Repórter / vzagoto@redegazeta.com.br
Publicado em 9 de maio de 2025 às 15:51
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (9) dados do Censo 2022 sobre quilombolas e revelou que grande parte dessa população vive em residências que não estão ligadas à rede de água e esgoto no Espírito Santo.
De acordo com o Censo, existem hoje 5.906 domicílios ocupados com pelo menos um morador quilombola em todo o Estado. As residências abrigam uma população de 17.200 pessoas, sendo 15.324 quilombolas.
No país, 61,7% da população quilombola vive em áreas rurais. No Espírito Santo, 35,06% desse grupo está na zona rural.
Em 40,4% dessas residências ocupadas por pelo menos um quilombola no Estado não há ligação com a rede geral de água. Assim, é preciso retirá-la de fontes como poço profundo ou artesiano, poço raso, freático ou cacimba, fonte, nascente ou mina.
O índice está acima do nacional, que aponta que 33,66% dos lares ocupados por quilombolas não estão ligados à rede.
O Censo ainda apontou que a ligação dos domicílios à rede geral de esgoto é ainda mais baixa no Estado. Somente 22,5% das residências estão ligadas à rede geral ou pluvial. Mas, na maioria, 54,17% dos lares, os dejetos vão para fossas rudimentares ou buracos.
Esse índice é maior que o nacional. No país, somente 17,53% dos domicílios estão ligados à rede geral de esgoto.
Em relação ao destino do lixo, em 66,31% dos domicílios no Estado há coleta por serviço de limpeza, situação melhor que o índice nacional, de 48,91%. No entanto, 24,84% do material ainda é queimado nas propriedades por não existir local adequado para ser despejado.
Em novembro de 2024, no mês da Consciência Negra, a reportagem de A Gazeta visitou quilombos de Conceição da Barra, município do Norte capixaba, com o maior percentual de população quilombola por habitante no Estado, e constatou falta de água potável para consumo.
No quilombo de Linharinho, os moradores tiram água da cacimba para atividades do dia a dia e precisam comprar galões na zona urbana para beber. Já em Morro da Onça, foi necessário o município abastecer as casas com carro-pipa nos períodos de seca mais intensa.
O município, segundo os dados do Censo, têm 30,92% das residências com quilombolas sem acesso à rede de água, sendo que, desse total, a maioria (16,75%) retira a água de poços profundos ou artesianos. Somente 9,57% estão ligadas à rede geral ou pluvial, com 54,92% sendo obrigadas a utilizar fossas. O lixo de 77,55% das residências é coletado, enquanto 18,63% precisa ser queimado nas próprias propriedades.
Censo 2022 sobre quilombolas
O Censo 2022 traz, pela primeira vez, uma série de temas com recorte para situação rural e urbana, exclusivamente para o universo da população quilombola. Entre eles, dados sobre sexo e idade, alfabetização, registro de nascimento, além de características dos domicílios com pelo menos um morador quilombola quanto ao saneamento básico, composição domiciliar e óbitos registrados.
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