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Publicado em 18 de janeiro de 2023 às 19:20
“Mamãe, meu coração está doendo” foi a última frase que a professora Alessandra Marcelino ouviu da filha Ana Luisa Ferreira Marcelino, de dez anos, antes de a menina ser levada para uma sala de emergência do Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares, em São Mateus, no Norte do Estado. A garota morreu no dia 12 de janeiro de 2021, após ser atendida pelo falso médico Leonardo Luz Moreira. Dois anos depois, a família espera por Justiça. O inquérito que investiga a morte da criança ainda não foi concluído. >
Alessandra Marcelino
Mãe de Ana LuisaNo braço, a mãe carrega uma homenagem para a filha. Um desenho feito por Ana Luisa virou uma tatuagem, como uma forma de manter a menina sempre perto. A professora lembra com dor e indignação dos últimos momentos com a menina.>
“Para mim é muito difícil relembrar aquela cena. Eu a acompanhei até a sala de emergência e, logo depois, ele (o médico) veio e eu comecei a gritar por socorro. Eu perguntei para ele o que ele fez com a minha filha”, lembrou Alessandra, em entrevista para a repórter Rosi Bredofw, da TV Gazeta Norte.>
Na semana passada, familiares e amigos colocaram um outdoor em frente ao hospital em que a menina morreu e fizeram uma manifestação na porta da delegacia de São Mateus, onde o suposto crime é investigado. No cartaz, eles reforçaram que querem resposta e justiça.>
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No dia 11 de janeiro de 2021, Ana Luisa Ferreira Marcelino começou a vomitar e a ficar pálida. A mãe, preocupada, levou a filha para o Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares, em São Mateus. Lá, segundo Alessandra, elas foram atendidas por Leonardo Luz Moreira – um falso médico.>
“Na hora que a enfermeira pulsionou a veia dela, minha filha começou a ficar pálida. Quando começou a aplicar a injeção de medicação, minha filha começou a gritar ‘mamãe, meu coração está doendo’”, relatou a mãe, na ocasião.>
Um medicamento foi prescrito e aplicado na veia da criança. Logo em seguida, a menina começou a passar muito mal, teve complicações e morreu. O corpo dela foi levado para o Serviço de Verificação de Óbitos, que fica em Vitória. Na certidão de óbito consta que a morte se deu por gastroenterite viral.>
Leonardo Luz Moreira, o médico que atendeu a menina, foi preso pela Polícia Federal no dia 18 de agosto de 2021, durante uma operação voltada ao combate de prática ilegal da medicina. Ele foi apontado como um falso médico.>
As investigações apontam que ele se matriculou em uma faculdade da Bolívia, onde estudou medicina por apenas seis meses, adulterou os documentos para parecer que já havia cursado quatro anos e pediu transferência para uma instituição brasileira. >
Ainda de acordo com as investigações, o falso médico foi contratado por diversas prefeituras da Região Norte do Espírito Santo e também pelo Governo do Estado.>
Segundo a Secretaria Estadual de Justiça (Sejus), poucos meses após a prisão, Leonardo foi solto por meio de alvará, em dezembro de 2021.>
Por nota, a Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Mateus, informou que o inquérito policial sobre o caso está em fase de relatório final, mas que foi requisitado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES).>
O órgão, por sua vez, disse que acompanha o caso e requisitou o documento para análise. "No momento, não é possível fornecer mais informações para evitar eventuais prejuízos às apurações. Após a conclusão do IP pela Polícia Civil, o MPES voltará a analisar os autos para a adoção das medidas cabíveis", afirmou.>
Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), que é responsável pelo hospital onde a menina morreu, informou que o homem não era servidor estadual e, sim, funcionário de uma empresa contratada para a prestação de serviços médicos. >
A reportagem de A Gazeta tenta localizar a defesa de Leonardo e o espaço segue aberto para manifestação.>
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