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Publicado em 19 de setembro de 2024 às 18:40
O mês de setembro deste ano já superou, em 18 dias, o número de focos de incêndio registrados no Espírito Santo durante todos os meses de setembro dos últimos oito anos. Segundo o monitoramento dos focos ativos feito pela Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até a última quarta-feira (18), foram 195 queimadas identificadas no Estado. >
O número de 2024 é superior ao consolidado do mês de 2016 a 2023. No ano de 2015, por exemplo, foram 198 no mês inteiro. E o máximo para o mês foram 276 queimadas no ano de 2003, desde o registro da série histórica, iniciada em 1998.>
Ao considerar o ano todo, até 18 de setembro, foram registrados 529 focos, superando a média histórica anual de 407, ficando bem próximo ao total de focos de queimadas registradas em todo o ano de 2023, com 546.>
Ao analisar registros de atendimentos de incêndios de vegetação realizados pelo Corpo de Bombeiros, os dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) aponta que, de janeiro a agosto, quase dobrou o número de chamados. Foram 2.331 em 2024 contra 1.199 em 2023, um aumento de 94%. Confira no mapa abaixo a velocidade dos casos.>
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Entre as causas para esse crescimento nas queimadas, estão o tempo seco, provocado pela falta de chuvas nesta época do ano. A seca prologada também contribui para a ocorrência de queimadas. >
O coordenador da Meteorologia do Incaper, Hugo Ramos, explica que, neste período com poucas chuvas, a massa de ar seco que fica presente em boa tarde do Brasil dificulta a passagem da frente fria e a formação das chuvas. "Por conta desse ar mais seco, a vegetação fica mais suscetível em razão da queda das folhas. Qualquer centelha ou fagulha contribui para a propagação do fogo", frisa.>
Hugo Ramos
Coordenador da Meteorologia do IncaperCom base no Mapa Monitor de Secas, a partir de julho, houve a intensificação da seca no Estado, que passou de fraca para moderada no Centro e na parte Sul capixaba, em função dos indicadores climáticos. Em julho 32,1% do território capixaba estava em seca fraca e 67,9%, em moderada. >
No mês seguinte, a parte em seca moderada subiu para 91,5%, permanecendo 8,5% do território em seca fraca. No ano passado, por exemplo, em agosto, a seca fraca estava em 21,6%. O monitoramento é feito pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).>
Hugo Ramos explicou, ainda, que, com os últimos meses menos chuvosos, principalmente a partir de maio, foram se criando condições favoráveis para o aumento dos focos de incêndios, devido à estiagem prolongada. O período de seca normalmente vai de maio a outubro, e o período chuvoso do último trimestre do ano até abril do seguinte. >
Mas o final do ano passado foi considerado um período de estiagem, com seca no período de chuvas nesses meses. Quando o ano de 2024 começou, houve aumento de chuvas, inclusive com desequilíbrio no mês de março, quando ocorreram as fortes chuvas em Mimoso do Sul, Apiacá e cidades vizinhas no Sul do Estado. Ramos lembrou que, depois disso, houve queda significativa de chuvas no Espírito Santo.>
"A seca que estamos vivendo agora nada mais é que o reflexo da falta de qualidade das chuvas no final do primeiro trimestre do ano passado, início do período chuvoso", detalha. >
Sobre a relação com fenômenos climáticos e oceânicos como La Niña e El Niño, Ramos explica que, neste momento, estamos em condições de neutralidade no Pacífico Equatorial, que deve se manter nos próximos meses. Com a chegada da La Niña, no final do ano, a expectativa é ter atenuação de calor no período de verão. >
"Vale destacar que estamos no 15° mês consecutivo com temperatura acima da média. O planeta inteiro está aquecendo. Levando em consideração isso e a ocorrência contínua de catástrofes em várias partes do mundo, o Brasil não escapa. Não é que a temperatura vai abaixar no mês de verão. O calor acentuado pode ser atenuado sob influência do La Niña", destacou.>
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