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Publicado em 28 de março de 2024 às 13:08
Você já imaginou ter à disposição centenas de atividades que estimulem a criatividade, o pensamento inovador e a percepção de mundo de forma mais integrada? Pois isso estará ao alcance dos capixabas, entre os dias 19 e 21 de abril, durante a programação do festival global WCD - sigla em inglês para Dia Mundial da Criatividade. As cidades de Vitória, Vila Velha e Serra serão as sedes das oficinas, palestras e workshops, com apoio da Rede Gazeta e do Fonte Hub. >
Uma das mentes por trás deste movimento, que acontece no Brasil desde 2014, é Luiz Eduardo Serafim - ou, simplesmente, Du Serafim, como é mais conhecido. No ano passado, ele se desligou de uma posição sênior na multinacional 3M e assumiu a direção-executiva do WCD no Brasil.>
Agora, frisa Du, é hora de um trabalho incansável para que visão, inovação e criatividade andem de mãos dadas e para que o mundo corporativo compreenda que não será possível avançar e se transformar sem investir em inovação: "Não há organização inovadora sem pessoas criativas", crava. Confira na entrevista a seguir:>
Como podemos definir o "Dia Mundial da Criatividade", para aquelas pessoas que nunca ouviram falar desta data e, particularmente, da programação que acontece em todo o país? >
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"World Creativity Day" é o maior festival colaborativo de criatividade do mundo com milhares de atividades gratuitas ligadas ao empreendedorismo, inovação, sustentabilidade, tecnologia e artes, democratizando conhecimento, entretenimento e experiências simultâneas em mais de 50 cidades do país nos dias 19, 20 e 21 de abril. É um movimento que nasceu no Brasil em 2014 e ganhou impulso a partir de 2017, quando a ONU estabeleceu 21 de abril como Dia Mundial da Criatividade e Inovação. Para conhecer a programação inspiradora de todo o Brasil e do Espírito Santo, basta olhar o site worldcreativityday.com e procurar sua cidade. >
Como se pode definir o que é criatividade? >
A criatividade é dos mais fascinantes potenciais humanos, que todos aplicamos diariamente em nossas vidas, combinada com outras inteligências e talentos para produzir novas ideias que solucionam problemas, provocam emoções, sensibilizam, atraem atenção, engajam, divertem e ainda por cima, geram auto-estima, crescimento e tremendo bem-estar em nossa vida. >
Por quase 30 anos você trabalhou em uma das multinacionais mais reconhecidas do mundo como espaço de inovação, e no ano passado abraçou a direção executiva do WCD no Brasil. Como este tema chegou à sua vida? >
Sinto a criatividade pulsar desde garoto, quando inventava jogos, escrevia histórias, aprendia a tocar piano. Sempre tive interesses ecléticos, querendo saber e fazer um pouco de tudo, gerando conexões múltiplas que tanto contribuem para a criatividade. Se a gente encontra ambientes favoráveis e outras pessoas inspiradas, como vi em casa, na escola e na universidade, tudo vira motivo para criar, seja um trabalho de classe, passeio de fim de semana, uma celebração de aniversário. Não à toa, fiquei 30 anos na 3M que cultivava genuína cultura de inovação. Agora, lidero a comunidade do Dia Mundial da Criatividade e empreendo com educação e inovação para incentivar pessoas e organizações a colocarem mais criatividade em suas jornadas. >
Na sua visão, inovação e criatividade andam juntas? Ser criativo é, também, ser inovador? >
Elas devem andar sempre de mãos dadas. Criatividade é o começo deste processo de criação de valor para as pessoas e para o mundo. Na largada, precisamos ter curiosidade para aprender sobre tudo e questionar paradigmas. A partir desses conhecimentos e reflexões, podemos gerar ideias originais. Mas se pararmos aí, não chegaremos a inovadores. Só quando desenvolvemos a nova ideia, ajustamos diversas variáveis e implantamos o projeto, gerando valor percebido, resultados e impactos, é que estamos produzindo inovação. Assim, são dois conceitos distintos, mas que vivem juntos e misturados. >
Há uma percepção de que, de uma maneira generalista - e talvez até mais depois da pandemia de Covid-19 - as empresas se abriram mais à discussão sobre criatividade e inovação. Esses dois pilares são capazes de tornar o ambiente de negócios mais rico ou mais competitivo? >
No mundo das organizações, com as transformações da sociedade em velocidade acelerada, a inovação passou a ser incentivada desde a virada para o século XXI. Ficou claro que as empresas precisam atualizar sua cultura, investir em transformação digital, inovar em seus produtos e processos, na experiência de marca, na forma como distribuem soluções e capturam valor para se adaptarem e manterem relevância no futuro. Faz duas décadas que sou ativo professor, palestrante e autor desse tema. Já a criatividade sempre ficou marginalizada do cotidiano das organizações, como se fosse tema para o universo das artes e brincadeiras, sem espaço no "mundo sério dos negócios". A pandemia, o isolamento social, o trabalho remoto, as questões de saúde mental e o debate sobre a IA acionaram um alarme e despertaram maior interesse corporativo sobre criatividade. Como sempre digo, não existe empresa forte sem inovação e não há organização inovadora sem pessoas criativas, um ambiente e uma cultura adequados. >
Saindo um pouco desse ambiente corporativo, como as famílias podem contribuir para a formação de novas gerações mais criativas e entusiasmadas com o novo? Quais fatores você apontaria como importantes nesse contexto? >
As famílias são importantes para potencializar a criatividade das crianças, estimulando sua curiosidade pelo mundo, incentivando as atividades manuais, a exploração da natureza, o olhar questionador, a quebra pontual de rotinas, algumas viagens e passeios, jogos com imaginação, a exposição a conteúdos diversos. Também podem contribuir para fortalecer a autoconfiança dos pequenos, envolvê-los em atividades colaborativas, seja na celebração de momentos familiares de maneira original, seja na solução coletiva de problemas. Lembro ainda que promover a criatividade não significa abrir mão completamente de disciplina e nem exige investimentos dispendiosos, pois há muito estímulo em hábitos simples e acessíveis e nas restrições de recursos. >
A partir de que momento a criatividade se expressa na vida de alguém? E como dar mais vazão a ela? >
Na tenra infância, a criatividade não vê limites, se expande e transborda, alimentada pela imaginação, sem temer restrições e afunilamentos gerados durante nosso processo de amadurecimento e sociabilização. Por isso, é tão importante estimular o brincar, o despertar da curiosidade, a contação de histórias. Nas escolas, a criatividade não pode se restringir a uma aula específica ou às artes, pois deve ser aplicada em qualquer desafio e disciplina, de maneira integrada. Trabalhos escolares e atividades em nossos lares podem estimular a curiosidade, o pensamento crítico, a atitude de aprendizagem e experimentação, as múltiplas possibilidades, o repertório diverso, o aspecto lúdico, aumentando as possibilidades das gerações ingressarem na vida adulta com autoconfiança, imaginação e menor tendência a se conformar às normas vigentes. >
Este ano, o WCD vai acontecer em 55 cidades brasileiras. Três delas são no Espírito Santo (Vitória, Vila Velha e Serra). Há uma meta de aumento de abrangência desse festival? Como outras cidades podem se preparar para edições futuras? >
Estamos felizes de consolidar nosso modelo que desenvolve lideranças criativas por meio da formação "Creative Leadership Professional", onde o trabalho de conclusão de curso é a realização do festival nas cidades, cujo sucesso depende da colaboração do ecossistema local. Abriremos inscrições para candidatos que desejam liderar o World Creativity Day em sua cidade, em 2025, a partir de julho. Em agosto, selecionamos as lideranças enquanto o curso de formação ocorre de janeiro a abril. As pessoas podem fazer sua pré-inscrição em nosso site sobre.worldcreativityday.com para serem líderes nas cidades, mas também podem participar como inspiradores, voluntários, patrocinadores e anfitriões, compondo uma das maiores comunidades criativas do Brasil. Em 2025, queremos chegar a 100 cidades e, no longo prazo, alcançar 500 localidades, ao redor de 10% dos municípios brasileiros, além de contagiar cidades pelo mundo com a criatividade e empreendedorismo brasileiros. >
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