Publicado em 10 de julho de 2025 às 16:54
A solução para evitar a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros importados pelo país norte-americano passa por uma negociação diplomática por parte do governo federal. Essa é a visão do advogado Eduardo Sarlo, em análise feita a pedido de A Gazeta sobre os impactos da medida anunciada pelo republicano, prevista para entrar em vigor no dia 1º de agosto. Confira a seguir a análise completa.>
Expectativa por negociação diplomática contra tarifa de Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa punitiva de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos EUA, com vigência a partir de 1º de agosto. A justificativa oficial foi a retaliação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, considerado por Trump uma “caça às bruxas”, além de supostas práticas comerciais desleais e restrições ao livre comércio digital.
Quanto aos impactos econômicos, a medida trouxe consequências imediatas: o real desvalorizou-se em cerca de 2% até 2,5 %, enquanto as taxas de câmbio futuras reagiram com forte volatilidade. As exportações brasileiras, que somaram US$ 40,4 bilhões em 2024, sendo 12 % destinadas aos EUA, enfrentam uma ameaça direta. Produtos como petróleo, aço, aeronaves, e commodities agrícolas, especialmente café e suco de laranja, devem sofrer queda na demanda e aumento nos preços internacionais, repercutindo na inflação global.
Entidades alertam para o impacto negativo em empregos, investimentos e cadeias produtivas integradas, sem qualquer base econômica plausível, pois, ao contrário do discurso americano, os EUA registram superávit comercial com o Brasil, de cerca de US$ 1,7 bilhão. Analistas internacionais classificam a medida como politicamente motivada, mais do que orientada por fundamentos econômicos e políticos.
Já no que tange aos impactos políticos, diplomaticamente, a decisão intensificou uma escalada de tensões entre Brasília e Washington. Lula reagiu firmemente, convocando reunião ministerial emergencial e prometendo retaliação conforme a Lei de Reciprocidade, defendendo a soberania e independência do Judiciário brasileiro. Enquanto nos EUA, o apoio à medida foi bem recebido por bolsonaristas, que a interpretam como solidariedade de Trump a Bolsonaro, reforçando a polarização política em ambos os países.
Resta agora saber se haverá negociação diplomática até o prazo limite de 1º de agosto, como proposto pela União Europeia em outros casos similares, ou se haverá retaliações brasileiras, que incluirão tarifas equivalentes em setores como aço, agronegócio e bens manufaturados. Também se especula que o Brasil recorra à Organização Mundial do Comércio (OMC), embora o tribunal de apelação da entidade esteja enfraquecido no momento em consonância com a especulação da empresa mundial.
Enfim, a tarifa de 50 % é uma medida com forte motivação política, sem justificativa econômica clara, dado o superávit dos EUA com o Brasil, e já reverberou na moeda, nos mercados e em cadeias integrais de produção. No campo diplomático, a ação pode catalisar uma crise bilateral, forçando o Brasil a adotar medidas de defesa comercial e internacional. O cenário para 2026 configura-se como mais um teste à resiliência das relações Brasil–EUA, em um contexto onde interesses geopolíticos, disputas jurídicas internas e sensibilidades eleitorais convergem de forma explosiva.
Eduardo Sarlo é advogado
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