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Qual é o valor ideal do salário mínimo? Economista e trabalhadores opinam

Qual é o valor ideal do salário mínimo? Economista e trabalhadores opinam

O salário mínimo atual no Brasil é de R$ 1.320, o que corresponde a R$ 44 ao dia e R$ 6 por hora de trabalho, valor considerado insuficiente para cobrir despesas básicas

Publicado em 11 de novembro de 2023 às 18:22

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Salário mínimo no Brasil, notas de dinheiro
Mais de 63 milhões vivem com renda per capita de até R$ 570 por mês no Brasil. (Divulgação)
Isabelle Oliveira
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O salário mínimo foi criado em 1940 sob o ideal de suprir as necessidades básicas de uma família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Porém, mais de 80 anos depois, a realidade vivida pelos brasileiros que recebem esse valor mensalmente é bem diferente. Os atuais R$ 1.320 não cobrem mais as principais despesas familiares. A Gazeta, então, foi às ruas para ouvir trabalhadores e também especialistas sobre qual seria o valor ideal para um salário mínimo digno hoje em dia.

Para o professor de Economia Celso Bissoli, o salário mínimo atual não acompanha o reajuste de preços do mercado. Com isso, grande parte da população não consegue arcar com todas as despesas.

“Só de enumerar as diversas áreas que deveriam ser supridas pelo salário mínimo, a gente já percebe que nosso valor atual está bem abaixo do ideal”, disse Bissoli, comentarista do quadro Economia do Cotidiano, da CBN Vitória.

Conforme a última atualização, disposta na medida provisória 1172/23, o valor do salário mínimo atual no Brasil é de R$ 1.320, o que corresponde a R$ 44 ao dia e R$ 6 por hora de trabalho. Valor que não é suficiente para cobrir os gastos de uma família composta por dois adultos e duas crianças, como destaca o administrador Marcílio Rodrigues, de 44 anos.

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O salário mínimo é pouco para quem, como eu e minha esposa, tem dois filhos. É muito pouco para sobreviver bem e ter uma qualidade de vida boa

Marcílio Rodrigues
Administrador
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Para cuidar dos filhos de 9 meses e de 10 anos, Marcílio e a esposa, Carolaine Rodrigues, de 26 anos, abriram uma lanchonete para aumentar a renda e poder sustentar a família. Mas, ainda assim, não sobra muito dinheiro para outras atividades essenciais, como o lazer.

“Se não fosse o extra (da lanchonete), quase não sobraria dinheiro para dentro de casa, porque os gastos com gás, comida, água e luz são um absurdo", diz Carolaine, que também é cuidadora de idosos.

Quem também sofre com esse problema é a atendente Marileuza da Silva, de 44 anos, que é mãe de um menino de 7 anos. Ela relata que o salário mínimo é insuficiente. “Se recebesse um valor acima dos R$  2 mil, chegando a R$ 2.800, começaria a melhorar um pouquinho, entendeu? Não seria suficiente, mas ajudaria mais um pouco."

Segundo dados atualizados em setembro de 2023 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo ideal para um trabalhador brasileiro deveria ser de R$ 6.280,93, ou seja, 4,7 vezes mais que o valor atual. O economista Celso Bissoli acrescenta que o impacto dessa diferença varia conforme os produtos de maior consumo do assalariado, sendo que, para as classes mais baixas, a maior parcela da remuneração é direcionada à alimentação, enquanto o combustível é um fator que afeta mais as classes elevadas.

Pesquisa do Dieese em 17 capitais concluiu que, em 14 delas, houve redução do preço das cestas básicas. Entre as três que não se incluem, está Vitória (ES), que sofreu um aumento de mais de 3%, com o valor estimado em R$ 681,91.

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No Brasil, 90% da população recebe menos de R$ 3.500 por mês e 70% desses ganham até dois salários mínimos (R$ 2.640). Ou seja, a maior parte da população no Brasil se enquadra atualmente nas classes C e D. Então, mais de 63 milhões de pessoas vivem com uma renda per capita de até R$ 570 por mês

Celso Bissoli
Economista
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Economista Celso Bissoli
Celso Bissoli observa que o salário mínimo não acompanha o reajuste de preços do mercado. (Corecon/Divulgação)

Segundo Bissoli, o percentual da população que fica à mercê do valor do salário mínimo é expressivo. Como a maioria não consegue suprir as necessidades básicas, depende do poder público subsidiar a compensação desta renda, com auxílios como o Bolsa Família.

"Às vezes, as pessoas não entendem a importância do salário mínimo e de políticas públicas para tentar elevar esse salário. Não é o ideal porque o impacto nas contas públicas seria muito grande", aponta o professor.

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ISABELLE OLIVEIRA é aluna do 26º Curso de Residência em Jornalismo. Este conteúdo teve orientação do editor Weber Caldas.

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