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Publicado em 23 de janeiro de 2021 às 08:28
- Atualizado Data inválida
Exatamente no dia seguinte ao colapso no abastecimento de oxigênio que assolou hospitais de Manaus (AM), o jovem Tiago Barreto de Oliveira viu o pai sentir os primeiros sintomas da Covid-19. Quando ele precisou ser internado, o filho não teve dúvidas: pediu a transferência para outro Estado. >
"Assim que ele deu entrada, eu falei: 'Aqui (em Manaus) ele não vai sobreviver, não vai ter oxigênio, não vai ter UTI, não vai ter nada'", lembra ele, de quando levou Altamir Gomes de Oliveira ao pronto-socorro do Hospital 28 de Agosto pela segunda vez – na primeira, eles foram mandados de volta para casa.>
Tiago Barreto de Oliveira
Bacharel em Direito e filho de manauara transferido para o ESNa noite de quinta-feira (21), Altamir chegou ao Espírito Santo em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB). Além dele, outros 35 pacientes do Amazonas desembarcaram em solo capixaba, direto para o Hospital Estadual Doutor Jayme dos Santos Neves, na Serra, onde continuarão o tratamento. >
Chegada dos pacientes de Manaus infectados pela Covid-19 ao ES
Nessa luta pela sobrevivência, o filho quis estar o mais próximo possível que os protocolos da pandemia permitem e encarou uma longa viagem para se hospedar em um hotel em Jardim da Penha, em Vitória. "Sai à meia-noite e cheguei às oito da manhã, depois de uma parada em Guarulhos (SP)", conta. >
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Apesar de aliviado pela transferência do pai, Tiago revela que os últimos dias foram de desespero. "No mesmo momento em que soubemos da Covid-19, descobrimos que 40% do pulmão dele já estava comprometido. Ele tem problema de pressão, é do grupo de risco. Fiquei muito preocupado", desabafa.>
Tiago Barreto de Oliveira
Bacharel em Direito e filho de manauara transferido para o ESJá o futuro, embora ainda incerto, é de esperança. "Ele está sendo muito bem cuidado, bem assistido. Já vimos evolução com um exercício respiratório. Mas hoje (sexta-feira, 22) eu conversei com o médico e não tem previsão de alta. Talvez daqui a sete ou dez dias ele seja liberado da UTI para a enfermaria", esclarece. >
Aos 49 anos, Altamir trabalha como policial militar em Manaus. "Acredito que ele pegou (a Covid-19) trabalhando. Nós vimos muitos colegas adoecerem e morrerem lá. Sei porque minha mãe também é PM", relata Tiago. "Infelizmente, o que a gente tem vivido é consequência de um governo despreparado", lamenta.>
Tiago Barreto de Oliveira
Bacharel em Direito e filho de manauara transferido para o ESAlém do pai, o jovem tem um primo que precisou ser transferido para o Maranhão, ainda nos primeiros voos realizados pela FAB, na semana passada. "Nunca imaginei que a minha família passaria por isso. Era algo que poderia ter sido evitado, mas Deus está do nosso lado, nos dando força", garante. >
Aos 24 anos, o bacharel em Direito só espera poder ver toda essa situação superada e voltar com o pai para Manaus, onde vive com as duas irmãs e a mãe. "Estou esperançoso de que daqui a 15 ou 20 dias possa estar com o meu pai de novo. Não vai ser fácil, mas é o que mais quero: voltar com ele com muita saúde".>
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