Publicado em 12 de novembro de 2021 às 10:03
O setor energético tem passado por profundas transformações em todo o mundo e caminha para dar cada vez mais protagonismo a fontes renováveis, como a eólica, a solar, a biomassa e o hidrogênio verde. Ainda que o Espírito Santo tenha uma importante participação da indústria de petróleo e gás na sua economia, iniciativas que estimulam a transição energética começam a ganhar força entre o setor público e privado. >
No Estado, as perspectivas vão na mesma direção. O secretário de Inovação e Desenvolvimento do Estado, Tyago Hoffmann, anunciou que o governo deverá lançar em breve a parceria público-privada (PPP) das miniusinas de energia solar para atender os prédios públicos. >
“Nosso objetivo é tornar o ES o primeiro Estado brasileiro com 100% da sua energia consumida a partir de fontes renováveis. A partir dessa PPP queremos nos transformar no principal modelo para o Brasil.” >
A notícia foi dada durante a Oil, Gas and Energy Week, evento promovido pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), em Vitória, nesta semana.>
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Até meados de 2022, o Espírito Santo vai contar com duas novas importantes fontes de informação sobre energias renováveis. O Governo do Estado prevê lançar, ainda em 2021, o mapa de radiação solar e planeja para o primeiro semestre do ano que vem o atlas eólico.>
A subsecretária de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Desenvolvimento Econômico (Sectides), Rachel Freixo, explicou que o mapa de radiação solar está sendo desenvolvido pela Sectides em parceria com o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), já o atlas eólico é um trabalho realizado em conjunto pela secretaria em parceria com a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, empresa controlada pelo governo da Alemanha. >
Ela ponderou que no caso do atlas eólico as informações vão ser disponibilizadas em diferentes etapas, já que a coleta completa de dados requer mais tempo, cerca de três anos. A primeira fase do projeto é estimada para ser divulgada no primeiro semestre de 2022.>
“Queremos expandir nosso sistema de energias renováveis, atrair investimentos e aproveitar o interesse que existe no mundo por projetos com esse perfil. Além da prospecção ativa que fazemos junto a potenciais investidores, estamos trabalhando para desburocratizar a legislação, principalmente a ambiental, e para estimular o desenvolvimento de pesquisa e inovação na área.” >
O gerente executivo de Negócios da Findes e coordenador do Fórum Capixaba de Petróleo, Gás e Energia, Cícero Grams, reforçou a vocação e o potencial que o Espírito Santo tem para produzir energia limpa. Ele citou que um levantamento feito em todo o país pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), companhia pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, mostrou as áreas com maior potencial para geração de energia eólica. >
“O mapeamento identificou que os litorais dos estados do Nordeste, do Rio Grande do Sul, do Norte do Rio de Janeiro e do Sul do Espírito Santo são regiões mais propensas para a geração de energia eólica offshore. Ou seja, estamos entre os principais locais do país para receber investimentos de parques eólicos no mar”, explicou Grams ao comentar que duas empresas – a Equinor e a Votus Winds - já protocolaram projetos no Ibama interessadas em gerar energia a partir dos ventos no litoral Sul capixaba. >
Durante seu discurso na Oil, Gas and Energy Week, o secretário de Inovação e Desenvolvimento do Estado, Tyago Hoffmann, citou o Gerar, programa do governo capixaba voltado para o estímulo à geração de energia limpa.>
“No programa, temos previstos, entre outros pontos, incentivos fiscais que zeram o ICMS para a produção de até 5 megas na microgeração de energia solar fotovoltaica, além do estímulo à pesquisa e às atividades acadêmicas relacionadas a fontes renováveis.”>
A subsecretária da Sectides, Rachel Freixo, ressaltou que a divulgação dos novos mapas somada a iniciativas que vêm sendo adotadas pelo Estado, como com o Programa Gerar, vão contribuir para que o Espírito Santo se torne uma referência na adoção de práticas sustentáveis e diversificação da matriz energética. >
O gerente executivo de Negócios da Findes, Cícero Grams, disse que a energia solar também tem grande potencial e que os incentivos que vêm sendo dados no Estado aos autoprodutores domésticos, como a isenção de ICMS, vão acelerar a adoção dessa fonte de energia. >
“Esse movimento que está acontecendo é muito positivo, afinal, estamos no caminho para a diversificação da matriz energética, fortalecendo o uso de fontes renováveis, e ainda vamos nos tornar mais independentes na nossa capacidade de geração. Hoje, a energia consumida aqui vem principalmente de outros estados.” >
Na abertura da Oil, Gas and Energy Week, a presidente da Findes, Cris Samorini, frisou que falar sobre o segmento energético e sobre a adoção de fontes renováveis é falar sobre oportunidades para o setor produtivo e para toda a sociedade. >
Ela lembrou, inclusive, que essa visão está muito alinhada à agenda ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança), que traz diretrizes essenciais para o desenvolvimento e o crescimento sustentável. >
“Este é um tema que praticamente será obrigatório na pauta das organizações e dos governos que desejam estar conectados com as melhores práticas mundiais. E, aqui no Estado, esse movimento já começou a ser adotado por grandes empresas. Mas o que devemos entender é que a energia renovável não deve ser só uma bandeira, mas um tema que requer ações pragmáticas”, defendeu Cris. >
O governador Renato Casagrande, que também esteve presente no evento, reforçou o coro sobre a importância da discussão da matriz energética e das iniciativas que precisam ser adotadas para reduzir os efeitos climáticos. >
Ele, que acabou de voltar da Escócia, onde participou da 26ª Conferência do Clima (COP-26), lembrou que o Espírito Santo vai construir um plano para reduzir as emissões de carbono até 2050. >
“O petróleo para nós é muito importante, o gás é uma transição que temos, mas é preciso focar em energia renovável. Temos que saber fazer a migração. Nós assumimos o compromisso para chegar à neutralidade de carbono em 2050 e, desde já, vamos estruturar esse plano. Este é um debate fundamental para nós, e não é um debate apenas ambiental, mas também econômico.” >
No primeiro dia de programação (09), a Oil, Gas and Energy Week contou com a participação de importantes nomes do setor energético capixaba e nacional. >
Nos painéis foram debatidos temas como a agenda ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança), a diversificação da matriz energética, o cenário de petróleo e gás do ES e os projetos da Equinor para o Estado e para o Brasil. >
Na quarta-feira (10), foram realizados painéis e debates sobre mercado de gás, oportunidades de descomissionamento de plataformas e projetos da Petrobras para o Espírito Santo. >
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