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Publicado em 4 de junho de 2024 às 15:05
No Sul do Espírito Santo, pesquisadores foram "além" do reconhecimento de Jerônimo Monteiro como “Terra da Laranja”. Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) está investigando o uso de carvão proveniente de laranjeiras para o trato do esgoto sanitário no município. A ideia é possibilitar um tratamento mais eficiente e de menor custo do efluente, antes que ele seja descartado no meio ambiente. >
A pesquisa é feita pelo programa de Pós-Graduação em Recursos Florestais da USP, em parceria com o Laboratório Multiusuário de Energia da Biomassa da Ufes, e faz parte da tese de doutorado da pesquisadora Iara Nobre Carmona. Protótipos para os testes foram instalados na estação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Jerônimo Monteiro.>
“Como o laboratório trabalha diretamente com reaproveitamento de resíduos, pensamos em trabalhar em diferentes linhas de beneficiamento dos resíduos da madeira de laranjeira [...] Encontrei diversos trabalhos científicos com utilização de biocarvões de diferentes resíduos em 'wetlands' construídos, mas nada com resíduo de madeira de laranjeira utilizado nesse tipo de sistema”, explica a pesquisadora Iara Nobre Carmona.>
Na pesquisa, que está em fase final, o biocarvão é utilizado para alimentar um sistema de filtragem adaptado. Esse carvão vegetal, feito da madeira residual da laranjeira, é colocado em um “wetland”, sistema presente em vários países que utiliza vegetação, substrato e microrganismos para purificar os efluentes. >
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A diferença do projeto realizado em Jerônimo Monteiro é o tipo de material utilizado dentro do sistema: ao invés de usar apenas itens como o cascalho e a areia, que são mais comuns, a pesquisa testa o carvão de laranjeira como meio filtrante na camada principal. >
Ananias Francisco Dias Júnior
Professor e orientador
Os resultados da pesquisa, que tem previsão de ser encerrada em dezembro, são animadores. Foi identificado que o sistema foi capaz de reduzir significativamente impurezas como sólidos sedimentáveis, turbidez, nitrogênio, fósforo e oxigênio consumido do esgoto sanitário, que são parâmetros utilizados para avaliar a qualidade do efluente.>
Essa é uma preocupação nas estações de tratamento porque, antes de descartar o esgoto que sai das casas, comércios e indústrias, uma série de processos precisam ser realizados para diminuir a carga poluidora do efluente. Os procedimentos são necessários para que, quando o esgoto for descartado, não provoque prejuízos ao meio ambiente.>
De acordo com os pesquisadores do estudo em Jerônimo Monteiro, os resultados encontrados atendem aos limites estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes para gestão do lançamento de efluentes em corpos de água. >
Além do Saae de Jerônimo Monteiro, o estudo tem parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Portugal. A ideia é que os resultados contribuam para políticas públicas de qualidade de água e, futuramente, se discuta, inclusive, a ampliação do uso do carvão de laranjeira para diferentes tipos de filtros.>
“Dentro do programa, a gente tem uma filosofia de impactar as tomadas de decisões, com estudos que tenham um impacto imediato na sociedade. A gente acredita que esse estudo pode contribuir para a melhoria do tratamento de esgoto e para a qualidade da água e que, futuramente, a gente consiga replicar isso em outros projetos”, finaliza o professor Ananias.>
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