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Publicado em 10 de novembro de 2025 às 17:14
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Espírito Santo vai investigar se as obras realizadas no Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória, contribuíram para a entrada e dispersão do fungo histoplasma, responsável pelo surto que atingiu profissionais e pacientes da unidade. O microrganismo foi identificado em 33 dos 141 casos investigados e confirmado como causador das doenças respiratórias associadas ao hospital. Uma das hipóteses sobre a origem da contaminação envolve reformas internas e externas próximas ao setor onde o surto começou. >
Durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (10), o secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, afirmou que o hospital realiza reformas com frequência, o que será um dos focos da nova fase de apuração. “Ele passa constantemente por reformas maiores ou por pequenas manutenções internas. O hospital está passando por obras externas bem significativas”, contou Hoffmann.>
Segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, uma equipe técnica da Sesa e engenheiros já iniciaram o mapeamento das obras realizadas no hospital. “Nossa equipe já esteve dentro do hospital mapeando essas obras, tanto em terra quanto pelo ar-condicionado”, afirmou. Além disso, Cardoso afirma que documentos relativos às reformas estão sendo analisados.>
Até o momento, nenhuma irregularidade foi verificada. “No trabalho que fizemos lá, não encontramos resquícios de fezes [de aves e morcegos], o ambiente está limpo, então não temos como dizer se foi dali. Estamos mapeando para saber se, quando fez [a obra], tinha ali”, completou Orlei.>
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Hoffmann destaca que o objetivo da investigação não é punitivo, e sim preventivo. “O Hospital Santa Rita tem colaborado em tudo e feito o que nós temos solicitado. Mas nós, enquanto vigilância, precisamos fazer essa investigação para corrigir eventuais falhas e evitar que outros surtos como esse possam acontecer”, defende. >
De acordo com o diretor do Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen), Rodrigo Rodrigues, o histoplasma é um fungo encontrado em locais com acúmulo de fezes de morcegos ou pássaros. A contaminação ocorre pela inalação de esporos presentes no ar, e não por contato entre pessoas. >
“Sótãos, telhados, cavernas e grutas têm o acúmulo dessas fezes. Às vezes, quando isso entra em suspensão por uma obra ou uma pessoa que entra lá naquele local fechado por muito tempo, ela é exposta aos esporos”, explicou.>
Além do fungo, foi registrada a presença da bactéria Burkholderia cepacia em uma amostra de água de um bebedouro da enfermaria do Santa Rita. O microrganismo teria sido responsável pela infecção de duas técnicas de enfermagem, que desenvolveram quadros mais graves.>
* Este conteúdo é uma produção do 28º Curso de Residência em Jornalismo. A reportagem teve orientação e edição do editor Murilo Cuzzuol. >
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