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Prêmio Biguá Sul: casal transforma cafezal e pasto em refúgio verde no ES

Prêmio Biguá Sul: casal transforma cafezal e pasto em refúgio verde no ES

Essa é uma das iniciativas reconhecidas na 15ª edição da premiação, realizada pela Rede Gazeta, em Cachoeiro de Itapemirim; conheça os projetos vencedores em cada categoria

Isabelle Oliveira

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Publicado em 28 de outubro de 2025 às 20:04

Vencedores do Prêmio Biguá 2025, em Cachoeiro de Itapemirim
Vencedores do Prêmio Biguá Sul 2025: iniciativas sustentáveis em destaque Crédito: Divulgação/ Rede Gazeta

Recuperar o equilíbrio da natureza e devolver vida à terra foi o propósito de um casal proprietário do Sítio Gravel, em Guaçuí, no Sul do Espírito Santo. Eles transformaram uma antiga área de café e pastagem em um verdadeiro refúgio de biodiversidade, promovendo o reflorestamento com centenas de espécies nativas, conservando solo, água, e preservando a fauna local. Essa iniciativa foi uma das premiadas na 15ª edição do Prêmio Biguá Sul 2025, realizada pela Rede Gazeta, que reconhece projetos exemplares de preservação e desenvolvimento sustentável.

Com o tema “Horizontes mais verdes”, a cerimônia do Prêmio Biguá foi realizada na manhã desta terça-feira (28), em Cachoeiro de Itapemirim. Ao todo, 55 projetos foram inscritos neste ano e, após avaliação de comissão técnica, a premiação destacou as melhores ideias em cinco categorias: Empresa, Escolas, Poder Público, Produtor Rural e Sociedade Civil.

Vivemos a era da inteligência artificial e da aceleração tecnológica e, paradoxalmente, isso torna ainda mais urgente o cuidado com recursos essenciais como a água e a energia limpa. Cada iniciativa premiada reforça o quanto é possível aliar progresso, inovação e desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental.

Maria Helena Vargas

Diretora da Rede Gazeta Sul

De terreno degradado a floresta viva

José Henrique Gravel e Tânia Salgado Gravel transformaram seu sítio, antes dedicado ao monocultivo de café e pastagens, em um modelo de sustentabilidade. Em 2005, ao observarem as abelhas, perceberam a importância da diversidade floral para o equilíbrio da propriedade. Inspirados pela descoberta, implementaram sistemas agroflorestais, plantaram mais de 4 mil mudas de 100 espécies nativas — como o palmito-juçara e o cambuci — e adotaram práticas sustentáveis, como minhocultura e adubos naturais.

Com dedicação e visão, recuperaram o solo, ampliaram a biodiversidade, registrando 102 novas espécies de aves, e inspiraram outros produtores, publicando uma cartilha que orienta práticas agroecológicas. O Sítio Gravel é a prova viva de que paixão e cuidado com a natureza podem transformar um pedaço de terra em um verdadeiro paraíso sustentável.

Nesta terça-feira (28), o projeto “Sítio Gravel: Agroecologia e o Canto dos Pássaros” ficou em primeiro lugar na categoria Produtor Rural, do Prêmio Biguá.

Se preservar, você está demonstrando amor ao próximo porque a natureza é uma dádiva que Deus nos deu. Então, como eu sempre falo, a gente não sabe o que vai colher, a gente quer plantar porque alguém lá na frente vai ser beneficiado.

Tânia Salgado Gravel

Proprietária do Sítio Gravel

Gincana escolar recicla e gera impacto social

Na categoria Escolas, o primeiro colocado foi o projeto “Gincana Ecológica: despertando a consciência ambiental", do Centro Educacional Israel, também da cidade de Guaçuí.

A gincana surgiu em 2015, idealizada pela professora Jeanne Lopes, após perceber que os alunos descartavam garrafinhas plásticas, tampinhas e lacres durante o recreio, mesmo com os temas ambientais sendo abordados em sala de aula. Ela entendeu que levar o conhecimento à prática, de forma lúdica e divertida, seria uma maneira eficaz de despertar a consciência ambiental.

Neste ano, 105 alunos de 7 a 10 anos participaram do projeto, promovendo a reciclagem e o reaproveitamento de materiais. Juntos, arrecadaram mais de 3 toneladas de plástico, 380 kg de tampinhas de metal, 100 kg de lacres e 414 kg de tampinhas de plástico. Os lacres e tampinhas de metal são destinados ao Rotary Club e transformados em cadeiras de rodas; as tampinhas de plástico são destinadas a entidades e ONGs do município; e o plástico das garrafas PET vai para a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Guaçuí (Asguamar), beneficiando 17 famílias e garantindo aproximadamente seis meses de sustento à elas. Assim, a gincana não só preserva o meio ambiente como também promove solidariedade e impacto social.

Esse é nosso maior projeto: a conscientização. Os alunos do colégio são conscientizados de que não existe lixo, que tudo é proveitoso. É muito satisfatório para o educador e eles já estão juntando materiais para o ano que vem. Não existe lixo, tudo é luxo para nós.

Luciene de Souza

Mantenedora do colégio

Preservar a Mata Atlântica vira experiência comunitária

A Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos e ameaçados do Brasil, enfrenta décadas de desmatamento e perda de biodiversidade. Preservar suas espécies nativas e estimular a consciência ambiental da população é um desafio urgente, que exige ações concretas e inovadoras.

Nessa missão, o empresário Adenilson Panzin iniciou um projeto de preservação e reflorestamento da Mata Atlântica, inspirado pelos ensinamentos de seu pai e pelo amor à natureza desde a infância. Ele reflorestou diversos hectares de terra, cultivando espécies nativas, muitas ameaçadas de extinção, como guabiroba, araçá-una, cambuci, jabuticaba-branca e cajati. A iniciativa “Experiências, Cores e Sabores da Mata Atlântica”, desenvolvida em Vargem Alta, foi a vencedora na categoria Sociedade Civil do Prêmio Biguá.

Logo, o trabalho expandiu para a comunidade, com a doação de mudas para escolas, empresas e reservas florestais, além de palestras educativas sobre a importância da biodiversidade. Para ampliar o impacto, Adenilson uniu forças com o chef Ricardo Silva, que utiliza ingredientes do bioma em sua gastronomia. Juntos, criaram experiências imersivas que combinam culinária e educação ambiental.

A maioria não sabe que tem tanta riqueza dentro da Mata Atlântica. É uma pena que em uma das maiores florestas do mundo de variedades, a gente usa 90% do que é exótico ainda. A gente quer valorizar o homem do campo, que ele possa ter conhecimento, usar, preservar e tirar alguma renda disso.

Adenilson Panzin

Empresário

Técnicas inovadoras salvam rios e solos

Na categoria Poder Público, em primeiro lugar ficou o projeto “Cultivar”, da Prefeitura de Conceição do Castelo, idealizado há 28 anos pelo Consórcio Intermunicipal Multifinalitário Guandu (CIM Guandu) para enfrentar a degradação ambiental e a escassez hídrica, aplicando técnicas inovadoras e conservacionistas em áreas estratégicas das bacias dos rios Guandu, Santa Joana e Itapemirim.

A iniciativa integra práticas mecânicas, como caixas secas, barraginhas, terraceamento e adequação de estradas, além de vegetativas, incluindo recuperação de áreas degradadas, sistemas agroflorestais e regeneração natural.

A execução de ações locais visa proporcionar resultados que vão além das propriedades, ou seja, das comunidades e região com efeitos positivos nas microbacias componentes da Bacia do Rio Itapemirim, de modo a atender anseios na mudança da paisagem e contribuir com os resultados dos serviços ambientais, com o foco na melhoria da qualidade e disponibilidade de água.

Débora Cristina Silva Pereira

Coordenadora de recursos naturais do CIM Guandu

Reinventando a juçara

Transformando resíduos em oportunidades, o projeto da DinOrganico Ltda converte o fruto da juçara em produtos de alto valor, promovendo sustentabilidade, inovação e benefícios socioambientais. A iniciativa conquistou o primeiro lugar na categoria Empresa, do Prêmio Biguá.

Iniciado com o adubo orgânico, em 2015, e registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em 2022, o projeto expandiu sua atuação para diversos municípios do Espírito Santo. A experiência com o adubo levou à criação do pó de juçara para consumo humano, rico em fibras, vitaminas e minerais, utilizado em infusões e receitas diversas. Paralelamente, desenvolveu-se a farinha para ração animal, beneficiando vacas leiteiras, aves e suínos, também registrada no MAPA.

Ao reutilizar resíduos da agroindústria de polpas, o projeto evita impactos ambientais e promove a economia circular, enquanto toda a cadeia de produção envolve as famílias dos sócios, fortalecendo o caráter social e comunitário da iniciativa.

Para o empresário Gabriel Evanilço Fortuna Schaider, ganhar o Prêmio Biguá reforça o compromisso com a preservação ambiental.

Estamos muito felizes pelo reconhecimento e com a certeza que estamos no caminho certo para fazer um mundo melhor. Vamos dar continuidade ao projeto e, a cada venda, destinar uma porcentagem para instituições que apoiam crianças e jovens no tratamento do câncer.

Gabriel Evanilço Fortuna Schaider

Empresário

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