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Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 20:15
- Atualizado há 5 anos
A emoção marcou o primeiro contato entre uma aposentada e um policial militar internado na UTI do Hospital Dr. Jayme dos Santos Neves, na Serra, na manhã desta quinta-feira (28). Uma semana após chegar ao Espírito Santo, transferido de Manaus após o colapso no sistema de saúde do Amazonas, mãe e filho conseguiram conversar pela primeira vez. >
Altamir Gomes de Oliveira, 49 anos, é um dos 36 pacientes que chegaram ao Estado, transportados em dois voos da Força Aérea Brasileira (FAB), no último dia 21. O policial chegou a passar mal durante o percurso, segundo relata o filho, Tiago Augusto Barreto de Oliveira.>
Com a ajuda da tecnologia e da equipe de enfermagem da unidade hospitalar, Altamir realizou o seu desejo: ele queria ver e conversar com a mãe, Raimunda de Oliveira, 68 anos. Com dificuldade, o policial pôde amenizar a saudade da mãe e relatar a sua condição: “Oi mãe, estou melhor um pouco. Passei um momento muito mal”, contou Altamir, durante a ligação.>
Do outro lado da tela, Raimunda não escondia a emoção. “Estou transbordando de felicidade. Vi meu filho, sei que está melhorando e que em breve voltará. Só tenho que agradecer, porque ele foi a tempo de se recuperar, de fazer o tratamento. E oro muito porque ele está sendo cuidado com muito zelo pela equipe de médicos e enfermagem. Se pudesse, abraçaria cada um deles”, relatou a mãe em entrevista para A Gazeta. >
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Raimunda explica que em Manaus a situação de Altamir se agravava. “Meu filho foi daqui muito mal, fiquei numa angústia que só Deus sabe, um sofrimento grande. Mas hoje foi um presente sem explicação, só quem é mãe sabe a alegria”, relata a mãe, ao se referir ao momento em que conversou com Altamir.>
Nos primeiro meses da pandemia, Raimunda conta que perdeu um tio querido, de 70 anos, e mais dois primos para a Covid-19. “Aqui não está fácil, você abre as redes sociais, todos os dias têm parentes informando a perda de familiares, de amigos”, conta.>
Sua expectativa agora é com o retorno do filho para Manaus. “Você vai ver lágrimas, vou chorar de alegria”, desabafa.>
Tiago é um dos três filhos de Altamir, que tem uma filha de 26 e outra de 10 anos. Quando viu o quadro de saúde do seu pai, que estava sendo tratado em casa, piorar, não teve dúvidas: pediu a transferência para outro estado assim que o militar foi internado. >
"Assim que ele deu entrada, eu falei: 'Aqui (em Manaus) ele não vai sobreviver, não vai ter oxigênio, não vai ter UTI, não vai ter nada'", recorda-se Tiago sobre o momento que levou Altamir ao Hospital 28 de Agosto pela segunda vez – na primeira, eles foram mandados de volta para casa.>
Assim que o pai embarcou, Tiago comprou uma passagem para o Espírito Santo. “Sai à meia-noite e cheguei às oito da manhã, depois de uma parada em Guarulhos (SP)", conta. >
Apesar de aliviado pela transferência do pai, Tiago revela que os últimos dias foram de desespero. "No mesmo momento em que soubemos da Covid-19, descobrimos que 40% do pulmão dele já estava comprometido, no dia seguinte já estava com 50% de comprometimento e só agravando. Ele tem problema de pressão, é do grupo de risco. Fiquei muito preocupado", desabafa.>
Tiago conta que tem acompanhado os avanços do pai. “Estava preocupado, mas de ontem para hoje teve uma melhora de 100%, graças a Deus. Ainda está na UTI, mas não está intubado e está sendo muito bem assistido. Esta semana, outros amigos meus perderam os pais. Talvez, se tivessem sido transferidos, ainda estariam vivos”, desabafa.>
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