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Bebê de 6,5 kg nasce de parto normal no ES, tem sequelas e mãe leva 55 pontos

Bebê de 6,5 kg nasce de parto normal no ES, tem sequelas e mãe leva 55 pontos

Alderico nasceu sem respirar e ficou internado dez dias em maternidade de Colatina, no Noroeste do Estado

Publicado em 6 de outubro de 2025 às 17:49

 - Atualizado há 2 meses

Bebê gigante nasce de parto normal pesando 6,5 kg no ES
Alderico nasceu de parto normal, pesando 6,5 kg Crédito: Arquivo pessoal

Um bebê pesando 6,5 kg e medindo 55 centímetros nasceu de parto normal em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo. Segundo relato da mãe, Alderico teve o ombro deslocado na hora do nascimento e ficou cinco minutos sem respirar. Já a mulher sofreu uma hemorragia e levou 55 pontos.

A família é de Água Doce do Norte, também no Noroeste do estado, e o bebê é o nono filho da dona de casa Ariane Borges, de 39 anos. Mãe e bebê passaram por complicações após o parto, no dia 9 de agosto. Alderico ficou dez dias internado. Os dois tiveram alta do hospital e já estão em casa.

Alderico nasceu sem respirar e ficou internado dez dias em maternidade de Colatina, no Noroeste do Estado

O bebê ficou entubado e a família recebeu orientações de que a criança vai precisar passar por sessões de fisioterapia por causa da lesão no braço.

Com quase dois meses desde o nascimento, Alderico já pesa aproximadamente 10 kg, o dobro do peso que uma criança costume ter nessa idade.

O g1 ES procurou o Hospital e Maternidade São José para pedir mais detalhes sobre o parto. Segundo a unidade, o parto da criança "foi resultado de uma avaliação cuidadosa e criteriosa da equipe médica, visando sempre a segurança da mãe e da criança".

O hospital completou a nota dizendo que "realiza mais de 300 partos por mês com excelência e atendimento humanizado, conduzidos por equipes experientes e comprometidas".

Bebê gigante nasce de parto normal pesando 6,5 kg no ES
Bebê "gigante", com dois meses, já está pesando 10 quilos Crédito: Arquivo pessoal

Surpresa para a família

Ariane relatou que durante a gravidez, incluindo os exames de pré-natal e ultrassonografias, não enfrentou nenhuma intercorrência. Ela relatou que não foi possível saber com antecedência que o bebê nasceria tão grande.

"No último ultrassom, a médica falou que ia ser um bebê grande, mas não imaginava que seria assim. Ela até falou que não queria me assustar, então eu achei que era brincadeira", comentou a mãe.

Ariane disse que no dia 9 de agosto foi para o hospital com o marido, que também acompanhou todo o trabalho de parto. Ela já estava com 42 semanas de gestação e contou que foi até a maternidade com uma orientação de médicos para realizar uma cesárea.

Mas, segundo ela, a equipe médica anunciou que iria induzir o parto normal e realizou uma força-tarefa para o procedimento. Foram cerca de dez profissionais envolvidos no parto.

"Eles induziram o parto. O médico até falou: 'Se você já ganhou oito [filhos] de parto normal, esse é mole para a senhora'. Foi uma surpresa. O neném quase perdeu a vida também, porque ele ficou cinco minutos sem suspirar. Na hora que eles puxaram, rompeu o cordão umbilical e eu tomei um susto. Juntou uns dez médicos para conseguir retirar ele. O médico ficou assustado e surpreso na mesma hora, até se emocionou depois que ele voltou a respirar", relembrou a dona de casa.

O bebê sofreu uma lesão plexo braquial, que afeta a função nervosa dos braços da criança, resultado do estiramento ou compressão excessiva dos nervos durante o trabalho de parto.

Mesmo assim, os médicos disseram para a mãe que a criança vai voltar a movimentar o braço e não vai apresentar sequelas neurológicas.

Bebês gigantes

De acordo com a médica obstetra Michelle Fiorot, partos de bebês gigantes são sempre delicados, tanto para a mãe quanto para a criança, e, muitas vezes, exigem manobras especiais para garantir a saúde dos dois.

"O neném pode ter uma lesão de plexo, que pode ser reversível ou irreversível, dependendo do grau. E uma das causas maiores de um neném assim é um pré-natal não feito adequadamente, para deixar o neném crescer tanto, diabetes gestacional ou uma história de gravidez anterior também com feto grande. Então, tem que ser tudo levado em consideração. Um pré-natal bem feito diminui as chances de acontecer um parto assim. Nessa ocasião, é dramático. Na maioria das vezes, a gente consegue um final feliz", pontuou.

Sobre a lesão sofrida pelo bebê, a médica explicou que o tamanho da criança interfere diretamente nas ações na hora do parto.

"Uma distorce de ombro é uma decorrência obstétrica, e quando que isso pode acontecer? Quando o bebê é muito grande ou ele não se encaixou adequadamente na pelve da mãe. Isso é uma urgência obstétrica. Isso é possível diagnosticar no momento em que ela acontece. Por isso que você tem que ter uma equipe bem treinada, com anestesista, com enfermeiro, mais de um obstetra, para realizar manobras adequadas para desprender o ombro desse bebê. Tem manobra que você tem que virar a paciente ao contrário, apertar a barriga da paciente e, inclusive, manobra que precisa até quebrar a clavícula para fazer esse bebê passar", explicou.

Na íntegra | O hospital

O Hospital São José vem a público esclarecer de forma transparente todos os procedimentos realizados com a paciente durante o cuidado e o nascimento do bebê Alderico, buscando reforçar o compromisso com a ética, a segurança e a excelência no atendimento às gestantes atendidas em nossa unidade. O prontuário completo da paciente aponta claramente para a realização de parto normal, mas foi identificado um erro no código constante na documentação de alta.

 Importante destacar que o hospital não considera essa anotação isoladamente, mas sim todo o prontuário e seus registros completos. No entanto, o procedimento foi atualizado como parto normal no mesmo prontuário. Os registros hospitalares mostram que a gestante deu entrada na instituição às 11h30 do dia 8 de agosto. Em nenhum momento a mãe e pai do bebê (que esteve presente durante toda a internação) manifestaram interesse pelo parto cesariana e o hospital seguiu os procedimentos indicados, atento e respeitando a vontade dos mesmos.

O peso do bebê, baseado em ultrassom realizado em 3 de julho - em clínica sem vínculo com o hospital -, era de 3.450 kg. Esse exame é a referência para os trabalhos da equipe e não havia necessidade de repeti-lo, dada a proximidade do procedimento. A paciente possui histórico de oito partos normais, com bebês de peso elevado - inclusive um de 5 quilos -, e exames de bem-estar foram acompanhados de perto pela equipe multidisciplinar do hospital para garantir sua segurança.

A opção pelo parto normal foi tomada após avaliação do contexto clínico da paciente e, no momento da internação, ela não apresentava contraindicações para parto normal. Assim como foi uma surpresa para a mãe, o elevado peso do bebê também surpreendeu toda a equipe médica durante o manejo do parto normal. É importante destacar que a equipe não tinha conhecimento prévio de que Alderico pesava 6,5 kg, pois o exame de referência disponível, vindo de outra instituição, apontava para um peso estimado de 3.450 kg, considerado dentro da normalidade.

A equipe do Hospital São José se solidariza com a mãe e a família de Alderico, reconhecendo as dificuldades enfrentadas, especialmente em condição de vulnerabilidade social e reforça seu compromisso com a ética, a competência e a compaixão, e incentiva a sociedade a apoiar esta família, mantendo sempre seu empenho pelo melhor cuidado a todos que precisarem de nosso atendimento.

O que diz o CRM-ES

Procurado para comentar o caso, o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) informou que pode instaurar sindicância por meio de denúncia formal, com a devida identificação do denunciante, do médico denunciado, com o relato circunstanciado dos fatos, ou de ofício, após tomar conhecimento das informações em casos de repercussão pública. "Todas as denúncias são rigorosamente apuradas. O CRM-ES não se manifesta sobre casos concretos, a não ser nos autos. Conforme disposto no Código de Processo Ético Profissional, todos os trâmites processuais correm em segredo de Justiça", afirmou. 

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