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Quantas pessoas precisam estar vacinadas para conter o coronavírus?

Quantas pessoas precisam estar vacinadas para conter o coronavírus?

Levando em conta o número de reprodução (R0) da doença, que fica entre 2 e 3 para a Covid-19, de 60% a 70% da população deve ser imunizada para administrar circulação do vírus

Publicado em 11 de janeiro de 2021 às 20:05- Atualizado há 3 anos

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Grandes expectativas surgiram com os resultados de fase 3 das vacinas de RNA mensageiro
Especialista estima que no mínimo 60% da população seja imunizada contra a Covid-19 para que o vírus seja controlado. (Freepik)

Com a iminência do início da vacinação no Espírito Santo, há também a expectativa de um retorno à normalidade do pré-coronavírus. Porém, ainda há um longo caminho a ser percorrido: para que o contágio da doença seja controlado, especialistas indicam entre 70% e 90% de uma população seja imunizada, o que garantiria uma maior segurança e diminuiria a circulação de um vírus. No caso da Covid-19, a expectativa é que, com 60% da população imunizada, a transmissão da doença seja administrada.

De acordo com dados apresentados em 27 de agosto de 2020, último senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Espírito Santo possui 4.064.052 habitantes. Para que se atinja o percentual mínimo para garantir a "imunização de rebanho", seria necessário vacinar 2.844.052 pessoas, o que corresponde à 70% da população. Para atingir os 90%,  3.657.646 pessoas deveriam receber o imunizante.

Quantas pessoas precisam estar vacinadas para conter o coronavírus

Esse percentual é utilizado como base para doenças infecciosas em geral, como a tuberculose e o sarampo, que já causaram mortes na Europa e nas Américas, como apontou a pós-doutora em epidemiologia Ethel Maciel, em texto publicado em julho de 2020. O cálculo para se estabelecer esse valor leva em conta o número de reprodução (R0) do agente etiológico, ou seja, o vírus ou bactéria responsável por espalhar a doença na população. 

Para exemplificar, Ethel demonstrou que o R0 do vírus da influenza, a gripe comum, é de 1,3, enquanto o do sarampo chega a 18. Essa taxa, em relação ao coronavírus, está estimada entre 2 e 3, mas a Covid-19, como lembrou a infectologista, possui um potencial letal muito maior do que outras doenças infecciosas, além de causar sequelas graves, podendo atingir até o sistema neurológico.

"A Covid-19 apresenta um risco muito maior de doença grave e até morte e ainda desconhecemos todos os efeitos do vírus no organismo, que podem também afetar o sistema neurológico e se apresentar com sintomas de AVC, confusão mental, alteração do nível de consciência e neuropatia periférica", destacou Ethel.

Para a Covid-19, portanto, Ethel estima que seja necessário, no mínimo, que 60% da população seja vacinada. No Espírito Santo, isso representa 2.438.431 pessoas. O cálculo, denominado "limiar de imunidade de rebanho", é realizado através de uma fórmula que leva em consideração o R0 da doença - que, no caso da Covid-19, foi adotado como 2,5 - para que se descubra o percentual necessário para a imunização.

"O R0 permite calcular a porcentagem mínima de indivíduos imunizados, por terem contraído a doença ou estarem vacinados, necessária para proteger toda a população. Esta condição, conhecida como limiar de imunidade de rebanho, é calculada por [1- (1/R0)]*100. Para o SARS-CoV-2, usando um valor intermediário de R0 de 2,5, o cálculo seria: [1- (1/2,5)]*100, assim, [1 - (0,4)]*100, ou seja [0,60]*100 que daria a proporção de 60% da população necessária para imunidade de rebanho", explicou.

2.438.431
PESSOAS PRECISARIAM SER IMUNIZADAS NO ES PARA ATINGIR 60% DA POPULAÇÃO

Com a possibilidade de haver já em janeiro a disponibilidade do imunizante e início da vacinação no Espírito Santo, há uma expectativa para que a população adulta seja vacinada em até seis meses. Isso havia sido confirmado pelo secretário do Estado de Saúde, Nésio Fernandes em dezembro de 2020, e a capacidade de  rapidez de imunização no Espírito Santo foi reiterada pelo subsecretário do Estado de Saúde, Luiz Carlos Reblin, durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (11). Segundo ele, há cerca de 500 salas de vacinação no Estado, o que permitirá vacinar até 1 milhão de pessoas em 20 dias.

"Em tempos de vacinação, o Espírito Santo possui 497 salas de vacinas fixas. Via de regra, nas campanhas esse número aumenta, porque municípios adotam estratégias, então ultrapassamos as 500 salas. Estimando que poderíamos vacinar 100 pessoas em cada sala, poderíamos vacinar 1 milhão (de pessoas) sem alterar horário, dias, em um mês. Em 20 dias, vacinaríamos 1 milhão de pessoas", disse o subsecretário.

Reblin ainda afirmou que a margem de segurança estipulada em 60% da população imunizada ainda não pode ser confirmada e depende da eficácia das vacinas aplicadas na população. Ele lembrou, também, que os imunizantes foram testados apenas na população adulta até o momento e, por isso, ainda é necessário que haja mais tempo para se ponderar uma imunização coletiva.

"A necessidade de vacinar 60% decorre do resultado final da eficácia das vacinas. Dependendo da fase final sobre isso, é que vão se definir qual a cobertura mínima necessária para vacina proteger a coletividade. Lembrando que essa é uma vacina que não foi testada nos jovens com menos de 16 anos. Então precisamos de mais tempo para compreender sobre essa imunidade coletiva", afirmou.

O subsecretário garantiu, contudo, que o Espírito Santo possui condições de começar a aplicar os imunizantes assim que forem entregues ao governo estadual. Reblin estipulou um prazo de 48 horas após a chegada das vacinas para que as doses estejam em posse dos municípios. Ele ressaltou que isso, porém, depende da quantidade de vacinas que forem disponibilizadas ao Estado.

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