A trajetória de Fabiani Reinholz é daquelas que conectam raízes, coragem e propósito. Natural de Colatina, na região Noroeste do Espírito Santo, ela se formou em Engenharia Civil e seguiu por anos uma carreira segura e promissora. Mas o chamado da terra e do negócio da família falaram mais alto. De volta ao campo, assumiu a administração da fazenda e buscou novas possibilidades para torná-la mais sustentável e rentável.
O primeiro passo foi entrar no universo do cacau especial. Inicialmente, o objetivo era somente produzir amêndoas de alto padrão. Mas o mergulho profundo nos estudos, protocolos e nos processos despertou algo maior: a paixão pelo chocolate. O que deveria ser somente um manejo qualificado da matéria-prima se transformou em uma fábrica familiar.
Atenção de fora
O diferencial da empresa começa no solo e termina no paladar. Na propriedade da família, todo o ciclo do cacau é acompanhado de perto, com um olhar atento para cada fase da produção:
- Plantio do cacau: cada muda recebe atenção desde o início. Há um cuidado contínuo com a planta até o momento em que ela começa a produzir.
- Beneficiamento do fruto: A colheita é seletiva e somente os melhores seguem para a produção. A propriedade trabalha com clones específicos para chocolate, assegurando um sabor mais puro e padronizado. Esse controle rigoroso garante que somente cacau de excelência chegue à fábrica.
- Reaproveitamento de resíduos: nada se perde. Toda a casca do cacau retorna às lavouras como compostagem e adubo natural. A propriedade utiliza o mínimo possível de agrotóxicos e adubos químicos, mantendo uma produção mais sustentável.
- Linha de produtos: além de chocolates intensos, ao leite e brancos, são produzidos derivados especiais do cacau, como a geleia, o mel de cacau e o nibs.
A propriedade se tornou referência por equilibrar tecnologia com práticas tradicionais. É esse modelo sustentável, rastreável e conduzido pela agricultura familiar que hoje inspira produtores e especialistas, e levou a produtora a conquistar premiações importantes no setor.
Ano histórico
Em 2025, Fabiani viveu o ano mais emblemático da carreira. À frente da propriedade da família, ela consolidou um trabalho que vem transformando não apenas a produção de cacau e chocolate em Colatina, mas também como a agricultura familiar é percebida na região. O destaque do ano foi o 1º lugar no Prêmio Nacional Produtor Rural Sustentável do Sicoob, conquista que celebrou as mudanças implementadas na fazenda e o compromisso com práticas mais conscientes.
A dedicação como produtora também rendeu outra conquista, o Prêmio Sebrae Mulheres de Negócio, reforçando a presença feminina no meio rural.
Fabiani Reinholz
Produtora rural
Acredito que a mulher não está nem à frente, nem atrás do homem, ela está ao lado. Quando você olha para a família, a gente trabalha junto. E é injusto ver a mulher como secundária num processo que, na maioria das vezes, ela é gerida
- As premiações não pararam por aí. Na lista ainda estão:
- Bronze nacional no CacauFest, com o chocolate 50% ao leite com nibs;
- Terceiro lugar no Prêmio Biguá de Sustentabilidade.
Olhares diretamente do COP30
E todo esse trabalho chamou a atenção de uma cooperativa capixaba que a convidou para participar do maior evento global de debate sobre as mudanças climáticas e que reúne líderes mundiais, a COP30. Fabiani levou sua experiência em sustentabilidade e dialogou com especialistas do mundo inteiro sobre mudanças climáticas e agricultura consciente.
A experiência coincidiu com outro grande movimento da empresa: o início do processo de exportação do chocolate Reinholz. Para ela, essa nova fase abriu portas para novos mercados.
De Colatina para o mundo
Para Fabiani, levar o nome de Colatina e do Espírito Santo a espaços tão importantes é mais que uma honra, é um reconhecimento do esforço de toda a família e da comunidade rural ao redor. Para ela, sua trajetória é a prova de que a agricultura familiar consegue gerar impacto, renda, visibilidade e transformação. A mudança da produção, que antes era focada no café, para o cacau não só redefiniu o futuro da propriedade, como também trouxe novos aprendizados, capacitações, desafios e conquistas.
Ser mulher, produtora rural e empresária em um ambiente majoritariamente masculino também a posiciona como inspiração para outras mulheres que trabalham na terra e lutam por mais espaço e oportunidades.
Fabiani Reinholz
Produtora rural
Empreender como mulher é abrir mão, muitas vezes, de estar com nossos filhos, de estar com o esposo, de estar em momentos específicos da família, mas que, de certa forma, a gente vai balanceando e conseguindo conciliar tudo com muito esforço, dedicação e ter esse reconhecimento na nossa área de trabalho, assim, é sem dúvida muito gratificante
Futuro ainda mais promissor
Guiada pelo propósito de produzir produtos que carregam identidade e história, Fabiani segue inspirando mulheres, produtores e famílias rurais, provando que tradição e inovação podem caminhar juntas.
A trajetória da produtora é, acima de tudo, uma história de transformação, da família, da comunidade e da maneira como o Espírito Santo é visto no cenário do cacau. Ela mostra que, com conhecimento, determinação e sustentabilidade, até uma pequena propriedade rural pode alcançar o mundo. E, se depender dela, essa jornada está apenas começando.
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