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"Lá ele não iria sobreviver", diz filho de paciente transferido ao ES

"Lá ele não iria sobreviver", diz filho de paciente transferido ao ES

O pai de Tiago Barreto de Oliveira está entre os manauaras internados em UTIs capixabas; ele agradece a solidariedade e revela as dificuldades no Amazonas

Publicado em 23 de janeiro de 2021 às 08:28- Atualizado Data inválida

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Tiago Barreto de Oliveira, de 24 anos, ao lado do pai Altamir Gomes de Oliveira, de 49 anos
Tiago Barreto de Oliveira, de 24 anos, ao lado do pai, Altamir Gomes de Oliveira, de 49 anos. (Acervo pessoal)

Exatamente no dia seguinte ao colapso no abastecimento de oxigênio que assolou hospitais de Manaus (AM), o jovem Tiago Barreto de Oliveira viu o pai sentir os primeiros sintomas da Covid-19. Quando ele precisou ser internado, o filho não teve dúvidas: pediu a transferência para outro Estado.

"Assim que ele deu entrada, eu falei: 'Aqui (em Manaus) ele não vai sobreviver, não vai ter oxigênio, não vai ter UTI, não vai ter nada'", lembra ele, de quando levou Altamir Gomes de Oliveira ao pronto-socorro do Hospital 28 de Agosto pela segunda vez – na primeira, eles foram mandados de volta para casa.

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Lá eles estão decidindo quem vai ser salvo, mas não é por negligência médica, é porque não tem estrutura. O Estado não se preparou

Tiago Barreto de Oliveira
Bacharel em Direito e filho de manauara transferido para o ES
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Na noite de quinta-feira (21), Altamir chegou ao Espírito Santo em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB). Além dele, outros 35 pacientes do Amazonas desembarcaram em solo capixaba, direto para o Hospital Estadual Doutor Jayme dos Santos Neves, na Serra, onde continuarão o tratamento.

Chegada dos pacientes de Manaus infectados pela Covid-19 ao ES(Fernando Madeira)

Nessa luta pela sobrevivência, o filho quis estar o mais próximo possível que os protocolos da pandemia permitem e encarou uma longa viagem para se hospedar em um hotel em Jardim da Penha, em Vitória. "Sai à meia-noite e cheguei às oito da manhã, depois de uma parada em Guarulhos (SP)", conta.

Apesar de aliviado pela transferência do pai, Tiago revela que os últimos dias foram de desespero. "No mesmo momento em que soubemos da Covid-19, descobrimos que 40% do pulmão dele já estava comprometido. Ele tem problema de pressão, é do grupo de risco. Fiquei muito preocupado", desabafa.

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Quando ele ainda estava em casa, tentamos comprar cilindro de oxigênio e não conseguimos. Os exames tivemos que fazer em uma clínica particular

Tiago Barreto de Oliveira
Bacharel em Direito e filho de manauara transferido para o ES
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Já o futuro, embora ainda incerto, é de esperança. "Ele está sendo muito bem cuidado, bem assistido. Já vimos evolução com um exercício respiratório. Mas hoje (sexta-feira, 22) eu conversei com o médico e não tem previsão de alta. Talvez daqui a sete ou dez dias ele seja liberado da UTI para a enfermaria", esclarece.

Altemir é casado com a Katia Barreto, com quem tem duas filhas e o Tiago
Altamir é casado com a Katia Barreto, com quem tem duas filhas e o Tiago. (Acervo pessoal)

Aos 49 anos, Altamir trabalha como policial militar em Manaus. "Acredito que ele pegou (a Covid-19) trabalhando. Nós vimos muitos colegas adoecerem e morrerem lá. Sei porque minha mãe também é PM", relata Tiago. "Infelizmente, o que a gente tem vivido é consequência de um governo despreparado", lamenta.

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Só tenho a agradecer a todas as pessoas e aos Estados que se solidarizaram. Foi um plano de emergência que salvou muita gente

Tiago Barreto de Oliveira
Bacharel em Direito e filho de manauara transferido para o ES
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Além do pai, o jovem tem um primo que precisou ser transferido para o Maranhão, ainda nos primeiros voos realizados pela FAB, na semana passada. "Nunca imaginei que a minha família passaria por isso. Era algo que poderia ter sido evitado, mas Deus está do nosso lado, nos dando força", garante.

Aos 24 anos, o bacharel em Direito só espera poder ver toda essa situação superada e voltar com o pai para Manaus, onde vive com as duas irmãs e a mãe. "Estou esperançoso de que daqui a 15 ou 20 dias possa estar com o meu pai de novo. Não vai ser fácil, mas é o que mais quero: voltar com ele com muita saúde".

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