincar com a filha dele, que tem a mesma idade dela. Foi em dezembro de 2017, quando a menina ainda tinha 10 anos, que os abusos começaram.>
PROJETO AMEAÇA LIMITAR O TEMA NAS ESCOLAS>
Em pronunciamento feito ao vivo por meio das redes sociais, no início do mês, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) se posicionou contra a educação sexual nas escolas. Em sua avaliação, a maioria dos brasileiros quer isso.>
Bolsonaro defende ainda o projeto Escola Sem Partido, que proíbe, entre outros, que o professor participe do processo de amadurecimento sexual dos alunos. Em entrevistas, o presidente eleito chegou a afirmar que buscou para comandar o Ministério da Educação alguém que mude os currículos escolares para que crianças aprendam matérias como matemática e português, e não sexo.>
A Escola Sem Partido é uma das principais bandeiras de aliados de Bolsonaro e tem provocado embates intensos entre deputados favoráveis e contra o projeto, que deve ser votado na próxima quinta-feira na comissão especial criada na Câmara dos Deputados.>
No último dia 22, o parecer do relator, deputado Flavinho (PSC-SP), foi lido pela primeira vez na comissão especial. Esse foi o último passo para que o projeto estivesse apto para votação.>
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