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Publicado em 20 de junho de 2024 às 17:51
- Atualizado há um ano
Novas tecnologias para medição da emissão de poluentes em tempo real e a participação efetiva da população na construção de legislações. Esses foram os principais desafios apontados por autoridades e especialistas no tema para melhorar a percepção sobre a qualidade do ar no Espírito Santo, durante o painel "Horizontes Sustentáveis", promovido pela Rede Gazeta. >
Realizado na manhã desta quinta-feira (20), o painel discutiu, por quase duas horas, como empresas, entidades públicas e a sociedade civil organizada podem agir para que a qualidade do ar seja uma pauta prioritária para o Estado.>
Membro do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e um dos maiores estudiosos do tema no Estado, o promotor Marcelo Lemos destacou que os avanços na legislação e a superação de alguns gargalos precisam se tornar mais ágeis: “Nossa rede de monitoramento ainda é um gargalo, a gente precisa melhorar, porque eu acredito que a rede digital, com medição em tempo real, vai proporcionar ao cidadão olhar isso no celular, por exemplo. A questão do pó preto é crônica na Grande Vitória. E problemas crônicos só são resolvidos se houver muita gente discutindo”.>
O presidente da Federação das Indústrias do Estado (Findes), Paulo Baraona, frisou a necessidade de atores como o Poder Legislativo, o Executivo e a iniciativa privada encararem a questão como um projeto contínuo. “A sociedade vem se modernizando, entendendo e debatendo o tema de uma forma diferente, sem paixão, mas sim com o objetivo de melhorar a qualidade de vida que todos nós almejamos. Precisamos construir um projeto de Estado, com visão de curto, médio e longo prazos”, alertou.>
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Legislação >
O secretário de Estado de Meio Ambiente, Felipe Rigoni, reconheceu que é preciso avançar com relação à forma como a emissão de partículas no ar é medida no Estado. Pelos métodos atuais, as medições podem demorar até 45 dias para indicarem as condições da qualidade do ar. Ele apontou, todavia, que a legislação estadual, que se encontra em fase de revisão, poderá trazer avanços nesse campo. >
“Nós estamos nesse momento fazendo essa revisão. Será feito um um decreto, daqui há dois ou quatro meses no máximo, em breve será decreto pronto vai servir para instituir padrões e melhorar ainda mais os nossos controles. Hoje a medição disponível nos incapacita de ações mais imediatas. A legislação vai sendo aperfeiçoada, queremos melhorar isso”, admitiu Rigoni.>
Também presente no painel, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos, apontou a necessidade de aproximação cada vez maior com a sociedade para que as discussões se aperfeiçoem. Ele cobrou, ainda, que o Poder Executivo seja mais ativo no que tange às soluções que vêm sendo debatidas para mitigar os efeitos da poluição na casa das pessoas.>
“Temos que ter condição de divulgar que junto com outros entes têm se debatido soluções. Não tem que esperar ficar pronta a solução para aí dizer ‘olha, fizemos isso’. Temos que ser mais proativos e prestar contas, informar à sociedade que não temos ainda ferramentas que nos permitam medir a emissão de partículas em tempo real. Não podemos só ficar criando leis e criando regras, precisamos promover debates”, afirmou o parlamentar.>
Marcelo seguiu fazendo a seguinte reflexão: “Como diminuir os danos ao meio ambiente? É preciso dialogar sobre a qualidade do ar para entendermos qual o caminho que podemos apresentar junto a essas empresas (mineradoras) para encontrar um modelo de produção que minimize os danos”.>
Melhora nos índices >
O coordenador do Instituto de Estudos Climáticos da Ufes, Neyval Costa Reis, pontuou que, ao avaliar relatórios dos últimos 20 anos sobre o ar da Grande Vitória, houve uma melhora expressiva dos índices e também das legislações em vigor. Para ele, é preciso que os padrões de medição levem em conta não apenas a questão do quanto os poluentes podem fazer mal à saúde, mas também o incômodo causado pelos diferentes tipos de poluição no dia a dia das pessoas. >
“O incômodo é aceito como problema ambiental, mas nossa legislação não está adequada, não é explícita. Estamos falando de pó preto, de odor, de barulho. São questões que precisam ser encaradas como percepção. E isso só se resolve com medição em tempo real", sinalizou Reis. >
O especialista demonstrou otimismo com o futuro, tendo em vista a forma como o tema vem sendo abordado nas últimas duas décadas. “Qual é o futuro? Se a gente olhar o número de ultrapassagens que a gente tinha do padrão nacional de qualidade do ar, sempre foi muito maior do que a OMS aceitava, lá atrás. No último relatório, o nosso número já reduziu bastante, no comparativo com o padrão da OMS. Então, estamos melhorando”, finalizou..>
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