Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 14:15
- Atualizado há 5 anos
A situação em Manaus voltou a se agravar nas últimas horas, segundo relato de administradores de hospitais e de profissionais que atuam no atendimento de pacientes de Covid-19.>
O pesquisador Jesem Orellana, da Fiocruz-Amazônia, afirma que tem recebido vídeos, áudios e relatos telefônicos de pessoas que atuam na linha de frente de unidades de saúde com informações dramáticas.>
"Estão relatando efusivamente que o oxigênio acabou em instituições como o Hospital Universitário Getúlio Vargas e serviços de pronto atendimento, como o SPA José de Jesus Lins de Albuquerque", afirma ele. "Há informações de que uma ala inteira de pacientes morreu sem ar", completa.>
A informação de que a situação é crítica foi confirmada pelo reitor Sylvio Puga, da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), que administra o Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). Segundo ele, doentes estão sendo transferidos para o Piauí.>
>
"Acabou o oxigênio e os hospitais viraram câmaras de asfixia", diz o pesquisador Jesem Orellana. "Os pacientes que conseguirem sobreviver, além de tudo, devem ficar com sequelas cerebrais permanentes.">
A reportagem procurou o Hospital Getúlio Vargas. Profissionais da UTI não quiseram comentar a informação.>
Na recepção, a atendente disse que ninguém no hospital poderia conversar com a reportagem pois a situação era "de emergência".>
Profissionais da área de saúde afirmam que a situação é dramática e muitas pessoas ainda vão morrer já nas próximas horas por falta de assistência.>
Uma das profissionais disse, chorando, que os pacientes estão sendo "ambuzados", ou seja, recebendo oxigenação de forma manual, já que os respiradores estão sem oxigênio. Ela não quis ter o nome revelado.>
De acordo com ela, cada profissional consegue ambuzar um paciente por no máximo 20 minutos, quando tem que ceder lugar a outro técnico, o que torna a rotina de procedimentos arriscada, insuportável e caótica.>
O reitor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Sylvio Puga, confirmou também essa informação.>
Ele explicou que na manhã desta quinta-feira, dia 14, por falta de oxigênio, os pacientes estão recebendo atendimento por meio de ventiladores mecânicos, que são equipamentos que precisam do auxílio de uma pessoa para funcionar.>
Puga declarou que os funcionários do HUGV trabalham para evitar a morte dos pacientes. O aumento de vagas no HUGV foi um dos anúncios que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, fez ao passar três dias em Manaus e deslocar equipe para a cidade, que vive o colapso total da rede pública e privada de saúde.>
Ao longo da quarta-feira, vários familiares de pacientes que estão sendo tratados em casa, parte pela falta de vagas, corriam atrás de reabastecer os cilindros de oxigênio alugados sem sucesso.>
Pelo menos 30 pacientes com Covid-19 que estão internados no HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas), em Manaus, onde não há mais oxigênio, serão transferidos para o Hospital Universitário de Teresina, no Piauí, nesta quinta (14).>
A informação foi confirmada pelo presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina, Gilberto Albuquerque, que informou que os pacientes devem chegar à capital piauiense por volta de 13h, transportados em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira).>
Segundo Albuquerque, o pedido de transferência foi feito ainda de madrugada, pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.>
"A solicitação era para que nós pudéssemos recebem em Teresina 30 pacientes Covid que virão de Manaus. Montamos uma estrutura para que a gente possa receber esses pacientes no avião da FAB, fazer a triagem e o transporte de forma segura até o Hospital Universitário", relatou o presidente da FMS, que informou ainda que os pacientes são clínicos, ou seja, não demandam leitos de UTI, ainda.>
Na terça (12), o presidente Jair Bolsonaro já tinha responsabilizado o governo estadual do Amazonas e a prefeitura de Manaus por "deixar acabar" o oxigênio que seria destinado aos pacientes de Covid-19. Ele disse que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, teve que viajar para a cidade para "interferir" na situação local, que segundo ele estava um "caos".>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta