Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 11:57
- Atualizado há 2 horas
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) divulgou os resultados da auditoria instaurada para investigar as condições do parto normal do bebê Alderico, que nasceu com 6,5 kg no Hospital São José, em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, no dia 9 de agosto deste ano. Segundo relato da mãe, Ariane Borges, de 39 anos, o filho teve o ombro deslocado no momento do nascimento e ficou cinco minutos sem respirar, e ela sofreu uma hemorragia durante o procedimento, precisando receber 55 pontos.>
De acordo com a Sesa, a auditoria – instaurada em 8 de outubro e finalizada nesta semana – concluiu que o Hospital Maternidade São José seguiu os protocolos com base no encaminhamento do município e nas informações disponíveis sobre o pré-natal da paciente. A secretaria afirmou que, conforme investigou, Ariane não teria concluído o pré-natal e apresentava histórico de bebês grandes nascidos por parto normal, além de se enquadrar nos critérios de gestação de alto risco. >
A Sesa também afirmou, ao divulgar o resultado da auditoria, que mãe e bebê evoluíram bem após o parto (nota na íntegra ao final do texto). Ariane contesta as informações da secretaria.>
A reportagem de A Gazeta conversou com Ariane após ter acesso ao resultado da auditoria. A mulher contou como vem sendo a rotina da família, e questionou o resultado da auditoria, e disse enfrentar um momento difícil, já que o marido, pai de Alderico, faleceu na terça-feira (9), vítima de um infarto. Ela lamentou a morte do companheiro, que sempre esteve ao seu lado e acompanhou o parto e o desenvolvimento do filho.>
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Alderico completou quatro meses, está pesando 8,9 kg e medindo 70 cm. Ariane disse que ele faz fisioterapia duas vezes por semana, mas os movimentos do braço e da mão ainda não voltaram e a evolução tem sido lenta. Segundo a mãe, o bebê apresenta cansaço e dificuldade para respirar, consequência do momento do parto em que ficou cinco minutos sem respirar. Ela afirma que também sofre sequelas, já que os pontos não cicatrizaram corretamente, o que causou episódios de hemorragia. Apesar do uso de antibióticos, o sangramento persiste e a mulher segue em acompanhamento médico.>
A mãe de Alderico contou ainda que realizou as consultas de pré-natal em Água Doce do Norte e em outras cidades, e que os médicos do Hospital São José sabiam que a gestação era de risco. Segundo Ariane, não houve dilatação no dia do parto e ela não sentia dor. Ainda assim, o procedimento foi induzido. A mulher relatou que foi colocada de bruços e que o bebê foi puxado “para ver como ele estava”. >
Ariane Borges
Mãe de AldericoApós ouvir Ariane, A Gazeta procurou novamente a Sesa, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.>
A nota na íntegra da Sesa sobre a auditoria
A Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa|ES) concluiu auditoria sobre o atendimento realizado no Hospital Maternidade São José sobre o caso chamado “bebê gigante”.
A análise atestou que o hospital atuou conforme o encaminhamento recebido do município e com as informações disponíveis sobre o pré-natal na ocasião, garantindo o atendimento rápido que preservou a vida da mãe e do recém-nascido.
A auditoria apontou que a paciente não completou o pré-natal e que possuía histórico de bebês grandes nascidos pela via natural. Concluiu também que a paciente tinha critérios formais para ser classificada como gestante de alto risco.
Informações coletadas junto ao município confirmam que o bebê está em acompanhamento fisioterapêutico semanal, com evolução favorável da mobilidade do ombro e braço. Da mesma forma, foi verificado que a mãe apresentou boa resposta clínica, evoluindo bem após o parto e sem intercorrências ou complicações após a alta hospitalar.
A Sesa informa que o caso será encaminhado para aprimoramentos na rede municipal, e que vai realizar aperfeiçoamento dos sistemas de informação entre Atenção Primária e maternidades, além de ofertar capacitações para o fortalecimento da linha de cuidado às gestantes.
A nota da íntegra do Hospital São José
A direção do Hospital São José informa que, até o momento, não recebeu nenhuma notificação oficial da Sesa referente à ocorrência mencionada.
A instituição reafirma seu compromisso com a transparência e está aberta a revisar seus procedimentos e fluxos assistenciais sempre que houver apontamentos de órgãos oficiais competentes.
O hospital mantém em sua equipe um quadro de especialistas altamente qualificados na área de maternidade, incluindo profissionais voltados ao cuidado de gestantes de alto risco. Segue, assim, um padrão de excelência pautado na atenção, no carinho e no cuidado dedicado a cada paciente e atendimento realizado.
O Hospital São José reitera seu comprometimento com o atendimento, o cuidado e o bem-estar de toda a população e manterá contato com a Sesa para obter mais informações sobre o desfecho da apuração.
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