> >
Antialérgicos e até antibióticos estão em falta nas farmácias do ES

Antialérgicos e até antibióticos estão em falta nas farmácias do ES

Escassez nas drogarias do Espírito Santo se deve por diversos fatores, como a guerra na Ucrânia e um novo lockdown para combater a Covid-19  na China

Publicado em 14 de junho de 2022 às 16:40

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura

Faltam diversos medicamentos nas farmácias do Espírito Santo. Justamente no momento em que há aumento de casos de doenças respiratórias, está difícil de encontrar a amoxicilina, por exemplo, que é muito utilizada para infecções de garganta. Não só essa medicação, mas outros antibióticos, antialérgicos e analgésicos estão em falta.

Desde janeiro isso tem acontecido. A explicação para a escassez passa por diversos acontecimentos no mundo. Desde a guerra na Ucrânia, o preço do barril do petróleo e até o último lockdown na China. Isso porque o Brasil produz apenas 5% do insumo farmacêutico ativo (IFA) dos medicamentos e depende da importação de outros países.

Esses eventos afetaram o fornecimento ao mercado brasileiro, explica o farmacêutico Silvio Louzada, membro da comissão de assuntos sanitários do Conselho Regional de Farmácia (CRF/ES).

Tem também um motivo local: mais pessoas procuram atendimento médico no inverno, quando cresce a incidência de síndromes gripais, diante do receio e o risco que a Covid-19 ainda causa. Consequentemente, a procura por medicamentos sobe. Diante da alta procura, remédios comuns acabam não estando mais disponíveis nas prateleiras.

Quando um paciente aparece com uma receita em que não tem o que ele precisa no estoque, há casos em que farmacêuticos perguntam em um grupo de WhatsApp, com outros colegas, se na farmácia onde eles trabalham têm o medicamento. Se sim, o cliente é orientado a ir até o outro estabelecimento. A reportagem de A Gazeta teve acesso a mensagens como essa.

Remédio; medicamento; pílula
Alguns medicamentos estão em escassez no Espírito Santo. (Sergejs Rahunoks/Freepik)

O CRF/ES elencou 11 medicamentos que estão em falta ou perto disso.

A lista:

  • Amoxicilina + clavulanato (principalmente suspensão oral)
  • Azitromicina (suspensão oral)
  • Cefaclor (suspensão oral)
  • Claritromicina (suspensão oral)
  • Acetilcisteína (xarope infantil e adulto)
  • Clenil (ampolas para nebulização)
  • Noripurum (injetável)
  • Allegra D (infantil)
  • Trifamox (suspensão)
  • Maleato de dexclorfeniramina + betametasona 
  • Desloratadina (xarope)
  • Soro fisiológico

Sobre os medicamentos que são de responsabilidade do Estado, a Secretaria da Saúde (Sesa) informou, por nota, que o maior problema se refere a processos de compras fracassados e desertos, por conta de problema de mercado. Acrescentou que medidas estão sendo adotadas nesse caso.

A Sesa destacou ainda que compras de medicamentos são programadas para que não haja desabastecimento. No entanto, esclarece que algumas faltas estão relacionadas a outros fatores externos, como atraso nas entregas ou medicamentos que são de responsabilidade do Ministério da Saúde. E relembrou que devido à pandemia, o mercado sofreu reflexos com a suspensão de fabricação ou falta de insumos.

QUAL A SOLUÇÃO?

O que fazer então se não tem o remédio? A infectologista pediatra Euzanete Coser relatou que ela e outros médicos estão preparando uma receita com mais indicações de antibióticos, caso o paciente não consiga encontrar o que é necessário para o específico tratamento.

“Muitos pediatras estão prescrevendo vários antibióticos na mesma receita, porque não sabem qual que o paciente vai encontrar. Tá difícil de saber o que a cada dia vai ser encontrado e essa tem sido a solução. A demanda de pacientes doentes é grande e este problema gera insatisfação para os prescritores e pacientes”, comentou Euzanete.

No caso de analgésicos e antialérgicos, a médica diz que há medicamentos com o mesmo efeito e que têm outros nomes. “Existem opções alternativas com nomes comerciais diferentes. O problema é um pouco menor porque não precisa de receita controlada para comprar”, explica a médica.

COMO FUNCIONA NO ESTADO?

De acordo com a Sesa, o Espírito Santo consegue ter cobertura pelas Farmácias Cidadãs do Estado de 98% dos medicamentos disponíveis. O índice é um dos melhores do país.

Há hoje 14 Farmácias Cidadãs em território capixaba. No ano passado, ocorreram 1,2 milhões de atendimentos. A Sesa explica que a demanda por medicamento é livre, e para a abertura do processo de Solicitação de Medicamentos, o paciente, ou responsável legal, deve comparecer a unidade de referência do município onde mora.

É preciso levar alguns documentos:

  • cópia da carteira de identidade ou certidão de nascimento
  • cópia do CPF (obrigatório)
  • cópia do comprovante de residência atual
  • cópia do Cartão Nacional de Saúde - Cartão SUS (solicitar na rede municipal de saúde)
  • Procuração, para representantes de usuários. Levar documento de identificação com a mesma assinatura da procuração e cópia do documento de identidade do representante. Clique aqui para o Modelo de Procuração.
  • Receita Médica - em duas vias, contendo o nome genérico do medicamento, concentração, posologia, tempo de tratamento, quantitativo mensal, carimbo, assinatura e data
  • LME - Laudo para Solicitação/Autorização de Medicamentos do Componente Especializado. É obrigatório o preenchimento de todos os campos pelo médico. (Clique aqui para preenchimento eletrônico)
  • Termo de Esclarecimento e Responsabilidade  datado, carimbado e assinado pelo médico e pelo paciente 
  • Exames necessários para abertura de processos e continuidade de acordo com os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas

Em caso de dúvidas o contato está disponível nos telefones 3636-8416/3636-8417/3636-8418, nos dias úteis, das 07h às 18h. O acompanhamento da disponibilidade dos medicamentos padronizados também pode ser feito no site da Farmácia Cidadã, onde a lista é atualizada duas vezes na semana.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais