> >
A pé, geógrafo refaz expedição de 30 anos e redescobre o litoral do Espírito Santo

A pé, geógrafo refaz expedição de 30 anos e redescobre o litoral do Espírito Santo

Em 1995, ao lado do amigo e fotógrafo Canário Caliari, Sergio Rondelli percorreu os 400 quilômetros da costa capixaba. Desta vez sozinho, ele refez a aventura e se deparou com as transformações em cada uma das 14 cidades litorâneas; confira

Mikaella Mozer

Repórter / [email protected]

Publicado em 29 de agosto de 2025 às 15:49

O geólogo Sérgio Rondelli e o fotógrafo Canário Caliari andaram todo o litoral do Espírito Santo a pé em 1995. A dupla conheceu toda a flora e fauna em uma caminhada que durou meses. Agora, 30 anos depois, Rondelli repetiu o feito.

Brisa fresca do mar e pé na areia. Esta talvez seja a definição perfeita para quem sonha com dias de descanso, mas o "ideal paradisíaco" para repousar foi, na realidade, cenário de uma longa jornada feita por Sergio Rondelli entre os meses de maio e junho deste ano. O geógrafo caminhou por todo o litoral do Espírito Santo, porém muito longe de um período de férias: o objeto era revisitar e comemorar o feito realizado há 30 anos. A 'volta' ao passado o levou também a outras descobertas, como um mini litoral brasileiro espalhado pela região costeira capixaba.

Em 1995, Rondelli e o amigo e fotógrafo Canário Caliari se desafiaram a conhecer todas as localidades banhadas pelo mar na costa do Estado, na maior parte do tempo caminhando. A escolha aconteceu após terem feito, um ano antes, o trajeto de Itaúnas a Porto Seguro, na Bahia. Cientes da própria capacidade, a dupla decidiu se desafiar um pouco mais.

Sergio Rondelli, geógrafo, caminhou por todo litoral brasileiro
Sergio Rondelli, geógrafo, já caminhou por todo litoral brasileiro e refez, neste ano, toda a costa capixaba, como já realizado há 30 anos Crédito: VItor Jubini

A pé, e portando apenas uma câmera fotográfica, os dois andaram os mais de 400 quilômetros conhecendo a fauna, flora e as comunidades que formavam as cidades litorâneas.

“A pé te desperta muitas coisas interiores. Eu digo, é uma viagem ao interior. É meio filosófica e espiritual, mas também física, tem que ter realmente muita disposição e determinação. A gente teve que encarar muitas coisas pela primeira vez. Fizemos exatamente os 400 quilômetros assim, passo a passo”, frisou Rondelli. 

Sergio Rondelli, geógrafo, caminhou por todo litoral brasileiro
O geógrafo Sergio Rondelli exige as páginas do Caderno Dois, de A Gazeta, que retratou a primeira aventura por todo o litoral do ES há 30 anos Crédito: VItor Jubini

Três décadas depois, o mundo mudou e Sergio refez o percurso, desta vez em um “novo litoral" capixaba, como o próprio define.

Primeiramente é uma celebração dos 30 anos. Depois é aquela vontade mesmo de rever realmente o que foi que mudou ao longo do litoral capixaba. Então refiz essa caminhada sozinho, aí eu vi outro mundo, já com redes sociais, celular e por aí vai

Sergio Rondelli

Geógrafo

Resumo do litoral brasileiro

A nova caminhada trouxe a Sergio um conhecimento enriquecedor sobre o Espírito Santo. Um entendimento que joga “por terra” qualquer percepção, seja dos próprios capixabas ou pessoas de outros Estados, de um território espírito-santense onde "não existe nada para fazer".

Isso porque, na percepção de Rondelli durante a caminhada, o menor Estado da região Sudeste também tem um pouco de cada parte do litoral do brasileiro. "É mais um produto para o pessoal do turismo explorar e agregar", exaltou o geógrafo.

No Espírito Santo, além de ter as montanhas a 60 km, o litoral capixaba é um resumo do litoral brasileiro. Aqui você só não tem um de todos os ecossistemas nacionais. Nosso litoral é um resumo do que há no do Brasil

Sergio Rondelli

Geógrafo

Ou seja, quem vive no litoral não precisa viajar para saber como são as águas e areias de outras regiões. Ao andar pela orla capixaba é possível encontrar tudo em cerca de 400 quilômetros de faixa litorânea.

Entre eles estão as praias dissipativas, que são aquelas praias longas e de areia batida, onde você pode caminhar com a maré baixa.

Aqui também existem as praias de tombo – aquelas onde a água chega a altura do pescoço de um adulto com poucos passos dento do mar – muito comuns no Rio de Janeiro e também existentes em Guarapari. No Nordeste, as falésias aparecem em alguns Estados, já por aqui podem ser admiradas no Sul capixaba, mais precisamente na orla de Marataízes.

“Nós temos grandes rios, mangue, costões rochosos, como o litoral todo de Guarapari, temos dunas lá em Itaúnas, assim como nos Lençóis Maranhenses. Temos grandes rios como o Rio Doce, ilhas, arrecifes... é como se fosse um resumo, uma síntese do litoral brasileiro no Espírito Santo”, contou Sergio.

Sergio Rondelli, geógrafo, caminhou por todo litoral brasileiro
Na primeira expedição a pé, os cenários foram fotografados e catalogados por Sergio e Canário Caliari  Crédito: VItor Jubini

O único ecossistema ausente no Espírito Santo, segundo Sergio, são as reentrâncias maranhenses, que são os grandes rios amazônicos que deságuam no Oceano Atlântico. A não existência do biossistema ocorre por uma questão geográfica.

Mudanças comportamentais

Muito além de água e areia, Sergio teve a oportunidade de conhecer quem constrói a identidade do Espírito Santo. As diferenças de décadas entre a primeira e a segunda aventura a pé pelo Espírito Santo foram encontradas já nos primeiros municípios.

Em Presidente Kennedy, um grande porto está sendo construído. Já em Marataízes, Sergio percebeu a transformação da mentalidade das pessoas. As praias, que possuíam forte ligação com os nativos da região, agora estão em segundo plano. Caminhando para a Grande Vitória e Norte do ES, a vida pesqueira ainda existe, mas há preocupação com o futuro.

“Aquela cultura caiçara, que permeia todo o litoral do Brasil como um todo. A gente percebe os pescadores mais velhos, mais antigos falam sobre o desinteresse da nova geração em ir para o mar”, explicou Rondelli.

Pescadores da Ilha das Caieiras
Na Grande Vitória, a cultura de pesca e cata de mariscos ainda é majoritariamente exercida pelos mais velhos  Crédito: Fernando Madeira

Apesar da mudança, nada é de todo ruim na visão do profissional formado em Geografia. Com a modernização, muitas cidades se viram maiores, estruturadas e com mais planejamento para receber turistas. “Eu sou otimista em relação a isso. Porque nós temos esse crescimento e especulação urbana em termos de terrenos próximos ao mar, eu acho que pode ser positivo”, frisou.

Para conhecer todos os detalhes, Sergio usou a mesma estratégia de 30 anos atrás. Ele aproveitou do conhecimento próprio e da parceria com amigos, moradores e parceiros antigos para se aprofundar na reedição da aventura.

"A gente já sabia (em 1995) mais ou menos como funcionava a maré e como era a praia. Por isso, caminhávamos normalmente de 8h da manhã até 16h/17h da tarde, pois sabíamos que já estaríamos num local ou povoado. Por exemplo, se eu saísse de Guriri às 8h, perto das 14h parávamos para fotografar e conversar sem pressa. Ai, às 16h, tínhamos consciência de que estaríamos chegando em Conceição da Barra. Existia a experiência da hora sair e que horas chegar. Contávamos também em poder dormir, às vezes, em uma pousadinha barata. Por vezes a gente tinha contato e parceria, como a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira", analisou Sergio. 

Nem só a pé

As mudanças não foram somente na sociedade, mas também físicas e naturais, que impactaram e impactam diretamente o principal feito: o caminhar. O estudioso do planeta Terra contou que por conta das alterações, parte do percurso precisou ser feito de carro.

Ao todo, foram 250 km a pé e restante a bordo de um veículo, porém sem afetar o objeto central, que era comemorar a conquista de conhecer as praias do Espírito Santo com os próprios pés em 1995.

Para Sergio, todas as mudanças vivenciadas se juntam ao conhecimento da primeira caminhada. Com tranquilidade e outros recursos que não existiam nos anos 90, ele catalogou a caminhada “ao vivo” por meio da conta no Instagram – uma realidade inexistente há três décadas.

Desbravando os "Brasis"

Já ficou claro que andar não é problema para Sergio, por isso, logo depois do Espírito Santo em 1995, ele "enfrentou" o Brasil. Foram meses e oito mil quilômetros para conhecer o máximo de cantos possíveis. E valeu a pena.

Eles não só percorreram o litoral como também ajudaram os brasileiros a entender melhor os cantinhos praianos. Em parceria com a Revista Veja, eles redesenharam o famoso Guia de Praias e o reformularam com novas informações e atualizações.

Sergio Rondelli, geógrafo, caminhou por todo litoral brasileiro
Caliari (à esquerda) e Sergio reeditaram o Guia de Praias da Revista Veja após a caminharem por todo o litoral capixaba em 1995 Crédito: VItor Jubini

“Uma viagem de 500 dias por todos os ecossistemas brasileiros. Durante 9 meses nós descemos todo o litoral. E a partir daí ocorreu uma série de outros projetos: Amazônia, Cerrado... e sempre dando consultoria", relembra o geógrafo.

Depois, a aventura continuou com a dupla virando trio, com a presença de Mauricio Galdieri e Alex Krusemark. Entre 1998 e 2000, eles adentraram o país em um Toyota Hilux 4x4. Na época, o caminho não foi tão rústico e contou com o apoio de patrocinadores.

“A gente se largou mesmo durante 500 dias viajando os três para conhecer de fato o Brasil. O gaúcho tem chimarrão, depois no Pantanal tem comida e música típicas, tem onça, tem gado. Andávamos numa Hilux, só que também fomos de barco e de tudo quanto é tipo de transporte, para entender a realidade do Ribeirinho e saber a conexão do brasileiro com o ecossistema”, contou Rondelli. 

Todo caminho trouxe muitos frutos, como escrever para revistas e jornais sobre como era jornada e detalhes os do litoral brasileiro. A pé, Rondelli e Cariali reescreveram guias, fecharam grandes parcerias com bancos, veículos de imprensa, rede hoteleira e empresas de fotografia. Tudo foi catalogado por ele em um diário, que muitas vezes era enviado a jornais de circulação nacional para detalhar a história. 

Sergio Rondelli, geógrafo, caminhou por todo litoral brasileiro por VItor Jubini

Projetos futuros

O conhecimento obtido pelo geógrafo com as experiências pelo país o levaram ao mundo das palestras, consultorias e workshops com a empresa Brasil Passo a Passo. O nome é inspirado na própria história com o chão de terra e areia brasileira, que no passado era o nome do blog onde ele, Caliari e Galdieri registravam o que encontravam pelo Brasil.

Rondelli agora faz novos planos com a empresa, planejando novos roteiros pelo território nacional. A ideia é celebrar também o aniversário das outras caminhadas. 

"Em 2026, serão 30 anos da caminhada que eu e o Caliari fizemos do Chuí até Oiapoque. Pretendo refazê-la. Será nos moldes da que fiz agora o Espírito Santo. Eu não vou fazer passo a passo, praia por praia como fizemos. Quero fazer uma caminhada representativa de cada Estado", explicou o geógrafo. 

O antes e o depois...

Três décadas depois, Rondelli elencou o que presenciou de mudanças em cada uma das 14 cidades litorâneas capixabas pelas quais passou, de Presidente Kennedy, no Sul, até a divisa com a Bahia.

PRESIDENTE KENNEDY: 

  • “30 anos atrás eram 12 km de praia, 12 km de restinga, não tinha nada, só vegetação. Só que naquela época, o pessoal já estava detonando ela. Os carvoeiros estavam derrubando a restinga para fazer carvão. Hoje a gente tem ali um grande empreendimento, que é o Porto Central, em fase de construção. Eu penso o seguinte, se o Porto Central ocupar a região de forma sustentável eles podem até preservar aquela área de entorno, podem recuperar a área de restinga. Agora tem um porto, é bom ou é ruim? Se não tivesse o porto, será que não seria detonado também? Então vai depender da forma como isso vai ser feito”.

MARATAÍZES:

  • “Uma praia que sofreu o que a gente chama de engorda porque a erosão estava comendo tudo e invadia a cidade. Fizeram a intervenção, jogaram areia e alargaram a praia. Isso aí realmente não tem como não mudar a questão física e social da cidade, fica sempre girando em torno disso. Então, o processo de engorda da praia foi assim, foi pesado, traumático. As pessoas estavam acostumadas com aquela praia de sempre, mas como a maré foi subindo e destruindo as regiões, isso deu uma mudada realmente na cabeça das pessoas”.

ITAPEMIRIM:

  • “Tem uma praia de quase 20 km de extensão, que não tem absolutamente nada, mas porque é uma área da Marinha. Então, essa área está preservada. Aí depois você entra lá na região de Itaipava. Fiquei impressionado em como cresceu o lugar. É uma coisa impressionante, como tem casa, tudo cheio, todo final de semana, um monte de gente... tem de tudo”.

PIÚMA:

  • “É uma cidade que cresceu muito, é uma região com muito mais coisa que antes. Também cresceu muito a cidade, era uma cidadezinha pequena e tudo, cresceu bastante”

ANCHIETA:

  • “Indo para Anchieta, passa por aquelas prainhas e aí já começa Iriri. Antes era uma vila de pescadores 30 anos atrás. Hoje tem prédio, sei lá, de 10, 12 andares. Então, foi realmente o primeiro impacto assim em termos urbanísticos ocorreu naquela região. iriri era um lugar muito bacana, muito legal, então valorizou demais, o preço do imóvel foi lá em cima., com um impacto urbano muito forte. Depois chega em Castelhanos. Também era um lugar onde não tinha absolutamente nada e hoje está bastante ocupado, mas para mim foi uma experiência positiva, porque as ruas estão bem traçadas, limpas e asfaltadas. A orla está muito bem cuidada. Foi uma boa uma surpresa”.

GUARAPARI:

  • “Seguindo em frente, aí você vai ver que Meaípe também teve engorda. Também aterrava a praia porque o mar estava comendo. E aí depois do lado de lá você já vai ter o quê? Bacutia e Peracanga que se você olhar de um determinado ângulo, vai achar que está em Ipanema, Leblon, na orla ali de Delfim Moreira porque realmente é toda uma parte litorânea. E são prédios de altíssimo padrão, o setor imobiliário explodiu. Mas a praia está lá conservada, agora tem que citar aí a parte negativa, que são as invasões. Não de pobre, não de favelado, mas de gente com muita grana, com poder. Isso é muito feio, descaracteriza muito, perde a identidade. Bom, seguindo a gente vai embora e chega no Centro de Guarapari, a orla está muito bem cuidada".

PARQUE PAULO CÉSAR VINHA (Guarapari):

  • “O Parque Estadual de Setiba, que tem 12 km de praia, está muito bem conservado, muito bem organizado e bem estruturados. É uma espécie de respiradouro entre Vila Velha e entre Guarapari. Porque se não fosse o Parque, Guarapari e Vila Velha já teriam conurbado (junção de cidades)".

VILA VELHA E VITÓRIA:

  • “É uma área urbana e todo mundo vê. O mais interessante da minha caminhada foi ver as partes mais inusitadas. Menos conhecidas e tudo. Por exemplo, para gente falar de Vitória, a gente vai precisar de um programa inteiro. A Capital e Vila Velha foram muito afetadas e não foi agora de agora não, isso já ocorria há 30 anos”.

SERRA:

  • É um lugar com extensa parte litorânea e praias conservadas".

FUNDÃO:

  • “Seguindo em frente, fiquei muito preocupado porque em Praia Grande eu procurei um hotel para dormir e me ofereceram a um valor de R$ 350 reais. Isso para dormir em um hotel mais simples, até sem recepção. O custo está muito elevado e a urbanização ali é um pouco desenfreada".

ARACRUZ:

  • Logo depois, chegamos na Barra do Sahy, em Aracruz, e entramos na questão das grandes empresas que estão ali. E eu não estou falando isso como uma crítica. Elas estão lá gerando emprego e tudo, mas o que acontece? Está tendo crescimento, está tendo trabalho, então tá vindo muita gente e estão abrindo outras empresas, assim como o caso do Porto Central, em Presidente Kennedy. Então, o que acontece? As empresas alugam as pousadas por um, dois, três meses. Eu até gostaria de saber do pessoal do turismo como será, por exemplo, no verão? Se uma família chegar, eles não vão encontrar lugar para dormir. Não é uma coisa que eu vou resolver, sabe? É algo que vi e senti".

PRAIA DE COMBOIOS (Aracruz):

  • “É uma reserva indígena também. Aí são 30 km de uma praia deserta, é totalmente inclinada com lá em Regência. Até porque ela vai até regência, né? São 30 km, eu fiz ela pela metade, optei por entrar para conhecer uma comunidade quilombola de Degredo. A praia continua igual. Então, eu só vi eles fazendo a estrada, mas ainda não vi o impacto que isso vai causar”.

LINHARES:

  • “Aí depois a gente chega lá em Regência, na foz do Rio Doce, onde ocorreu aquele grande acontecimento com o estouro daquelas barragens em Minas Gerais. A lama toda que desceu e, o que consegui identificar lá junto da Fundação Tamar, que fez uma incursão comigo pela boca do Rio Doce. O cara me falou que a lama permanece toda lá. Então, você passa, a água está verdinha, bonitinha, mas quando vem uma chuva, remexe aquela lama outra vez. Realmente, a fauna e a flora que tinham ali já não tem mais. Isso aí é uma coisa que não tem como fugir. Passei em Pontal do Ipiranga, que há 30 anos era um empreendimento que achamos muito agressivo. Hoje fiquei satisfeito de ver, achei legal, porque são ruas imensas, estão bem calçadas, são tão organizadas, ruas são limpas”.

SÃO MATEUS:

  • “Aqui chegamos em uma sequência de praias totalmente desertas: Barra Seca, Urussuquara... Depois eu passei em Barra Nova, que continua um pouco desértica, mas cresceu até porque não era nada, Barra Nova. Lá, eu lembro que há 30 anos nós dormimos na escolinha. Hoje tem pousada, restaurante. Mas está bem conservada, bem legal. Aí tem a caminhada até Guriri. A orla está muito bem conservada, com uma mata de restinga e tudo, muito bem organizado. Mas Guriri é um fenômeno. Está maior que São Mateus. São ruas imensas e a gente vê claramente que não tem rede de esgoto, ruas sem asfalto, sem calçamento. É meio estranho e complicado. É uma mudança que eu considero para pior. Eu acho que o negócio é que eles perderam a mão ali, perderam a condição de manter aquilo. O turismo tomou conta". 

CONCEIÇÃO DA BARRA:

  • “Agora, em compensação, o trecho que vai de Guriri a Conceição da Barra está perfeito. São 20 quilômetros de uma das melhores caminhadas para mim. Eu peguei maré baixa, areia batida e tudo, até chegar em Conceição da Barra. A cidade, aliás, é outro lugar que mudou demais em 30 anos. O mar entrou ali na Bugia, que era o bairro dos pescadores. Ali eles tiveram também a engorda. Agora é de se salientar que Conceição da Barra é a minha 'menina dos olhos'. Talvez seja a boca de barra mais bonita do Brasil. Aquele casarão ali do da Casa da Cultura do Hermógenes. Você senta ali, toma uma cervejinha, come um peixe frito, você vê o mar batendo lá no fundo, todo branquinho, aquela água verde. É para mim uma das mais legais".  

ITAÚNAS (Conceição da Barra):

  • "Lá explodiu. Tem quase uma centena de pousadas, mas se você for lá num dia de semana assim fora de temporada, segue sendo aquela vila tranquila de sempre, maravilhosa. Outra coisa que notei também é o seguinte: na nossa época a gente sentava, pedia um peixinho frito e comia um tira-gosto sem preocupar muito com valores. Você vê claramente como o pescado, o fruto do mar, sururu mudaram de patamar... um caldo de sururu era a coisa mais barata. Hoje em dia você não compra por menos de 50 reais. Então, os preços mudaram demais, mas obviamente não estou falando de tudo? Algumas coisas talvez até tenham abaixado e tal. Mas o preço do que você paga para comer na área da orla, nas praias, ficou muito caro". 

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

Tópicos Relacionados

litoral

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais