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Publicado em 24 de junho de 2021 às 20:29
Parlamentares capixabas já se articulam para derrubar, nas próximas semanas, o veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao projeto que incluía Aracruz, Governador Lindenberg, Itaguaçu e Itarana, além de 78 cidades de Minas Gerais, na área de abrangência da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). >
Em comunicação oficial à presidência do Senado, o governo Bolsonaro vetou a medida e afirmou que o projeto apresenta vícios de inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse público, e, por conta disso, foi barrado.>
Segundo o deputado federal Evair de Melo (PP-ES), entretanto, já existe um acordo firmado com a Secretaria de Governo, a Casa Civil e os líderes do governo na Câmara e no Senado para que haja a derrubada do veto no Congresso.>
“O critério para o veto não foi ser a favor ou contra o projeto. O presidente foi orientado pela Fazenda a vetar o texto porque estaria abrindo mão da receita, e isso poderia levá-lo a sofrer sanções administrativas mais à frente. Mas antes mesmo de a decisão ser publicada no Diário Oficial, já tínhamos um acordo para que o governo apoiasse a derrubada do veto”, explicou o deputado, que é um dos vice-líderes do governo na Câmara.>
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Evair destacou que, desta maneira, há a expectativa de que a decisão do presidente seja anulada em breve, e de que os municípios capixabas e mineiros possam efetivamente ter acesso aos benefícios da Sudene.>
O deputado federal Da Vitória (Cidadania), líder da bancada capixaba no Congresso, reiterou a intenção de reverter a decisão presidencial e “fazer justiça com o Estado.”>
“Tivemos uma curta comemoração, interrompida com o veto do presidente Bolsonaro. Não sei os motivos que o levaram a vetar, mas estão transcritas na justificativa explicações sobre a constitucionalidade, que já foram vencidas tanto no Senado quanto na Câmara pelas consultorias, técnicos e procuradores. Mas é soberano o Congresso. Tenho convicção e estou otimista que esse Congresso vai fazer o seu dever de casa.” >
Já a senadora Rose de Freitas (MDB-ES) disse desconhecer acordos acerca do tema, mas se mostrou favorável a uma articulação. A parlamentar ainda criticou a postura do presidente em vetar o texto, afirmando que o governo agiu contra os municípios. >
“O governo agiu contra aquilo que lutamos para aprovar. Construímos uma maioria, construímos uma votação favorável, não deveria ter vetado. Foi feito todo um esforço para ampliar a inserção dos municípios que precisam de amparo na área de abrangência da Sudene porque isso poderia beneficiá-los. Não houve diálogo conosco, mas vamos trabalhar para derrubar o veto e acho que teremos apoio no Plenário. Já está avisado: vamos nos unir.”>
Através da Sudene, o governo federal concede benefícios fiscais para empresas que se instalam nessas cidades, contribuindo para a atração de investimentos. Há, por exemplo, isenção ou redução de até 75% no Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), além de descontos no PIS/Pasep e Cofins para aquisição de novas máquinas.>
Em função disso, a inclusão de uma cidade dentro da área da Superintendência favorece a atração de empresas e investimentos, promovendo também a geração de empregos de mais qualidade e que pagam melhores salários nessas regiões, que são menos desenvolvidas. Esse era um antigo pleito de setores produtivos capixabas para estimular a dinamização da economia da região Norte do Estado.>
A expectativa era de que a medida permitisse um novo salto de desenvolvimento regional no Espírito Santo nos próximos anos. No caso de Aracruz, em especial, que já tem uma série de investimentos previstos, a inclusão na área da Sudene possibilitaria que o município e tornasse um novo polo de atração de negócios em território capixaba.>
Segundo a justificativa apresentada pelo Ministério da Economia para o veto, a proposta ampliaria as despesas da Sudene e os incentivos fiscais sem apresentar estimativas do impacto que ela causaria nas contas públicas e sem determinar medidas de compensação. >
“A propositura legislativa incorre em vício de inconstitucionalidade e contraria interesse público, pois acarretaria aumento de despesas primárias ao ampliar a área de atuação da referida superintendência sem apresentar a estimativa do impacto orçamentário-financeiro e a memória de cálculo utilizada para a previsão das despesas a serem geradas com a inclusão de mais de 80 municípios àquela área.”>
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