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Surto no Santa Rita: Sesa vai investigar se obras podem ter espalhado fungo

Surto no Santa Rita: Sesa vai investigar se obras podem ter espalhado fungo

Apuração irá mapear intervenções realizadas na área hospitalar e revisar documentos para entender como o microrganismo entrou na unidade

Ana Muniz

Residente em Jornalismo / [email protected]

Publicado em 10 de novembro de 2025 às 17:14

Hospital Santa Rita
Um surto de contaminação ocorreu no Hospital Santa Rita, em Vitória Crédito: Ricardo Medeiros

Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Espírito Santo vai investigar se as obras realizadas no Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória, contribuíram para a entrada e dispersão do fungo histoplasma, responsável pelo surto que atingiu profissionais e pacientes da unidade. O microrganismo foi identificado em 33 dos 141 casos investigados e confirmado como causador das doenças respiratórias associadas ao hospital. Uma das hipóteses sobre a origem da contaminação envolve reformas internas e externas próximas ao setor onde o surto começou.

Durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (10), o secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, afirmou que o hospital realiza reformas com frequência, o que será um dos focos da nova fase de apuração. “Ele passa constantemente por reformas maiores ou por pequenas manutenções internas. O hospital está passando por obras externas bem significativas”, contou Hoffmann.

Coletiva da Sesa esclarece causa de surto no Hospital Santa Rita.
Coletiva da Sesa esclarece causa de surto no Hospital Santa Rita. Crédito: Sara Ohnesorge

Segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, uma equipe técnica da Sesa e engenheiros já iniciaram o mapeamento das obras realizadas no hospital. “Nossa equipe já esteve dentro do hospital mapeando essas obras, tanto em terra quanto pelo ar-condicionado”, afirmou. Além disso, Cardoso afirma que documentos relativos às reformas estão sendo analisados.

Até o momento, nenhuma irregularidade foi verificada. “No trabalho que fizemos lá, não encontramos resquícios de fezes [de aves e morcegos], o ambiente está limpo, então não temos como dizer se foi dali. Estamos mapeando para saber se, quando fez [a obra], tinha ali”, completou Orlei.

Hoffmann destaca que o objetivo da investigação não é punitivo, e sim preventivo. “O Hospital Santa Rita tem colaborado em tudo e feito o que nós temos solicitado. Mas nós, enquanto vigilância, precisamos fazer essa investigação para corrigir eventuais falhas e evitar que outros surtos como esse possam acontecer”, defende.

Fungo se espalha por esporos suspensos no ar

De acordo com o diretor do Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen), Rodrigo Rodrigues, o histoplasma é um fungo encontrado em locais com acúmulo de fezes de morcegos ou pássaros. A contaminação ocorre pela inalação de esporos presentes no ar, e não por contato entre pessoas.

“Sótãos, telhados, cavernas e grutas têm o acúmulo dessas fezes. Às vezes, quando isso entra em suspensão por uma obra ou uma pessoa que entra lá naquele local fechado por muito tempo, ela é exposta aos esporos”, explicou.

Bactéria também foi identificada

Além do fungo, foi registrada a presença da bactéria Burkholderia cepacia em uma amostra de água de um bebedouro da enfermaria do Santa Rita. O microrganismo teria sido responsável pela infecção de duas técnicas de enfermagem, que desenvolveram quadros mais graves.

* Este conteúdo é uma produção do 28º Curso de Residência em Jornalismo. A reportagem teve orientação e edição do editor Murilo Cuzzuol.

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