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Conhecida como "Mendigata", capixaba deixa as ruas e vira empresária

Conhecida como "Mendigata", capixaba deixa as ruas e vira empresária

Jéssica Pinto da Luz chegou a estampar revistas e fazer figurações em novelas; hoje sonha se tornar atriz e modelo e quer cursar Medicina

Publicado em 30 de março de 2024 às 16:20

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Jéssica Pinto da Luz
Jéssica Pinto da Luz, a "Mendigata" . (Redes Sociais)

Natural do Espírito Santo, Jéssica Pinto da Luz, de 31 anos, foi de pessoa em situação de rua para empreendedora e investidora, segundo o jornal O Globo. Ela administra uma autoescola, com cinco funcionários, que arrendou há aproximadamente dois meses; decorou seu novo apartamento alugado de três quartos, que fica a cerca de 15 quilômetros do centro de Curitiba; e ainda montou sua loja virtual com roupas e acessórios variados para mulheres.

A realidade é bem diferente da qual vivia há quase 10 anos, quando ficou conhecida como a "Mendigata" de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, após ter sido descoberta por uma reportagem do Globo-Niterói.

Na época, Jéssica era usuária de drogas e morava nas ruas do centro da cidade. A mulher contou ao O Globo que perdeu a mãe assassinada quando tinha apenas 3 anos. Com pai alcoólatra, a menina cresceu entre a casa dos avós e diferentes abrigos e sonhava, um dia, tornar-se atriz e modelo. Foi por isso que, aos 13 anos, decidiu seguir para o Rio de Janeiro, de carona.

Ela disse que a última vez que usou drogas foi em 2014 e relata ter vários planos para o futuro, entre eles, comprar um carro, um apartamento e a empresa que arrendou. A jovem destaca, no entanto, que seu principal sonho é conseguir a guarda da filha Sophia, de 11 anos, que mora com sua irmã, em São Paulo. A jovem também teve um filho, Carlos Augusto, de 16 anos, que foi adotado.

"Eu usava o tíner como uma questão de sobrevivência, para perder o medo e não sentir fome. Fui para uma clínica de reabilitação quando minha história ficou conhecida, mas nunca fui viciada, embora a droga cause dependência química. Na época, ganhei um book para trabalhar como modelo, cheguei a sair em algumas revistas e fazer figurações em novelas. As pessoas me pediam autógrafos na rua. Tentei agarrar as oportunidades, mas elas não vieram", conta.

A jovem acrescenta que tem outros sonhos, como poder empregar pessoas que tiveram histórias parecidas com as dela, além de se formar na faculdade.

"As ruas foram uma escola para mim. Aprendi muito, mas lá não é lugar para ninguém. É muito difícil acordar em cima de um papelão, não ter onde tomar banho, não ter o que comer. Poupo o dinheiro que posso, invisto no banco e em diferentes negócios, porque não quero nunca mais voltar para as ruas."

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Ter isso tudo hoje é o que me faz ter mais força e coragem para conquistar mais. E quero poder ajudar outras pessoas a saírem dessa realidade também. É muito difícil se reerguer 

Jéssica Pinto da Luz
Empreendedora
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Jéssica Pinto da Luz. (Redes Sociais)

Depois que saiu das ruas, Jéssica vendeu água de coco e refrigerante na Praia de Copacabana antes de decidir deixar o Rio de Janeiro. Em suas andanças pelo país, foi para Teresina, no Piauí, onde trabalhou para uma empresa que vendia marmitas, e, em 2017, instalou-se em Registro, no interior de São Paulo, onde empregou-se em uma fábrica de palmito, teve uma noiva e ficou até 2022, quando seguiu para o Paraná. Antes de arrendar a autoescola, em Curitiba, trabalhou como auxiliar administrativa e depois gerente administrativa no empreendimento, pelo qual acaba de tirar a carteira de motorista.

"Vim para Curitiba porque também é uma cidade boa para trabalhar, e eu precisava recomeçar. O passado sempre vem à mente, mas quero viver o hoje, ser feliz, amar e ser amada. Mesmo sem muito estudo, consegui um bom emprego. Recentemente aluguei um apartamento maior para poder receber melhor a minha filha, meu maior sonho. Também sonho um dia me formar em Medicina, e quem sabe ainda trabalhar como modelo e atriz? Está longe da minha realidade hoje, mas ainda é um sonho", conta Jéssica. 

O repórter Marco Moreira, que primeiro a entrevistou para O Globo-Niterói, tornou-se um amigo.

"Fui fazer a matéria quando o colega de redação Gustavo Schmidt me ligou, no fim de tarde de um dia de semana, e disse que havia uma menina muito bonita nas calçadas do Centro de Niterói. Fui lá no mesmo dia e conheci a Jéssica. Ela estava triste, desconfiada, arredia, sentada em um colchão, na calçada, numa avenida principal. Falei sobre a possibilidade de fazer uma matéria para O Globo e na mesma hora Jéssica se interessou. Eu comentei que a matéria poderia trazer coisas boas para ela, como tratamento para dependência química ou alguém acenando com um trabalho ou outra oportunidade. A partir dali, muitas coisas boas aconteceram para ela. E nós viramos amigos e nos falamos até hoje. Ela diz que eu sou 'um anjo' que entrou na vida dela. Fico feliz por ter ajudado de alguma maneira" disse o jornalista.

Com informações do Jornal O Globo. 

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