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'Estamos vendo apenas o início da recessão', avaliam economistas

"Estamos vendo apenas o início da recessão", avaliam economistas

PIB brasileiro recuou 1,5% no primeiro trimestre, segundo divulgou o IBGE na manhã desta sexta-feira. Previsão é que ao fim do ano o Produto Interno Bruto tenha recuo de 5,89%

Publicado em 29 de maio de 2020 às 13:05

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Pandemia do coronavírus pode representar frustração de receitas para o governo do ES da ordem de R$ 3,4 bilhões em 2020
Expectativa é que PIB do segundo trimestre apresente números ainda piores para a economia nacional. (Fernando Zhiminaicela/Pixabay)

Depois de ver que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 1,5% no primeiro trimestre de 2020, economistas avaliaram que estamos vivendo apenas o início da recessão. Essa é a avaliação feita pelo economista Ricardo Paixão e pelo PhD em Contabilidade e Finanças André Moura. Ambos concordaram que os próximos dados devem ser ainda piores, já que o segundo trimestre deve marcar o período mais afetado pelo isolamento social. 

Moura destaca que a crise poderia ser menor se, no início da pandemia, houvesse uma ação coordenada pelo governo federal para reduzir os impactos do coronavírus. Já Paixão cita três possibilidades para que o tombo da economia seja pelo menos um pouco amenizado – a utilização de reservas cambiais, a emissão de papel moeda e a utilização do fundo eleitoral. Já 

"O PIB brasileiro pode cair até 7% neste ano"

“Sem dúvida estamos vendo apenas o início da recessão. Estamos diante de uma pandemia e agora a gente vai ver os efeitos nos números. É possível que os próximos dados apontem resultados ainda piores. A previsão para 2020 é uma queda do PIB de 5% a 7%, então a gente vai passar por um encolhimento.  

As empresas vão produzir menos, o que deve acarretar num aumento do desemprego e redução da renda das famílias, deixando o quadro cada vez mais grave. A nossa economia é puxada pelo consumo das famílias, mas, com o cenário previsto, esse consumo deve reduzir, assim como deve reduzir a renda dessas famílias.  

Por isso se tornam tão importante as medidas de socorro. O auxílio emergencial de R$ 600 é uma ação louvável – mesmo sendo um valor pequeno –, assim como são importantes as medidas que visam a garantir o emprego – como a possibilidade de redução de carga horária e salários, suspensão de contratos e a manutenção da desoneração da folha salarial. 

A pergunta que fica é: de onde vai sair o dinheiro para isso? Cito três possibilidades: a primeira é usar parte das reservas cambiais para fazer tais auxílios. O Brasil tem um volume enorme de reservas. 

Outra possibilidade é a emissão de dinheiro, já que a inflação está baixa. É uma boa saída para um momento em que os preços estão controlados.

Por fim, pode ser usado o bilionário fundo eleitoral para o pagamento dessas ajudas. No entanto, para que isso aconteça, é necessária grande articulação entre o Executivo e o Legislativo. São três possibilidades internas para estender os benefícios e amenizar, um pouco o recuo da economia. Mas se nada for feito a situação pode ser ainda pior.”

Ricardo Paixão

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"No segundo trimestre a queda tende a ser ainda maior"

“Acho que esse resultado de queda de 1,5% foi até bom. No segundo trimestre a queda tende a ser ainda maior, possivelmente chegando perto de 10%. Na média, analistas têm estimado a queda do PIB brasileiro em torno de 6% ao fim do ano, o que indica um segundo trimestre muito afetado e uma recuperação no terceiro e quarto trimestres na comparação com os meses de abril a junho.  

Do jeito que as coisas andam não dá para fugir da recessão. No começo do ano a gente não via um impacto muito grande no longo prazo, mas não houve um ação coordenada pelo governo federal para reduzir esse impacto. Ao minimizar a pandemia o governo federal prestou um desserviço, incentivando as pessoas a irem para as ruas, fazendo com que o período de isolamento precisasse ser maior.  

Soma-se a isso a crise política que estamos passando, que deixa tudo ainda pior. Se a gente tivesse adotado outra postura, possivelmente a gente teria um resultado econômico melhor. Mas agora os investidores não querem investir porque o cenário está ruim e os consumidores não querem consumir porque há muita incerteza. Nós somos o epicentro da doença no mundo e ninguém sabe dizer quanto tempo mais isso vai durar.”

André Moura

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