> >
"Após estrondo, teto da sala cedeu e chão rachou", diz moradora de prédio do Minha Casa

"Após estrondo, teto da sala cedeu e chão rachou", diz moradora de prédio do Minha Casa

Bloco 13 do condomínio no bairro Jabaeté foi interditado pela Defesa Civil de Vila Velha; estrutura passará por avaliações do órgão e também pela equipe do Crea

Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 10:39- Atualizado há 3 anos

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura

A moradora do bloco 13 do Residencial Vila Velha, no bairro Jabaeté, Deslaine de Jesus Maian disse que o prédio havia já passado por um estrondo, antes do episódio que levou à evacuação do edifício na noite da última quinta-feira (11). O empreendimento pertence ao programa Minha Casa Minha Vida, com finalidade social.

Em entrevista ao fotógrafo de A Gazeta, Ricardo Medeiros, ela relatou que após o barulho informou o problema à síndica do condomínio. Mas um segundo som forte foi escutado por moradores antes que algum especialista avaliasse a estrutura.

Prédio do Residencial Jabaeté, do programa Minha Casa, Minha Vida, foi intertitado pela Defesa Civil após moradores ouvirem estrondo
Prédio do Residencial Vila Velha, do programa Minha Casa Minha Vida em Jabaeté, foi interditado pela Defesa Civil após moradores ouvirem estrondo. (Ricardo Medeiros)

“Teve um estrondo [segundo barulho] e veio as rachaduras, o teto da sala deu uma cedida durante a noite. Hoje de manhã tinha uma rachadura no chão. Os azulejos do apartamento de cima subiram”, conta a moradora do primeiro andar. Ela está temporariamente hospedada na casa de uma amiga.

Segundo a síndica Mirian de Freitas, moradores evacuaram o prédio na noite de quinta-feira, após barulhos altos vindos da estrutura. Visualmente, teriam sido localizadas rachaduras em três apartamentos, mas a vistoria ainda é realizada nesta sexta-feira.

A maior parte dos moradores passou a noite fora de casa. Alguns dormiram em casa de parentes, vizinhos, outros ficaram na calçada do condomínio. Ainda segundo a síndica, pelo menos quatro moradores retornaram aos apartamentos no meio da noite, sem autorização, e lá dormiram.

No momento, estão se organizando para que, um a um, os moradores possam entrar, acompanhados de agentes da Defesa Civil, para tomar um banho ou buscar roupas. Os moradores, porém, seguem desabrigados.

A Defesa Civil de Vila Velha informou que esteve no local e orientou os moradores a deixarem os apartamentos. A área foi isolada e o órgão vai entrar em contato com a empresa responsável pela construção do prédio para que um engenheiro faça uma vistoria no bloco.

Moradora do segundo andar, Uzir Barreto disse que a síndica do condomínio a alertou de que o prédio poderia desabar. Ela falou que, agora, não tem onde dormir. "Ela (a síndica) falou pra mim 'desce que o prédio vai desabar' e eu pensei que fosse desabar mesmo. Agora vou ficar na rua, esperar o que a prefeitura e a Caixa vão fazer com a gente", disse.

Na manhã desta sexta-feira (12), a Defesa Civil municipal informou que foram constatadas trincas e rachaduras na estrutura. "Preventivamente, a Defesa orientou que os moradores deixassem o local. Ainda na manhã desta sexta-feira (12) será realizada nova vistoria técnica para laudo de engenharia”, disse em nova nota enviada à imprensa.

Prédio do Residencial Vila Velha, do programa Minha Casa, Minha Vida em Jabaeté, foi interditado pela Defesa Civil após moradores ouvirem estrondo(Ricardo Medeiros)

Segundo o conselho, o órgão tem adotado a prática de atuar com rigor e austeridade diante de condutas irregulares nas atividades que envolvem a área tecnológica, em especial a engenharia.

A reportagem de A Gazeta demandou a Caixa Econômica Federal, responsável pelo programa Minha Casa Minha Vida, para saber mais detalhes sobre a construção do prédio e as medidas adotadas em relação aos moradores, mas não obteve retorno. Assim que houver um posicionamento, este texto será atualizado.

Em nota, o Corpo de Bombeiros Militar disse que a Defesa Civil Estadual esteve no imóvel na manhã desta sexta-feira (12), avaliando as condições da edificação, juntamente com representantes da Defesa Civil Municipal, da Caixa Econômica Federal e da Construtora.

A Defesa Civil Estadual autorizou a entrada controlada de moradores, um por vez, para a retirada de pertences pessoais, no entanto, a liberação ou não do imóvel para retorno dos moradores segue sob avaliação.

Além do prédio 13, moradores reclamam de falha generalizada do condomínio, como trincas, infiltrações e queda no teto. Cerca de 250 brigam na Justiça para serem indenizados. As empresas responsáveis pela construção - que foram três ao longo dos anos - já foram identificadas. Contudo, segundo a Caixa, todas elas já faliram. As obras foram entregues em 2016, sendo que o contrato de construção foi assinado em 2010.

O QUE DIZ A PREFEITURA

A Prefeitura de Vila Velha informou que a Defesa Civil Municipal, em reunião com representantes da Defesa Civil Estadual, Bombeiros, Caixa e Crea, decidiu manter a orientação de interdição do prédio por mais 72 horas, até que seja dado novo parecer de engenharia da edificação.

O QUE DIZ A CAIXA

A Caixa informou que encaminhou uma equipe técnica ao local e que, até os moradores poderem retornar às suas residências, eles serão colocados em hotéis. "A Caixa, na condição de representante do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), prestará a assistência necessária aos moradores do bloco interditado até que a segurança das unidades seja atestada."

O banco público ainda destacou que, conforme regras previstas no Minha Casa Minha Vida, o FAR se responsabilizará pelos reparos necessários e fará a contratação emergencial de uma empresa para execução das obras, o que ocorrerá nos próximos dias, após a conclusão do diagnóstico e monitoramento que serão efetuados no prédio.

A Caixa ainda frisou que as três empresas que atuaram nas obras (Construtora R Carvalho Construções e Empreendimentos Ltda, Decottignes Construção e Incorporação Ltda e Solare Construtora Incorporadora Ltda), bem como os sócios, estão impedidas de operar com a Caixa em novos projetos.

Com informações de Ricardo Medeiros, Daniel Past e Tiago Félix.

Errata Atualização
12 de fevereiro de 2021 às 19:03

A reportagem foi atualizada com os posicionamentos da Caixa Econômica Federal e da Prefeitura de Vila Velha.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais