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Ômicron pode ter parte de vírus do resfriado e causar mais reinfecções

Ômicron pode ter parte de vírus do resfriado e causar mais reinfecções

O estudo ainda não foi revisado por outros cientistas nem publicado em revista, mas pode ajudar a explicar as condições de transmissão da nova variante

Publicado em 5 de dezembro de 2021 às 13:23

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variante Ômicron pode ter incorporado pelo menos uma de suas mutações ao coletar um fragmento genético de outro vírus – provavelmente um causador do resfriado comum – presente nas mesmas células infectadas. A descoberta foi publicada na última semana na plataforma OSG Preprints, segundo o Uol.

A nova variante também é avaliada em outra pesquisa por conta de aumentos de reinfecções por Covid-19, na África do Sul, levantando a suspeita de que essa cepa consegue escapar do sistema imunológico de quem já teve a doença.

Ainda não revisado por outros cientistas nem publicado em revista, o estudo sobre a fusão com o vírus do resfriado levanta a hipótese de que essa sequência genética não aparece em versões anteriores do Sars-CoV-2, mas é presente em muitos outros vírus, incluindo aqueles que causam o resfriado comum, e no genoma humano.

Ao incorporar esse fragmento, a Ômicron pode parecer “mais humana”, assim conseguiria escapar do ataque do sistema imunológico humano, afirmou Venky Soundararajan, do Instituto de Análise de Dados Nference, de Cambrigde, Massachusetts (EUA), que liderou o estudo sobre o assunto.

Imagens comparam as mutações da Ômicron com a Delta
Imagens comparam as mutações da Ômicron com a Delta. (Ospedale Pediatrico Bambino Gesù/Divulgação)

Com isso, o vírus é transmitido mais facilmente, mas causaria uma doença mais leve do que a causada por outras cepas da Covid ou assintomática. Como os estudos ainda são iniciais, os cientistas ainda não sabem se a Ômicron é mais infecciosa que outras variantes, se causa doenças mais graves ou se ultrapassará a Delta como a variante mais dominante da Covid-19.

Alguns estudos anteriores já indicavam que as células presentes nos pulmões e no sistema gastrointestinal humanos podem abrigar a Sars-CoV-2 e o vírus do resfriado comum ao mesmo tempo.

A infecção simultânea permitiria uma “recombinação viral”, quando dois vírus diferentes interagem enquanto fazem cópias de si mesmos e geram novos micro-organismos que contêm pelo menos uma parte de seu material genético em comum.

O estudo de Soundararajan mostra que essa nova mutação pode ter ocorrido pela primeira vez em uma pessoa infectada com os dois patógenos (organismos que são capazes de causar doença em um hospedeiro) quando uma versão do Sars-CoV-2 pegou o material genético de outro vírus.

A expectativa da agência é que, nas próximas semanas, estejam disponíveis os dados das avaliações iniciais. Até o momento, não se conhece esses impactos. Na nota, a Anvisa avalia também que o melhor a se fazer é que a população se vacine ou receba o reforço do imunizante.

Para os imunizantes disponíveis no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitou às desenvolvedoras de vacinas informações sobre os estudos em andamento. O ofício foi encaminhado na quarta-feira (1) para os laboratórios que possuem vacinas aprovada no Brasil: Pfizer, Instituto Butantan, Fiocruz e Janssen.

No caso de reinfecção, o aumento de casos na África do Sul, de acordo com estudos preliminares, tem ligação com a Ômicron. Segundo esses dados, essa cepa tem duas ou três vezes mais probabilidade de causar reinfecções em comparação com outras variantes.

"Essas descobertas sugerem que a ômicron é parcialmente impulsionada por uma maior capacidade de infectar indivíduos previamente infectados", disse Juliet Pulliam, professora da Stellenbosch University e uma das pesquisadoras do estudo, a reportagem da BBC.

VEJA OS SINTOMAS DA ÔMICRON

Organização Mundial da Saúde (OMS) considera, desde a semana passada, a Ômicron como uma "variante de preocupação". O Espírito Santo ainda não teve registros da nova variante, mas, no Brasil, já são três casos confirmados. A nova cepa foi sequenciada pela África do Sul no dia 25 de novembro, e com a análise dos pacientes que se infectaram já se sabe os sintomas da Ômicron e que se trata de uma variante potencialmente mais transmissível.

A infectologista Martina Zanotti explica a nova variante. “Os sintomas são parecidos com os que a já conhecemos: febre, dores no corpo, dor de cabeça, tosse, dores na garganta, e alguns outros que são mais incomuns como diarreia e vômito”, afirma.

A médica Angelique Coetzee, presidente da Associação Médica da África do Sul, que atendeu pacientes com a nova variante antes de ela ser descoberta, percebeu que os sintomas da Ômicron relatados são mais parecidos com a variante Beta, mas se diferem da Delta, uma das mais predominantes no país. Segundo a médica declarou ao jornal O Globo, os sintomas da Delta são: pulsação elevada, baixos níveis de oxigênio e perda de olfato e paladar.

Os primeiros dois casos da nova variante no Brasil são um homem de 41 anos e uma mulher de 37 que estavam imunizados com a vacina da Janssen. Ambos tiveram resultado positivo em exames de PCR coletados no laboratório Albert Einstein instalado no Aeroporto Internacional de Guarulhos, antes de viajarem à África do Sul. Eles estão isolados na casa de parentes em São Paulo, e apresentam sintomas leves.

O terceiro caso da variante foi confirmado nesta quarta-feira (1). Trata-se de um passageiro, de 29 anos, que veio da Etiópia e havia testado positivo para Covid-19. Ele estava isolado em Guarulhos, no estado de São Paulo, e acompanhado pela vigilância do município em que reside, O homem recebeu a vacina da Pfizer contra o coronavírus, e não apresentava sintomas.

Até o momento, não se registrou nenhuma morte associada à variante Ômicron, de acordo com a OMS. A Martina Zanotti afirma o que espera dos impactos da nova variante. “Nós esperamos que seja uma variante mais leve e menos mortal, levando em consideração também que boa parte da população já foi vacinada”, explica.

Apesar de ter uma taxa de mortalidade menor, a Ômicron é mais transmissível. “A variante tem um potencial de transmissão maior. Isso por conta da mutação dela na proteína Spike, que é a proteína de superfície do vírus, responsável pela entrada no organismo. Tornando ele mais viral”, detalha a infectologista.

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Segundo ela, apesar das diferenças da nova variante, a forma de prevenção não mudou. “A prevenção é a mesma e deve ser mantida: mascara, álcool, e distanciamento social”, afirma Zanotti

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