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Publicado em 18 de fevereiro de 2021 às 19:03
- Atualizado há 5 anos
A dúvida é o sentimento que acompanha os moradores do condomínio Top Life Cancun, na Serra, desde a última terça-feira (16). Após constatarem um amassado na caixa-d'água do residencial, eles têm medo que a estrutura colapse. Medo esse reforçado após o Conselho Regional de Engenharia (Crea-ES) ter divulgado na noite desta quarta-feira (17) que a torre de 35 metros de altura "apresenta importante deformidade" e que há a possibilidade de que ela caia.>
O local, contudo, não está interditado e, embora algumas pessoas tenham saído de casa por precaução, ainda não há nenhuma orientação formal da Defesa Civil aos moradores. Segundo o síndico do condomínio, Luiz Cláudio Almeida, desde que foi percebido o dano na torre-d'água, as informações têm sido conflitantes.
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"A Defesa Civil não falou nada (sobre interdição), os Bombeiros só pediram nosso alvará e o Crea ontem (quarta) deu uma nota para a imprensa, mas com a gente também não disse nada", afirma.
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Ele conta ainda que, em reunião nesta quarta-feira (17) com a construtora MRV, responsável pelo empreendimento, ouviu de um técnico que fez perícia no local que a estrutura não apresenta risco para os moradores. >
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Luiz Cláudio Almeida
SíndicoAlexandre Lahas é morador do quarto andar do bloco 1, que fica mais próximo da caixa-d'água. Ele conta que tinha acabado de chegar de viagem quando soube do problema e que até agora aguarda um posicionamento das autoridades para decidir se sai ou se fica no local.>
"Na hora que soube peguei minhas coisas e fui pra casa da minha namorada, que é aqui perto. Agora estamos aguardando o laudo dos órgãos responsáveis para tomarmos uma decisão, se vamos ficar ou se teremos que evacuar", diz. >
A caixa-d’água do residencial apresentou um amassado na terça (16) e os moradores saíram de casa temendo o desabamento. Na manhã do dia seguinte, a Defesa Civil municipal fez uma avaliação inicial da estrutura e chegou a falar que não via risco iminente de queda, mas que era necessária uma análise mais especializada da torre. O local não foi interditado e muitas pessoas retornaram para os apartamentos.
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Na noite do mesmo dia, outra avaliação preliminar foi feita, dessa vez do Crea-ES, que informou que não descarta a possibilidade de desabamento da torre-d'água que abastece o prédio. No entanto, ponderou que ainda será feito um diagnóstico decisivo e seguro.>
A Gazeta entrou em contato com a Defesa Civil da Serra, órgão que tem a autoridade para interditar ou não o prédio, e questionou sobre qual seria a orientação para os moradores nesse momento. >
Contudo, o órgão limitou-se a informar que aguarda um laudo topográfico que deverá ser contratado pelo condomínio para acompanhamento do caso. >
"A Defesa Civil da Serra fez uma análise no local e orientou a contratação de um profissional de topografia para analisar o nível de inclinação da estrutura. Na quarta-feira foi realizada uma perícia a pedido da construtora", diz a nota enviada pela prefeitura.
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Essa análise topográfica ainda não tem data para ser realizada, uma vez que o condomínio quer que a construtora arque com a despesa da contratação.>
Segundo o síndico do condomínio, em janeiro do ano passado, menos de cinco anos depois da entrega do empreendimento, foi feita uma reclamação formal à MRV a respeito da situação da caixa-d'água. Na ocasião, foi informado que ela estaria com ferrugem. >
Em resposta, a construtora informou na época que não poderia fornecer assistência técnica pois a estrutura estaria fora da garantia. Por isso, os moradores decidiram fazer uma manutenção por conta própria, intervenção essa que vem sendo criticada pela construtora nesta semana. >
Ainda em 2020, foi emitido um laudo técnico feito por especialista contratado pelo condomínio. O documento, datado de 17 de julho, já apontava irregularidades, como oxidações (ferrugem), antes mesmo de vencer a garantia de fabricação dos reservatórios, que seria em agosto de 2020.
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Segundo o Crea, o documento foi expedido por empresa especializada, com responsável técnico e registro de Anotação de Responsabilidade Técnica. >
A Gazeta entrou em contato com a construtora MRV e com a empresa Dipawa, responsável pelos reservatórios, mas ainda não houve resposta. Esse texto poderá ser atualizado.
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O episódio envolvendo o condomínio em São Diogo, na Serra, é apenas o mais recente de uma série de problemas alarmantes envolvendo condomínios no Estado.>
O temor dos moradores era de que a situação se transformasse em outra como a registrada no Residencial São Roque, no bairro Padre Gabriel, em Cariacica, em dezembro passado, quando duas torres-d'água desabaram, deixando dezenas de famílias desalojadas e matando uma pessoa. O residencial, que pertence ao programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, havia sido inaugurado apenas duas semanas antes.>
Em janeiro, moradores dos edifício Santos II, no bairro Nova Itaparica, em Vila Velha, acordaram de madrugada com um estrondo provocado pelo colapso parcial de dois pilares de sustentação do prédio. Segundo a prefeitura, o prédio, construído por uma empresa privada, não tinha a documentação correta.>
Em fevereiro, a estrutura da área de festa do Residencial Otílio Roncetti no bairro Gilson Carone, em Cachoeiro de Itapemirim, desabou durante uma chuva. Neste caso, ninguém ficou ferido.>
Na noite da última quinta-feira (11), moradores de 16 apartamentos do bloco 13 do condomínio Residencial Vila Velha, em Jabaeté, tiveram que deixar seus lares por medo de que a estrutura desabasse. Segundo a síndica Mirian de Freitas, foram constatadas rachaduras em pelo menos três apartamentos do condomínio entregue em 2016 pelo programa Minha Casa Minha Vida. O local permanecerá interditado até que haja garantias de que é seguro.>
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