Publicado em 26 de abril de 2024 às 08:49
Quarenta dias após a morte de Clarinha, no dia 14 de março, o corpo da paciente não identificada segue no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória. Doze testes de compatibilidade foram feitos com possíveis familiares nesse período, quatro ainda sem resultado. A intenção da Polícia Científica é liberar o corpo para sepultamento na próxima semana.
Entre os exames, foram realizados oito comparações por digitais, sendo sete com resultado negativo e um ainda em andamento. E quatro exames de DNAs, sendo um com resultado negativo e três aguardando resultado.
Comparação de digitais:
Identificação por DNA:
De acordo com a polícia, a estimativa é que as análises pendentes sejam finalizadas no começo da semana que vem e, logo depois, seja dado início aos procedimentos legais de liberação do corpo para o familiar ou, no caso de resultados negativos, para o coronel Jorge Potratz, médico que cuidou da paciente durante os anos de internação e se prontificou a fazer o enterro.
O chefe do Departamento Médico Legal, Wanderson Lugão, explicou que, normalmente, o prazo de liberação do DML é de 30 dias, mas, como esse é um caso muito específico, ficou estabelecido desde o começo que a liberação precisaria de pelo menos 40 dias.
Wanderson Lugão
Chefe do Departamento Médico LegalO chefe do DML explicou que quando um sepultamento de um corpo não identificado é feito pela equipe, alguns cemitérios municipais da Grande Vitória disponibilizam vagas. Normalmente, são os de Maruípe, em Vitória; o de São Domingos, na Serra; e o Pedro Fontes, em Cariacica.
Wanderson Lugão
Chefe do Departamento Médico Legal (DML) de VitóriaMas, na avaliação de Lugão, como o Coronel Jorge Potratz já se prontificou a fazer o processo, não tem porque a Clarinha ser enterrada como não-identificada.
Wanderson Lugão
Chefe do Departamento Médico Legal (DML) de VitóriaLugão esclarece, entretanto, que foi estabelecido um prazo e, até o momento, a expectativa é que a liberação do corpo seja feita na próxima semana, quando encerram os confrontos e comparações dos últimos exames.
"Já estendemos o prazo e fizemos todo o esforço para os processamentos de exames nesse período inicial, mas sabemos que não podemos prolongar isso enquanto famílias continuarem aparecendo, porque pode aparecer alguém nas próximas semanas ou meses, não temos como prever", avisou.
O chefe do DML de Vitória ainda disse que, se surgirem novos pedidos, e equipe vai tentar ajudar. "Se aparecer um caso no futuro e houver confirmação de compatibilidade ou parentesco, será preciso uma solicitação a um juiz, para a família pegar os restos mortais e sepultar em sua cidade, se essa for a vontade".
Durante esse período, o corpo de Clarinha está sendo refrigerado para manter suas condições até ser liberado para velório e/ou enterro.
"O corpo fica armazenado em uma gaveta única, a uma temperatura muito baixa, de 10 graus negativos, e fica conservado 100%, como se a pessoa tivesse acabado de falecer", disse Lugão.
Durante os 24 anos em que esteve internada, nunca foi possível colher digitais de Clarinha. Essa situação mudou apenas após o óbito, quando peritos capixabas realizaram um procedimento pós-morte que permitiu o levantamento de digitais completas para realização de comparações e exames.
A Prefeitura Municipal de Vitória, cidade onde a Clarinha ficou internada por 24 anos, informou que está inteiramente à disposição das autoridades e órgãos responsáveis por conduzir os processos de identificação do corpo e auxiliar no que for necessário, especialmente os trâmites relacionados ao sepultamento.
A história de Clarinha ganhou repercussão após uma reportagem sobre o caso ser exibida no Fantástico, em 2016. A mulher foi atropelada em um Dia dos Namorados, em 12 de junho de 2000, no Centro de Vitória. De lá, ela foi levada sem documentos para receber atendimento médico, chegou já desacordada e nunca foi comprovada a sua identificação por algum familiar.
Durante todos esses anos, ela ficou internada em estado vegetativo em hospitais da cidade. Clarinha morreu no dia 14 de março, ao passar mal após uma broncoaspiração.
*Com informações da repórter Ana Elisa Bassi, do g1 ES
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta