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Publicado em 9 de julho de 2025 às 20:06
A forma mais digna de incluir uma pessoa com deficiência na sociedade é pelo trabalho. Essa é a opinião da secretária Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Anna Paula Feminella. Segundo ela, os PCDs não querem ser somente beneficiárias de serviços públicos. Querem também prover políticas públicas, serviços e em todos os espaços, inclusive no mercado de trabalho. >
A titular da secretaria esteve em Vitória, nesta quarta-feira (9), para participar do lançamento da campanha Diferenças que Somam, promovida pelo Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo (MPT-ES). O evento aconteceu no auditório do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 17ª Região, em Vitória. Entre a programação, estavam a assinatura de um termo de adesão, homenagem aos protagonistas da campanha e um talk show. A Lei Brasileira de Inclusão completa 10 anos em 2025.>
“A lei ainda é muito nova em relação ao preconceito que ainda existe. A deficiência deve ser percebida como uma condição humana e não como uma tragédia pessoal. Há falta de capacitação para as próprias empresas em fazer a gestão de forma inclusiva. Se não tivesse política de cotas, provavelmente PCDs não conseguiriam estar empregadas”, avalia.>
Anna Paula afirma que o lugar de pessoa com deficiência é em todo o lugar e que o ambiente de trabalho se qualifica com essa diversidade. >
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Para a procuradora do trabalho Fernanda Naves, o ingresso no mercado de trabalho enfrenta uma barreira na atitude das pessoas. Ela ressalta que aquela antiga ideia de que a pessoa com deficiência é incapaz e doente deve ser mudada. >
“A deficiência está na sociedade que impõe barreiras. O nosso objetivo é fazer com que essas pessoas possam exercer suas potencialidades. São exatamente as diferenças que nos tornam uma sociedade mais plural e é isso que a gente tem que valorizar”, afirma. >
Na opinião da procuradora, algumas empresas ainda têm dificuldade de incluir PCDs, pois acham que custa caro, vai dar trabalho, entre outras desculpas. >
“Acessibilidade não é um favor que as empresas fazem, é uma obrigação legal. Algumas delas deixam de cumprir a lei de cotas em todo o Brasil, inclusive no Espírito Santo”, frisa. >
O especialista em inovação e gestão Julio Diógenes participou do evento em um talk show, ao lado da procuradora Fernanda Naves. Ele é autista, tem TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) e altas habilidades. Com todos esses transtornos, ele precisou se adaptar para ter sucesso no mercado de trabalho. >
O executivo descobriu que tinha autismo aos 26 anos. Antes disso, passou por diversos problemas, como mudanças constantes de cursos e uma forte depressão, até chegar ao diagnóstico. Hoje ele é diretor de uma empresa de inovação e consultor na área de gestão de projetos e gestão estratégica de negócio. >
“Quando você encontra formas de lidar com o autismo, o transtorno vai ficando mais invisível para o outro, ou seja, as pessoas não percebem. Eu, por exemplo, tenho dificuldade de gestão com o toque. Como não vou ser tocado quando vou participar de um evento? Não tem o que fazer. Então, eu me exponho ao desconforto”, comenta.>
Para Diógenes, a inclusão não é sobre ser colocado nos espaços com regras específicas e vantagens, mas sim com uma adaptação geral. >
“Inclusão é quando eu tenho autonomia, me adapto e sou inserido de forma que passo a pertencer àquele espaço. Treinei muito tempo artes marciais para lidar com o desconforto do toque. Outra coisa que me ajudou na comunicação foi o teatro. O mundo não vai se adequar a você e eu brinco que é a síndrome do sol. O mundo não orbita ao seu redor. As situações não orbitam ao seu redor. Então, você vai precisar de algum grau de adaptação”, relata.>
Para ter sucesso no mercado de trabalho, ele afirma que o profissional com deficiência precisa valorizar suas habilidades e necessidades, não o contrário. “Senão você não vai ser incluído.”>
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