Kelly (de azul), passeia pelo Espírito Santo com a mãe Elizabeth e os sobrinhos Valery e Thiago
Kelly (de azul), passeia pelo Espírito Santo com a mãe Elizabeth e os sobrinhos Valery e Thiago. Crédito: Carlos Alberto Silva

Das montanhas às praias: o que os turistas acham do Espírito Santo?

Giro da reportagem de A Gazeta ouviu turistas de Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e até de Portugal e da Venezuela; em solo capixaba, visitantes destacaram as principais impressões do Estado

Tempo de leitura: 6min
Vitória
Publicado em 04/03/2025 às 08h16

São 410 quilômetros de litoral, paisagens montanhosas, clima variado e uma culinária diversificada para todos os gostos. Quando se fala em Espírito Santo, definições não faltam para pontuar as qualidades de um Estado que, com poucos quilômetros de distância de um ponto a outro, oferece refúgio nas cachoeiras e o lazer nas ondas do mar, assim como oferta um forró pé-de-serra pertinho da melhor moqueca — dizem que o resto é peixada — feita no país.

Isso, porém, muito se ouve de quem nasce e vive aqui, o que não é difícil quando se tem pontos como a vista do Convento da Penha, em Vila Velha, as cachoeiras de Buenos Aires, em Guarapari, e o aconchego da Região Serrana com Pedra Azul no catálogo, por exemplo.

Mas o que será que os turistas acham das qualidades capixabas? O litoral de fato agrada? As paisagens são convidativas? O clima e a culinária têm deixado aquele gostinho de quero mais nos visitantes? A Gazeta foi para as ruas — e pontos turísticos — para descobrir. Em um giro de Norte a Sul, ouvimos turistas das mais variadas regiões do Brasil e até mesmo estrangeiros, que contaram sobre suas experiências em solo capixaba.

Mobilidade e segurança no topo dos comentários

Acompanhada da família, a cozinheira Claudia Braz, de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, decidiu passear pelas praias de Vila Velha. À beira-mar, ela contou suas impressões sobre o Estado vizinho ao seu.

“Dei muita sorte. Amei esse lugar e estou até pensando em ficar aqui direto. Não desfazendo do meu Rio de Janeiro, mas aqui tenho mais tranquilidade”, disse Claudia, destacando a sensação de segurança durante a estadia. O quesito segurança, inclusive, foi um dos mais pontuados pelos turistas entrevistados durante o giro da reportagem.

“Em relação ao transporte público, aqui é bem melhor do que lá [no Rio de Janeiro], pelo tempo de deslocamento e pela segurança, por exemplo”, completou a visitante.

Hospitalidade deixa a desejar?

Também do Estado fluminense, o casal Cássia Senra e Bruno Daniel escolheu o Espírito Santo para um momento de descanso e para novas experiências com o filho, José Otto, de apenas um ano. Na primeira vez do pequeno na praia, o mar capixaba garantiu a diversão da família, que também destacou suas observações desde a chegada do Rio de Janeiro.

“Estamos usando transporte por aplicativo e a única dificuldade foi em um domingo em que o carro estava demorando bastante e estava bem caro. Os pontos mais convidativos envolvem praia, mas a gente pensa duas vezes, porque fica mais difícil de se locomover. Em dias úteis, por exemplo, o carro por aplicativo é quase 50% mais barato”, disse Cássia.

Quando questionado sobre a hospitalidade dos capixabas, o casal confessa que “cada caso é um caso”, mas nada que afete o momento de descanso.

“A maioria das pessoas tem falado que o capixaba é um povo fechado. Mas é normal, tem pessoas que são mais simpáticas e outras que são mais fechadas. No Rio também tem. Toda vez que a gente pediu informação, a gente foi bem atendido”, avaliou Bruno.

E quem vem de fora do país?

De passagem pelo Brasil para visitar familiares, a publicitária Kelly Santaella — que é da Venezuela e vive na Espanha — decidiu passear para conhecer os atrativos de Vitória, onde a encontramos no Projeto Tamar.

“Gosto muito de como são as pessoas, que buscam nos entender. Mesmo que não falem meu idioma, sempre prestam apoio. Estou andando sem uma pessoa que fala os dois idiomas [português e espanhol] e me sinto segura”, disse Kelly.

Em relação à alimentação, a venezuelana provou e aprovou o self-service dos restaurantes capixabas, o qual comparou com as opções para alimentação em seu país. Por outro lado, observou que comer no Espírito Santo não é tão leve para o bolso.

Kelly Santaella

Turista venezuelana

"Busco opções econômicas, mas creio que, para quem vive aqui, comer não é tão barato"

Se tem Guarapari, tem mineiro!

Por Guarapari, a reportagem já esperava encontrar turistas com raízes em Minas Gerais: e foi dito e feito. De família mineira, o casal Ana Caroline e Diego Ribeiro hoje vive em Brasília e, após um cancelamento de última hora em outra viagem, escolheu a Cidade Saúde como destino. Em um dos balneários mais visitados do Espírito Santo, a avaliação do casal vai desde os preços até a hospitalidade dos capixabas.

“Por ser um lugar onde tem praia, os preços são muito bons. Já para transportes por aplicativo, observamos que os carros não demoram, mas são feitos muitos cancelamentos”, pontuou Ana Caroline.

Para ela, os capixabas são bem humorados e receptivos. A bronca, porém, ficou justamente com os motoristas das viagens particulares por meio dos apps.

“Viemos sem expectativa nenhuma e até com depoimentos ruins sobre Guarapari. Mas me surpreendi tanto que adorei o lugar. Por outro lado, o ponto negativo fica por parte dos motoristas por aplicativo, que estavam sem bom humor ou atenção, o que é frio demais para uma cidade que recebe tantos turistas”, completou, sendo que, para seu marido, os pontos negativos são os mesmos.

“Os preços, em geral, estão dentro da normalidade. Utilizamos os serviços por aplicativo e observamos cancelamentos desnecessários e zero cordialidade por parte dos motoristas. Apenas um, de todas as viagens que fizemos, foi extremamente gentil, mas um a cada dez”, ponderou Diego.

Indicação de amigos garantiu visita ao ES

Marco Frizzo é do Rio Grande do Sul e veio até o ES após a indicação de amigos
Marco Frizzo é do Rio Grande do Sul e veio até o ES após a indicação de amigos. Crédito: Carlos Alberto Silva

De Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o analista de sistemas Marco Frizzo decidiu visitar o Espírito Santo acompanhado da esposa, Sônia, e da filha, Sofia, após indicações de amigos.

"Nós gostamos de viajar e temos um país muito bonito, daí resolvemos prestigiar o Espírito Santo. É um lugar tranquilo e, até então, está tudo ótimo. Para comer, estão recomendando muito a moqueca. Se eu pudesse, levaria as praias daqui para o Rio Grande do Sul e, assim como me indicaram, também indicaria o Estado para amigos", disse Marco, em tom humorado.

Visitando as montanhas capixabas, a baiana Valdineia Pires turistou por Santa Teresa e Domingos Martins, classificando o Espírito Santo como um "lugar paradísiaco e apaixonante".

"Dou nota dez para o turismo do Estado. O transporte, no geral, é muito bom e tem preços acessíveis, além de ter serviços pontuais e organizados. As pessoas são hospitaleiras e, durante minha visita, senti que é tudo bem tranquilo. Amo sentir a brisa das montanhas e, no Estado, encontrei um ar geladinho, culinária impecável e todas as minhas expectativas foram atendidas", disse a visitante.

Os números do turismo no ES

Segundo a Secretaria de Estado do Turismo (Setur), em 2024, durante a temporada de verão (que possui os dados consolidados do último ano), a maior parte dos turistas que visitam o Espírito Santo são de Minas Gerais, representando 33,69%. Já os visitantes do Rio de Janeiro formam uma parcela de 10,49%, enquanto São Paulo e Bahia são 3,6% e 1,48%, respectivamente. Os 50,74% restantes são compreendidos por capixabas que rodam o Estado e visitantes de outros lugares do Brasil e do mundo. 85,95% dos visitantes escolhem o Espírito Santo para momentos de lazer.

"A gastronomia local foi o item mais bem avaliado pelos turistas que visitaram o Espírito Santo durante o verão de 2024, com uma taxa de aprovação de 93%. Além disso, 99% dos turistas afirmaram que recomendariam o destino visitado, indicando uma alta satisfação geral", destaca a Setur.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Economia Espírito Santo Gastronomia Turismo no ES Mobilidade Urbana Segurança

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.