> >
Um futuro próspero se constrói com um passado forte

Um futuro próspero se constrói com um passado forte

Ao longo de sua trajetória, Colatina sempre esteve na vanguarda e se transformou em uma referência para toda a região, com potencial para crescer mais

Publicado em 19 de agosto de 2020 às 01:35

Vista de Colatina, cidade cravada no Vale do Rio Doce
Vista de Colatina, cidade cravada no Vale do Rio Doce Crédito: Divulgação/Franco André Bereta Júnior

Gabriela Fardin

Cravada no Vale do Rio Doce, a 135 quilômetros da capital do Espírito Santo, Colatina tem muitos caminhos que levam em sua direção: a Estrada de Ferro Vitória a Minas e rodovias importantes e estratégicas, como a BR 259, a ES 080 e a ES 248. Com cerca de 120,5 mil habitantes, o município ocupa o nono lugar no ranking das cidades capixabas com maior população.

Colatina também é o celeiro de muitos talentos profissionais e de marcas, que se destacam dentro e fora do país, e ainda abre as portas para a instalação de empresas. O município está incluído na área de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), o que é um atrativo a mais por causa da redução de impostos e do acesso facilitado a linhas de crédito com juros mais baixos.

Além disso, a prefeitura tem uma lei de estímulos fiscais e de incentivo econômico que prevê, entre outros benefícios, a redução e até isenção de impostos municipais, desde que a empresa se comprometa a contratar mão de obra local e a movimentar a cadeia produtiva da cidade.

Assim, o município continua avançando em meio a uma crise sanitária mundial, que tem gerado muitos impactos econômicos negativos. Dados da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) mostram que, entre os meses de janeiro e julho deste ano, o número de empresas que abriram as portas é maior que o de empresas que encerraram as atividades. Ao todo, foram 793 novos negócios no período. Vale destacar que mais de 70% dessas empresas foram abertas entre março e julho, em plena pandemia.

CIDADE QUE SE DESTACA

Para entender a capacidade do município de driblar as adversidades e continuar em desenvolvimento, é importante conhecer o passado da cidade que, não por acaso, recebeu o título de “Princesa do Norte”.

A história de Colatina começa com os índios botocudos, primeiros habitantes da extensa área de floresta entre o Rio Doce e a região onde, hoje, está a cidade de São Mateus. Os botocudos frustraram a primeira tentativa de colonização em 1857. Depois de três anos instalados na região que chamavam de Francilvânia, os imigrantes portugueses, franceses e alemães foram expulsos de suas propriedades pelos indígenas. Acredita-se que essa seja a origem do atual bairro São Silvano.

O vapor Ádria trouxe os primeiros imigrantes italianos em 1888, que se instalaram na região atualmente ocupada pelo bairro Colatina Velha, o berço do município. Outros núcleos de povoamento surgiram com o trabalho de imigrantes alemães, suíços e poloneses.

Estrada de Ferro Vitória a Minas corta o município de Colatina
Estrada de Ferro Vitória a Minas corta o município de Colatina Crédito: Divulgação

Em 1892, teve início a construção das primeiras casas. A então Vila de Santa Maria era subordinada, politicamente, a Linhares. Em 1899, passou a se chamar Vila de Colatina, uma homenagem à primeira-dama do Estado, Colatina Soares de Azevedo, esposa de José de Melo Carvalho Muniz Freire. O tempo passou, trouxe a estrada de ferro e o desenvolvimento.

A Vila de Colatina se desenvolveu economicamente e se transformou na sede do município de Linhares. Em 30 de dezembro de 1921, foi emancipada e tornou-se município, ao passo que Linhares foi rebaixado à vila e, então, subordinado a Colatina. A emancipação de Linhares só se deu 18 anos depois. A data de 22 de agosto foi escolhida para celebrar a emancipação de Colatina porque foi a data de fundação do município de Linhares, ao qual pertencia inicialmente.

Independente, Colatina nasceu forte e com um território que ocupava toda a região onde, atualmente, ficam os municípios de Alto Rio Novo, Baixo Guandu, Governador Lindenberg, Linhares (antes da emancipação, em 1945), Marilândia, Pancas, São Domingos do Norte e São Gabriel da Palha. Nos anos de 1950, Colatina já era uma das maiores potências econômicas da região e o maior produtor de café do mundo. Na ocasião, recebeu o título de Princesa do Norte.

A perda de território devido à emancipação das vilas subordinadas e à crise do café forçaram a diversificação da atividade econômica. Na década de 1970, teve início o processo de industrialização e Colatina se sagrou entre as cidades mais importantes para a economia do Estado, posto que ocupa até hoje.

ITAPINA: DA PROSPERIDADE AO DECLÍNIO

O vilarejo, que já foi uma potência econômica na região à época, hoje, guarda apenas as lembranças, preservadas pelos casarões e eternizadas nas fotos dos casais apaixonados.

Em 1910, um vilarejo, às margens do Rio Doce, recebia seus primeiros habitantes. Eram imigrantes de diferentes nacionalidades, principalmente turcos, libaneses, italianos e alemães, que transformaram Itapina em um dos polos comerciais de café mais ricos do Estado. O desenvolvimento econômico e urbano se deu a partir de 1919, com a inauguração da estação ferroviária de Itapina, da Estrada de Ferro Vitória a Minas.

Itapina é cenário frequente para fotos de casais apaixonados
Itapina é cenário frequente para fotos de casais apaixonados Crédito: Divulgação/Jovander Pinto

O comércio era forte, até mais que o da própria sede, a então Vila de Santa Maria. Comerciantes de seda, fábricas, lojas de produtos importados, de automóveis, posto de combustível, escola particular e até cinema eram o marco da prosperidade de Itapina, que também foi uma das primeiras, no Estado, a ter energia elétrica.

A relevância era tanta que Itapina entrou no mapa do desenvolvimento do então presidente da República, Juscelino Kubtischek, e seu plano de metas. A ponte sobre o Rio Doce encurtaria o caminho entre Itapina e a sede Colatina, mas a obra nunca foi concluída. A construção da rodovia na outra margem do rio tirou Itapina da rota do crescimento. Isolado e amargando a crise do café, o vilarejo entrou em declínio e sucumbiu ao esquecimento.

Hoje em dia, a pacacidade do distrito de Colatina nem de perto lembra os tempos áureos, de comércio rico e pulsante do século passado, a não ser pela arquitetura dos casarões, que fazem parte do sítio histórico tombado pelo governo do Estado em 2013. Os imóveis foram restaurados, preservando as características arquitetônicas originais e, hoje, ajudam a contar a história do lugar e de seus personagens mais marcantes. A casa da parteira Perina Rognoni abriga um centro de referência e memória ao seu trabalho. Já o casarão onde viveu a escritora Virgínia Tamanini se transformou um museu.

O conjunto arquitetônico também está eternizado nas centenas de  imagens de casais, que buscam lugares marcantes para as fotos de casamento. O distrito é o destino de muitos profissionais que recebem dos clientes o desafio de encontrar o cenário mais bucólico e com história. “Eu gosto muito de fotografar em Itapina porque, além das portas enferrujadas, dos comércios de antigamente, dos casarões e das ruas calçadas e tranquilas, tem o pôr do sol. Durante o inverno, o sol se alinha à estrada de ferro e à ponte abandonada e forma um cenário maravilhoso para lindas fotografias”, descreve o fotógrafo Jovander Pito.

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais