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Com 3 mil mortos por Covid no ES, Serra e Cariacica voltam a preocupar

Com 3 mil mortos por Covid no ES, Serra e Cariacica voltam a preocupar

A média móvel de óbitos provocados pela doença subiu nos dois municípios da Grande Vitória e acende sinal de alerta

Publicado em 21 de agosto de 2020 às 20:27

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Cemitério Jardim da Paz, na Serra
Cemitério Jardim da Paz, na Serra: a curva do número de mortes está descendo em ritmo lento. (Divulgação / Cemitério Jardim da Paz)

O Espírito Santo ultrapassou nesta sexta-feira (21) a marca de 3 mil mortes por Covid-19. Após seis meses do primeiro registro, o número é elevado, e a curva de óbitos no Estado segue uma tendência de queda lenta. Serra e Cariacica, entretanto, acenderam novamente um sinal de alerta.

O secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, diz que os dois municípios da Grande Vitória tiveram um leve crescimento no número de mortes na avaliação da média móvel - retroativa a uma semana, no comparativo com os sete dias anteriores - e que o indicador causa preocupação.

"Houve também um discreto aumento das clássicas seis remoções diárias para os hospitais e, agora, de maneira concomitante a outras demandas que haviam diminuído muito na pandemia, como infarto e acidente de trânsito devido ao uso de álcool. É uma dupla carga de doenças no sistema de saúde e também na sociedade", pontua Nésio Fernandes. 

A média móvel é uma avaliação que mostra a tendência de comportamento da Covid-19 no meio de variações muito fortes de um dia para o outro. O secretário explica que, para saber se a curva de mortes está em crescimento consolidado na Serra e em Cariacica, será preciso fazer análise de pelo menos mais uma semana. Os dois municípios juntos têm 857 óbitos, o equivalente a quase um terço do que foi registrado em todo o Estado. 

TRAGÉDIA

As mortes são, para  Nésio Fernandes, uma lástima. "Não naturalizamos o óbito. O número a que chegamos dá a dimensão da tragédia provocada pela Covid-19. Vivemos uma pandemia que ainda não foi derrotada. Precisamos entender que o momento exige um exercício grande da sociedade porque, como alertamos desde o início da crise, uma vacina ou um tratamento específico para a doença levaria de 12 a 18 meses para ficar disponível. Nós ainda não temos. Temos uma população suscetível à doença e, à medida que as perdas são naturalizadas, aumentam os óbitos e a complexidade do manejo dos casos", ressalta o secretário, ao comentar sobre as 3.002 mortes desta sexta-feira. 

MAIS MORTES 

O futuro com a pandemia no Espírito Santo ainda não é positivo. A doutora em Epidemiologia Ethel Maciel revela que, nas projeções, a triste perspectiva é de cerca de mais mil mortos até o final de outubro. 

"Estamos com uma média de 17 óbitos por dia há algum tempo, mesmo descendo a curva. Essa 'descida' está sendo mais lenta do que a subida da curva epidemiológica, devido ao descompasso entre os casos do interior e da Grande Vitória", observa Ethel, que também é professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Essa lentidão, explica a professora, fez com que, nos últimos 40 dias, fossem registrados mil mortos pela doença. Na subida da curva, foram 85 dias para que mil pessoas perdessem a vida para o coronavírus. Para chegar ao marco de 2 mil mortos, foram mais 30 dias.

"Essa descida da curva epidemiológica ainda contará com mais mil mortos até que tenhamos uma situação considerada controlada. Muito dessa situação tem relação com a abertura de atividades, pois há uma exposição maior das pessoas ao vírus", avalia Etereldes Gonçalves Júnior, professor do Departamento de Matemática da Ufes.

Para fechar a conta da tragédia provocada pelo coronavírus, o professor diz que os números não serão proporcionais. "Alcançamos o pico quando tínhamos 1.470 óbitos. Porém, já passamos do dobro desse número, indicando que haverá mais mortes por Covid-19 na descida da curva epidêmica do que na subida."

 Para tentar conter esse volume de mortes, somente reduzindo a possibilidade de contaminação. Por essa razão, a epidemiologista Ethel Maciel  reforça que a  pandemia não acabou e que é necessário manter todos os cuidados necessários. 

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O distanciamento e as medidas de higiene têm que continuar. Se for sair de casa, dê preferência a locais abertos e evite aglomerações. Não há razão para termos festas; isso ainda tem um risco muito grande de transmissão, assim como a superlotação de coletivos

Ethel Maciel
Doutora em Epidemiologia e professora da Ufes
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