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Publicado em 27 de junho de 2025 às 20:11
Uma tendência nacional também bate à porta de mulheres no Espírito Santo: a primeira gestação está sendo adiada. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no censo de 2010 a média de idade das grávidas do primeiro filho era 26,8 anos e, em 2022, passou para 28,6 anos. Trata-se do terceiro maior crescimento em comparação a outros Estados — atrás apenas de Rondônia e Goiás — e a quinta mais alta do país. >
O IBGE afirma que a idade média da fecundidade é um indicador importante que mostra direcionamentos no comportamento reprodutivo, entre os quais se as mulheres estão tendo filhos mais cedo ou mais tarde. No Brasil, a idade média também aumentou no mesmo período, passando de 26,8 para 28,1 anos. >
No recorte por cor ou raça, que revela desigualdades sociais, econômicas e culturais, o Censo 2022 aponta que as mulheres brancas apresentam maior idade média de fecundidade (29,6 anos), enquanto as pardas têm 28,3 e as pretas, 27,5 anos.>
Além de adiar os planos da gravidez, o número de filhos por mulher vem diminuindo ao longo dos anos e muitas optam por não desempenhar o papel da maternidade. >
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É o caso da consultora em Sustentabilidade e Responsabilidade Social Araceli Bufon, de 47 anos. Desde cedo, ela não planejava engravidar e, mesmo com as pressões sociais, manteve-se convicta de que não seria mãe. "Nunca foi um desejo. Nem mesmo pensei que, para ser feliz, eu precisaria ter um filho", pontua. >
Quando terminou a faculdade, foi morar fora e, ao voltar, trabalhava muito, em mais de um emprego. Ao se casar com Wendell Dias, a consultora encontrou um parceiro que também não queria filhos. Foi uma combinação perfeita de outras realizações: estudar e viajar. >
Araceli conta que já foi acusada de ser egoísta ao optar por não ter filhos. "Ouvi muita coisa pesada, de rótulo mesmo. Mas, na minha vida, sempre estudando, trabalhando, me reinventando, não teria espaço e não poderia, por exemplo, terceirizar a educação de um filho", sustenta. >
No Espírito Santo, a taxa de fecundidade total do último levantamento era de 1,62 filho por mulher — um pouco acima do resultado nacional, de 1,55. Esse indicador estima o número médio de filhos que poderiam ser gerados ao longo da vida reprodutiva (na faixa etária de 15 a 49 anos) e tanto o Estado quanto o país estão abaixo do chamado nível de reposição, que é de 2,1 filhos. Essa é média total necessária para que uma população mantenha seu tamanho estável ao longo do tempo. >
Por aqui, a taxa ainda varia conforme o nível educacional: menos estudos, indicador maior. Assim, mulheres sem instrução ou fundamental incompleto têm taxa de 2,08 filhos, reduzindo gradativamente até chegar a 1,29 filho entre as mães com ensino superior completo. De um ponto a outro, a redução é de 37,6% no número médio de filhos. Mas, independentemente da categoria avaliada, o Espírito Santo se mantém abaixo do nível de reposição. >
Na faixa etária de 50 a 59 anos, o percentual de mulheres que não tiveram filhos nascidos vivos aumentou, passando de 10,1% para 15,7%. O IBGE ressalta que a análise feita nesse período leva em consideração que são mínimas as chances de uma gravidez. >
"O aumento no percentual de mulheres sem filhos, após findo o período reprodutivo, está associado à postergação da maternidade e à redução do desejo de ter filhos. Todas as unidades da federação apresentaram incremento nesse indicador no período", frisa o IBGE.>
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