Publicado em 10 de junho de 2020 às 23:43
Para produzir a série de reportagem "Mangue: destruição e resistência", a equipe de A Gazeta percorreu o manguezal capixaba de norte a sul do Espírito Santo, passando por seis municípios: Vila Velha, Serra, Cariacica, Vitória, Anchieta e São Mateus. >
Durante todo o percurso, realizado entre o fim de 2019 e o início de 2020, os profissionais registraram as riquezas desse ecossistema e também os crimes ambientais cometidos contra o mangue, considerado berço da natureza e também da cultura do Espírito Santo. >
A pauta surgiu durante uma conversa da jornalista Raquel Lopes com o repórter fotográfico Ricardo Medeiros. "A partir da ideia inicial dele, de fazer uma matéria com os catadores de caranguejo, fui apurar qual era a realidade atual da profissão e descobri que o problema era maior do que imaginávamos", conta Raquel. >
Para ela, foi triste perceber que, devido aos problemas ambientais, uma tradição tão rica está se perdendo no Estado. "Os catadores estão desistindo da profissão ou passaram a dividir a cata com outra atividade para conseguir sobreviver", lamenta. >
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Ricardo Medeiros conta que retratar o mangue era um sonho de infância. "Cresci brincando no manguezal de Jacaraípe (Serra). A região, que era limpa e sem degradação, está totalmente destruída. E é isso que a reportagem mostra: um mangue à deriva e catadores lutando bravamente para sobreviver", relembra. >
As imagens de um mangue degradado também marcaram o repórter fotográfico, Vitor Jubini. "Tenho muito forte na memória as imagens dos lixões e das palafitas presentes na década de 1980 na região de São Pedro. Nossas atitudes foram contraditórias por muito tempo, pois o manguezal proporciona a regeneração da vida de muitas espécies. Além disso, nossos aspectos culturais estão de alguma forma ligada com esse ecossistema, nossas tradições estão enraizadas na lama", destaca.>
A editora de Cotidiano, Joyce Meriguetti, observa que o trabalho abordou o mangue sob os aspectos ambiental, cultural, econômico e social, mas, acima de tudo, aproximou a redação da realidade dos caranguejeiros e das comunidades que têm uma relação de sobrevivência e de amor com a natureza. "Nossa equipe se entregou ao projeto, experimentamos e aprendemos muito. Criamos um carinho muito especial pelo mangue e pelas pessoas que vivem dele", conta. >
A repórter Barbara Oliveira detalha como a vivência da reportagem foi enriquecedora. "Ver de perto o trabalho dos catadores de caranguejo foi uma das melhores experiências que já vivenciei durante uma reportagem. Tirar o crustáceo da toca com as mãos, em segundos, é um trabalho quase artístico, de conhecimento profundo da natureza. Durante o tempo que passamos dentro do mangue, ficou claro para mim o amor que os caranguejeiros têm pelo manguezal, lugar tão desvalorizado pela maior parte das pessoas", frisa. >
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